Pará quer reduzir 75% dos casos de malária até o ano de 2023




A meta do Pará é reduzir o número de casos de malária em 75% até 2023. Foi o que informou o coordenador do Programa Estadual de Controle de Malária (PECM), Cláudio Cardoso, durante a 10ª Avaliação do Programa de Controle da Malária no Estado do Pará. Segundo ele, para que o objetivo seja atingido, é fundamental garantir tratamento oportuno em 70% das ocorrências até 48 horas a partir do início dos sintomas, para os casos autóctones, e, em até 96 horas, para os episódios importados, conforme estabelece a portaria 1.520 do Ministério da Saúde, de maio de 2018.

A reunião está sendo realizada no Hotel Beira Rio, com a participação de gestores e profissionais da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), das Secretarias Municipais de Saúde e do Ministério da Saúde. O objetivo é avaliar e medir as ações realizadas pelas cidades prioritárias, e pactuar algumas ações conjuntas para aquelas que têm dificuldades em realizá-las, além de mostrar experiências exitosas.

O diretor de Vigilância em Saúde da Sespa, Amiraldo Pinheiro, definiu a reunião de avaliação. "É nesse momento que se conhece o perfil epidemiológico, estrutural e como as ações estão sendo desenvolvidas, para que a gente possa buscar melhor desempenho e, consequentemente, a melhoria dos indicadores".

Cláudio informou que, de janeiro a julho de 2019, o Pará registrou 17.182 casos da doença, representando uma redução de 37% em relação ao mesmo período de 2018, sendo que a maioria das ocorrências foi registrada nas regiões do Baixo Tocantins, Marajó II e Tapajós.

Ele disse também que as ações em parceria com os municípios vão continuar, para que a redução de casos avance nos próximos quatro anos e a meta proposta seja atingida. "Até o momento, temos 17.182 casos de malária confirmados em 2019, com quatro óbitos, por isso, a vigilância tem que ser constante", disse o coordenador estadual.

O diretor de Controle de Endemias da Sespa, Jorge Andrade, informou que o órgão trabalha junto aos municípios com apoio à estruturação dos serviços locais de saúde, diagnóstico e tratamento oportuno e imediato, com testes rápidos de malária; doação de microscópios, veículos e embarcações; instalação de unidades de diagnóstico; fortalecimento da vigilância com ações de força-tarefa, supervisões assessoradas e controle de qualidade; capacitação de recursos humanos; educação em saúde, comunicação e mobilização social; controle seletivo de vetores e trabalhos de pesquisa em parceria com o Laboratório Central do Estado e Instituto Evandro Chagas (IEC).

Jorge sugeriu aos gestores que envolvam o agente comunitário de saúde nas ações de controle da malária. "É um profissional que pode ajudar muito na identificação de casos da doença na comunidade, propiciando o diagnóstico e tratamento oportuno e imediato, já que mais de 90% das notificações não têm sido feitas por ACSs", disse o diretor da Sespa.

Diagnóstico Precoce - O coordenador nacional do Programa de Controle da Malária do Ministério da Saúde, Cássio Peterka, aplaudiu o Estado por adotar a ideia do "Pará sem Malária" e disse que o diagnóstico precoce da doença é a principal maneira de controle e eliminação até 2030. Ele afirmou que esse foi o compromisso internacional assumido pelo Brasil em 2015, que tem como meta a redução da mortalidade e da incidência de malária em 90%, e a eliminação da doença em 35 países.

Peterka também destacou a importância da vigilância epidemiológica constante após o controle da doença em cada localidade, sendo fundamental uma investigação precisa para saber onde a pessoa se infectou. "Acabar com o vetor não é a solução, a forma mais eficaz é tratar as pessoas, porque é nelas que está a maior quantidade de plasmódio e não no mosquito", disse. "Assim, a gente evita que o doente infecte mais mosquitos transmissores da malária", explicou o coordenador nacional.

Ele lembrou que os objetivos do PNCM são reduzir a mortalidade por malária e a gravidade dos casos, e que, por isso, tem como diretrizes o diagnóstico e tratamento, controle integrado e seletivo de vetores, promoção da educação em saúde e prevenção, detecção e contenção de surtos. "Ninguém deve morrer de malária, tem que identificar onde estão ocorrendo os episódios. Os próximos quatro anos são fundamentais para a retomada da redução de casos", afirmou Peterka.

O coordenador nacional disse, ainda, que as ações de controle precisam ser trabalhadas de forma intersetorial, envolvendo outras áreas da gestão, porque é uma doença que tem fatores socioeconômicos.

O secretário municipal de Saúde de Breves e representante do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Amaury de Jesus Soares da Cunha, solicitou ao Ministério da Saúde que conheça mais a fundo as condições em que os municípios que têm malária se encontram, para que as ações de controle sejam mais efetivas.

O representante do Distrito Sanitário Indígena Guamá-Tocantins, José Nemézio Félix, disse que só está sendo possível combater a malária nas áreas indígenas graças às parcerias com a Sespa, por meio dos Centros Regionais de Saúde.