Sentença da Justiça Federal garante condições para MPF apurar denúncias de tortura em presídios no Pará

arte: ascom MPF/PA






A Justiça Federal acatou pedidos do Ministério Público Federal (MPF) para que sejam criadas condições que permitam a apuração de denúncias de tortura em unidades prisionais da região metropolitana de Belém (PA) controladas pela força de cooperação penitenciária entre a União e o Estado do Pará.

Em sentença publicada nesta terça-feira (10), o juiz federal Jorge Ferraz de Oliveira Júnior garantiu que o MPF pode requisitar aleatoriamente a presença de presos para que sejam periciados por médicos do Centro de Perícias Científicas (CPC) Renato Chaves ou outra instituição, para verificar eventuais evidências de crimes de tortura.

Segundo a decisão judicial, o MPF e o Estado do Pará vão estabelecer conjuntamente os parâmetros da perícia, como local de realização, quantidade de presos a serem periciados, quantidade de dias a serem destinados para esses trabalhos, e os quesitos a serem observados, conforme as diretrizes do Protocolo de Istambul.

Produzido no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e ratificado pelo Brasil, o Protocolo de Istambul é um manual para a investigação e documentação eficaz da tortura e outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Visitas e fiscalizações – A sentença determinou também a retomada do direito de entrevista pessoal e reservada aos advogados e defensores com seus clientes, independentemente de agendamento, e garante a retomada das fiscalizações do Conselho Penitenciário do Estado do Pará (Copen).

As permissões voltam a valer nesta quarta-feira (11) no complexo penitenciário de Americano, no município de Santa Izabel (PA), e a partir da próxima segunda-feira (16) no Centro de Reeducação Feminino (CRF) e no Central de Triagem Metropolitana II (CTMII), ambos em Ananindeua.

A permissão das visitas de advogados e defensores e de fiscalizações do Copen só voltam a valer na segunda-feira no CRF e no CTMII porque ainda não foram concluídos os trabalhos de separação das presas, e de retirada de celulares e de eventuais outros instrumentos que possam ser utilizados para a prática de crimes.

Também ficou garantida a fiscalização programada do Copen, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), MPF, Defensoria Pública do Estado (DPE) e Defensoria Pública da União (DPU) no CRF e no CTMII, a ser realizada esta semana, com pelo menos nove pessoas em cada visita. A volta das visitas dos familiares dos presos ficou estabelecida para a partir do próximo dia 21.