De 18 de novembro a 2 de
dezembro, dois projetos que fazem parte da Mostra Seiva, contemplados no Prêmio
de Experimentação, Pesquisa e Difusão Artística da Fundação Cultural do Pará
(FCP) em 2016, estarão expostos na Galeria Ruy Meira, da Casa das Artes. As
exposições “Entre idas e vindas...”, da designer Ninon Jardim, e “Minha
Palestina (Habitante Subterrâneo)”, do fotógrafo Marcelo Lelis, abrem nesta
sexta-feira (18), às 19h.
De autoria da artista Ninon
Jardim, a exposição “Entre idas e vindas...” consiste na execução de três
linhas de produtos criados a partir de uma técnica artesanal tradicional do
município de São Sebastião da Boa Vista, na Ilha do Marajó, que utiliza como
matéria-prima o jupatí, uma palmeira de pouca altura com folhas compridas.
Desta mesma planta faz-se o matapí, utensílio bastante conhecido, usado pelos
ribeirinhos na pesca artesanal do camarão, e o parí, espécie de esteira que
serve para a captura de peixes em igarapés durante a maré cheia.
“O nome ‘Idas e Vindas’ remete
não só ao movimento dos rios que regem a vida do lugar como também às relações
interpessoais que fizeram com que a comunidade surgisse e se desenvolvesse. São
encontros, caminhos, lembranças e vivências, envolvendo a participação dos
artesãos em todo o processo, desde a criação dos produtos à execução, buscando
aproveitar ao máximo a matéria-prima e desafiando-os a trabalhar o material de
forma nunca antes feita”, conta a designer Ninon Jardim, que define o trabalho
como uma ressignificação do cenário marajoara pelos modos de ser e de viver,
através do design em mobiliários que carregam consigo as memórias e a
cotidianidade dos moradores às margens do rio Pirarara.
Ninon Jardim é designer e autora
de pesquisas voltadas para os campos do design social, design para
sustentabilidade e para móveis e artesanatos, e também é professora do curso de
Design da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Segundo ela, a pesquisa
desenvolvida na exposição “Entre idas e vindas...” foi fundamental para
consolidar experimentações que vinha fazendo, na relação entre design e
artesanato, desde 2004, principalmente no que se refere à metodologia de
co-criação. “A exposição é a oportunidade de mostrar um pouco desse processo e
como ele vem sendo construído, abrindo caminho para outras possibilidades”,
explica.
Sobre o prêmio de Experimentação,
Pesquisa e Difusão Artística da Fundação Cultural do Pará, a pesquisadora diz
que o edital foi muito importante para ela, pois possibilitou viabilizar um
projeto que já vinha sendo pensado há muito tempo e ajudou a sistematizar uma
metodologia de criação coletiva junto a comunidades que trabalham com o
artesanato.
Outra exposição que abre também
no mesmo dia na Galeria Ruy Meira, do fotojornalista Marcelo Lelis, intitulada
“Minha Palestina (Habitante Subterrâneo)”, traz um acervo de 129 fotografias
que registram reflexos de poças d’água em vários bairros periféricos de Belém.
O projeto surgiu a partir de fotos realizadas no celular que eram postadas no
aplicativo Instagram.
Segundo o fotógrafo, a concepção
do projeto se baseia principalmente no fato dessa mudança de plataforma
(celular) lhe causar um maior desprendimento na hora dos registros “Eu
fotografo muito em feiras, na periferia de Belém, e quando a gente usa um
equipamento profissional acaba chamando muita atenção. Às vezes até afastava as
pessoas que eu queria registrar nesses reflexos. Então o celular proporcionou
uma camuflagem melhor, pois muita gente nem sabia que estava sendo
fotografada”, explica Lelis.
Sobre o nome de sua exposição -
“Minha Palestina (Habitante Subterrâneo)” - o fotojornalista explica que é uma
comparação proposital com a região do Oriente Médio, para estabelecer uma
associação com a violência nos bairros periféricos de Belém e com a “relação
estabelecida na luta entre fracos e fortes”. O artista já teve trabalhos
expostos no Arte Pará e recentemente expôs o trabalho “Marginal (do rio pra
cá)”, no Centro Cultural Sesc Boulevard.
As exposições abrem no dia 18 de
novembro, às 19h, na Galeria Ruy Meira da Casa das Artes, e seguem abertas para
visitação até o dia 2 de dezembro, das 9 às 18h, com entrada franca.
Serviço: Resultados da Mostra
SEIVA na Casa das Artes: Exposições “Entre idas e vindas...”, de Ninon Jardim,
e “Minha Palestina (Habitante Subterrâneo), de Marcelo Lelis. De 18 de novembro
a 2 de dezembro na Galeria Ruy Meira. Abertura no dia 18 de novembro, às 19h.
Visitação das 9h às 18h. Praça Justo Chermont, ao lado da Basílica Santuário de
Nazaré. Entrada franca.
(Colaboração: Yves Gabriel)