Em 29 de agosto comemora-se, no Brasil,
o Dia Nacional de Combate ao Fumo, uma data instituída em 1986, pela lei nº
7488, com o objetivo de conscientizar a população sobre os riscos decorrentes
do uso do cigarro. De acordo com a OMS, 7 milhões de pessoas morrem anualmente
por causa do tabagismo.
Uma das doenças mais graves provocadas
pelo cigarro é o câncer. Não só o de pulmão. Já está comprovado que pelo menos
17 tipos de câncer estão diretamente associados ao tabaco. O câncer é a segunda
causa de morte por doença, no Brasil, e pode acometer qualquer pessoa,
independentemente de gênero, etnia ou idade.
“Somente o abandono do hábito de fumar
aumenta a proteção contra o câncer em cerca de 50%”, destaca a oncologista
Paula Sampaio. “Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 30% dos
cânceres podem ser evitados se adotarmos hábitos saudáveis. Não fumar é a
principal recomendação. Evitar a obesidade, o sedentarismo e o álcool, além de
ter uma boa alimentação são atitudes fundamentais para viver mais e com
qualidade”, explica a médica do Centro de Tratamento Oncológico.
Estudos do Instituto Nacional de Câncer
(Inca) mostram que mais de 150 mil mortes poderiam ser evitadas por ano no
Brasil, caso o uso do tabaco fosse eliminado. Segundo o INCA, até o final de
2019 serão registrados 31.270 novos casos de câncer de traqueia, brônquio e
pulmão, em decorrência do tabagismo.
De acordo com estatísticas do Inca, 90%
dos casos de câncer de pulmão têm origem no tabagismo. É um dos tipos mais
agressivos e com maior letalidade: somente 14% dos homens e 18% das mulheres
vivem por mais de cinco anos após o início do tratamento, segundo dados
recentes da Fundação do Câncer. Quanto mais tempo se é fumante e mais cigarros
se consome, maiores são os riscos.
Risco passivo - Quem convive com
fumantes também fica exposto aos componentes tóxicos gerados pela queima do
tabaco. Essa exposição pode acarretar problemas de saúde em adultos que não
fumam, mas foram expostos por longos períodos. Crianças e bebês são ainda mais
vulneráveis ao tabagismo passivo, com risco aumentado de desenvolver doenças
respiratórias.
Os fumantes passivos têm grandes riscos
de desenvolver câncer. “Para aqueles que são tabagistas ativos, que ainda não
conseguiram parar de fumar, mas estão preocupados com sua saúde e a de sua
família, é importante saber que, quando fumam, outros também fumarão, mesmo não
querendo. Isso significa que todos que estão expostos à fumaça do cigarro se
transformam em tabagistas passivos, respiram as mesmas substâncias tóxicas dos
derivados do tabaco, que se espalham no ambiente”, lembra a oncologista.
A Organização Mundial da Saúde estima que
900 mil pessoas morrem por ano, vítimas de fumo passivo. Ou seja, quase 13% das
vítimas do tabaco não colocam um cigarro na boca. O Brasil tem hoje cerca de 21
milhões de fumantes, segundo dados do Ministério de Saúde.
Com a pandemia, surgiu outra preocupação:
o tabagismo também é fator de risco para a COVID-19, porque deixa o fumante
mais vulnerável para desenvolver os sintomas mais graves à infecção causada
pelo novo coronavírus. Entre os pacientes chineses diagnosticados com pneumonia
associada ao coronavírus (Covid–19), as chances de progressão da doença
(inclusive até a morte) foram 14 vezes maiores entre as pessoas com histórico
de tabagismo, em comparação com as que não fumavam. Esse foi o fator de risco
mais forte entre os examinados.
A armadilha do cigarro - A nicotina é
uma droga potente, que causa dependência rapidamente e abandonar o vício é
muito difícil. O cigarro cria um ciclo de dependência química que funciona como
uma gangorra; uma perigosa alternância entre recompensa e abstinência. O
fumante sente os efeitos da nicotina no cérebro quase de imediato. A cada
tragada, a nicotina é absorvida pelos pulmões, chegando ao cérebro em cerca de
9 segundos, ativando a dopamina (responsável pela sensação de prazer). O fumo
causa no Sistema Nervoso Central, num primeiro momento, a elevação leve do
humor e diminuição do apetite. Mas esse efeito tem curta duração – em apenas
uma hora o organismo já entra em um processo de abstinência, gerando a
necessidade de fumar novamente. A sensação inicial de prazer vira dependência.

