Arte: Secom/PGR |
A Norte Energia, concessionária da usina hidrelétrica de Belo Monte, foi denunciada criminalmente à Justiça Federal por provocar poluição e por matar espécimes da fauna silvestre sem autorização. A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) se baseia em autos de infração e relatórios técnicos emitidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e pede que a empresa seja condenada a pagar R$ 69 milhões pelos danos.
Para o MPF, a Norte Energia agiu com
dolo (intenção), ao provocar a mortandade de quase 30 toneladas de peixes entre
2015 e 2019, sem tomar as medidas exigidas pelo Ibama para mitigar, ou seja,
atenuar, os graves danos à ictiofauna do Xingu. Os peixes foram destroçados ao
se aproximar das turbinas da usina de Belo Monte, um impacto que era previsto
nos estudos ambientais.
De acordo com a licença de operação da
hidrelétrica, era obrigação da concessionária evitar a mortandade de peixes
mas, desde que a empresa obteve a licença, em novembro de 2015, descumpriu
sistematicamente as exigências técnicas do Ibama, causando a morte de milhares
de espécimes todos os anos justamente na época da piracema, quando ocorre a
reprodução da ictiofauna do Xingu.
De acordo com o mesmo documento em
questão, as grades anticardumes só estavam disponíveis para operação em
novembro de 2019, muito tempo após a ocorrência dos eventos danosos à
ictiofauna do Rio Xingu. “Repise-se que todos os relatórios de fiscalização do
Ibama relativos aos fatos ocorridos no ano de 2018 e 2019 são claros ao apontar
que a conduta da denunciada se deu com abuso do direito de licença ambiental,
no interesse de pessoa jurídica mantida parcialmente por verbas públicas ou
beneficiada por incentivos fiscais, em período de defeso à fauna e em
colaboração com a fiscalização”, diz o MPF.
Processo no. 1002309-05.2021.4.01.3903