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Personagem: Ana Cristina bandeira |
A pandemia causada pelo novo coronavírus
tem destaque na programação do Outubro Rosa 2020. No mês dedicado à
conscientização e à prevenção do câncer de mama a Covid-19 é abordagem
obrigatória. O medo da contaminação atrasou tratamentos e prejudicou também o
diagnóstico precoce.
O tema escolhido pelo Inca este ano é “O
câncer de mama e o coronavírus”. A Sociedade Brasileira de Mastologia destaca
que o cuidado com a saúde feminina deve ser olhado com atenção, principalmente
neste momento em que o rastreamento e o tratamento ainda estão sendo retomados,
por conta da pandemia.
A SBM reforça as ações preventivas, com
o lançamento do movimento “Quanto antes melhor”. A ideia é chamar a atenção das
mulheres para a adoção de um estilo de vida saudável, com a prática de
atividades físicas e boa alimentação para evitar várias doenças. Entre elas, o
câncer de mama.
O Outubro Rosa reforça três pilares
estratégicos no controle da doença: prevenção primária (como reduzir o risco de
câncer de mama), diagnóstico precoce (divulgar sinais e sintomas da doença e
incentivar a mulher a observar o próprio corpo) e mamografia (informar que para
mulheres a partir de 40 anos é recomendada a realização de uma mamografia de
rastreamento anual).
Segundo o mastologista Fábio Botelho,
diretor clínico do Centro de Tratamento Oncológico e vice presidente da
Sociedade Brasileira de Mastologia- Regional Pará, a preocupação é com a
interrupção do rastreamento e exames de rotina, que são imprescindíveis para a
realização do diagnóstico precoce. “Deixar de fazer o rastreamento e não
identificar um tumor inicial, com alta chance de cura, pode resultar em um
diagnóstico tardio, com o tumor avançado e menor chance de tratamento efetivo”,
explica o médico.
A SBM recomenda que nas regiões onde o
pico da doença diminuiu, os casos estão estabilizados e existe flexibilização
das medidas restritivas, as mulheres retomem seus exames de rotina, seguindo
medidas de segurança. Já nas regiões com alta incidência da pandemia, o mais
correto é que as mulheres não consideradas urgentes, assintomáticas ou que
fazem controle por alterações benignas aguardem o momento de pico passar.
No entanto, no caso da mulher suspeitar
de um nódulo palpável ela não deve postergar, deve buscar atendimento
imediatamente para fazer o diagnóstico. “A pandemia gera uma sensação de
insegurança e muitas mulheres deixaram de ir ao consultório e fazer seus exames
de rotina por não se sentirem seguras. Isso é natural, mas é preciso retomar o
rastreamento o quanto antes para evitar casos avançados no futuro”, conclui o
mastologista.
Estimativa - O Câncer de mama é o tipo
mais comum entre as mulheres, no mundo todo, depois do câncer de pele não
melanoma. Representa cerca de 25% de todos os casos novos de câncer. São 1,38
milhões de novos casos e 458 mil mortes pela doença por ano, de acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS).
Dados do INCA (Instituto Nacional do
Câncer) mostram que, em 2020, 66.280 mulheres devem desenvolver câncer de mama
no Brasil. A Região Norte deve registrar 1.970 casos novos até o final de 2020,
sendo 780 novos casos no Pará e 320 em Belém.
Falta de informação - Pesquisa feita
pela SBM em 2019 mostra que para mais da
metade das mulheres entrevistadas (59,3%) o autoexame é a melhor forma de
identificar um tumor.
“Este é um motivo de preocupação.
Esperar que um tumor seja palpável significa dar à doença um longo tempo de
desenvolvimento, que poderia ser encurtado com a obtenção do diagnóstico de uma
lesão não palpável, que só um exame como a mamografia pode assegurar”,
esclarece o médico.
Apenas 46,2% das mulheres entrevistadas
realizaram a mamografia uma vez ao ano. 27% nunca realizaram.
É necessário ressaltar que hoje os
tumores avançados ainda representam cerca de 70% dos casos diagnosticados no
Brasil, aumentando a possibilidade de metástase, mutilação (mastectomia), entre
outras complicações.
53,5% dos diagnósticos são em estágio 2
e 23,2% em estágio 3, de acordo com os dados do Estudo Amazona, assinado por
pesquisadores de 19 instituições e que leva em conta dados de pacientes
atendidos pelas redes pública e particular.
Em países como Estados Unidos, por
exemplo, 62% dos casos são detectados em estágio inicial, quando os tumores
ainda são localizados.
Como em quase todo o mundo, a incidência
brasileira do câncer de mama vem aumentando ano a ano a uma taxa de cerca de
2%. As causas dessa tendência de aumento são multifatoriais. Cada fator
influencia o risco parcialmente, o que contribui para um aumento agregado no
número de novos casos.
Prevenção
Medidas de Prevenção primária – aquela
que pode ajudar a evitar a doença.
- Praticar atividade física;
- Alimentar-se de forma saudável;
- Manter o peso corporal adequado;
- Evitar o consumo de bebidas
alcoólicas;
- Amamentar
- Evitar uso de hormônios sintéticos,
como anticoncepcionais e terapias de reposição hormonal.
Prevenção secundária – O rastreamento é
uma estratégia de prevenção secundária do câncer de mama. Como nem sempre é
possível evitar a doença com medidas de prevenção primária, utiliza-se a
mamografia e a consulta com o especialista como forma de detecção precoce.
A professora Ana Cristina Bandeira, 50
anos, percebeu alterações na mama direita em 2016. Na época, fez exames mas não
conseguiu um diagnóstico. Por isso, deixou passar o tempo. Apenas em janeiro de
2020, quando o inchaço na mama aumentou, voltou a procurar os médicos. Com
novos exames, confirmou o câncer de mama.
A cirurgia para a retirada da mama
direita foi em 14 de março. Logo em seguida, começou a pandemia do coronavírus,
com isolamento social. Por isso, a quimioterapia só foi iniciada em maio, por
prevenção.
Mas Ana Cristina não deixou o medo
atrapalhar o tratamento. Ela só saia de casa para a clínica, onde já fez 6
sessões de quimioterapia. Ainda faltam 8 sessões. “Na 1ª sessão, fiquei
ansiosa, mas sabia que não poderia esperar mais. Precisava enfrentar o medo
para recuperar a saúde”.
Para se manter ativa, todas as
atividades eram feitas pela internet. Durante o tratamento, ela conseguiu
trabalhar e ainda concluir o curso de direito e se formar. “Isso me ajudou
bastante a passar por essa fase difícil. Mas está tudo dando certo e vai
continuar”, avalia.