O pintor Carlos Eduardo Assunção,
33 anos, teve tuberculose por duas vezes. Na primeira, adiou a visita ao médico
por seis meses, o que agravou o quadro clínico. “Lembro que tive febre na
véspera do meu primeiro dia de trabalho com carteira assinada. Com medo de
perder a oportunidade, fui trabalhar durante seis meses tendo febre todos os
dias. Até que teve um dia que procurei ajuda na unidade de saúde do Guamá.
Iniciei o tratamento, cheguei a ficar dois meses internado e com muita força de
vontade consegui ficar curado”, recordou.
Depois de três anos, alguns
sintomas retornaram e o pintor procurou novamente tratamento. “Estou há dois
anos e quatro meses em tratamento. Perdi quase uns 50 quilos. Teve dias que eu
não conseguia dar nem dois passos que me cansava. Apenas pensando nas minhas
duas filhas, tive força para não desistir da vida”, contou.
Para alertar sobre histórias como
a de Carlos e orientar a população sobre como se prevenir, é celebrado o Dia
Nacional do Combate à Tuberculose no dia 17 de novembro. A tuberculose tem cura
e o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento de graça. A duração
é de seis meses e deve ser feito sem interrupção. Em Belém, o Programa de
Controle da Tuberculose (ações preventivas, diagnóstico e tratamento da doença)
está implantado em 25 Unidades Municipais de Saúde, e em 52 Estratégias Saúde
da Família e no Casa Dia.
De acordo com o Ministério da
Saúde, nos últimos 10 anos, a incidência de casos de tuberculose no Brasil
reduziu 20,2%, passando de 38,7 casos/100 mil habitantes em 2006 para 30,9
casos/100 mil habitantes em 2015. “A taxa de incidência tem decrescido
gradualmente ao longo dos anos, de forma que no ano de 2015 foram notificados
1.366 casos novos da doença em Belém. O diagnóstico precoce e início do
tratamento em tempo oportuno são elementos primordiais para que se realize o
controle da doença”, enfatiza Emanuele Chaves, coordenadora da Referência
Técnica em Tuberculose e Hanseníase da Secretaria Municipal de Saúde.
Atualmente 873 pacientes estão em
tratamento para tuberculose em Belém. “Todo usuário que está tratando deve
realizar o teste para o HIV, tendo em vista que a tuberculose é a primeira
causa de morte nestes pacientes”, completou Emanuele.
Os principais sinais e sintomas
da doença são: tosse por três semanas ou mais, perda de peso, febre e suor
noturno. Então, qualquer paciente que apresentar esses sintomas deve dirigir-se
às unidades de saúde para exames.
O vendedor de flores Antônio da
Silva, 65 anos, conta com satisfação que finalizou o tratamento há duas
semanas. “Ia todos os dias tomar meu medicamento e obedeci todas as orientações
para logo ficar curado”, conta orgulhoso.
Cerca de 9,95% dos pacientes
abandonam o tratamento, o que gera quadros de adoecimento recorrente e aumento
de risco para resistência medicamentosa. “É um desafio que a gente enfrenta
todo dia, fazer com que eles entendam que a cura só vem após o sexto mês de
tratamento. Devido nos primeiros meses já sentirem algumas melhoras, acabam
abandonando”, relatou o enfermeiro responsável pelo programa na UMS Guamá,
Cristian Ferreira.
A Sesma, em parceria com a
Fundação Papa João XXII (Funpapa), também atua para o controle da tuberculose
fora dos estabelecimentos de saúde, direcionados principalmente para a população
em situação de rua, por meio do Consultório na Rua e da Rede Integrada entre
Assistência Social e Assistência a Saúde para o Controle da Tuberculose.