Universitários de Belém desenvolvem trabalhos sociais na América Latina

Os trabalhos sociais cada vez mais despertam a atenção dos jovens. A prática ganha mais espaço entre os universitários, que, em contato com novos conhecimentos, procuram fazer jus ao velho ideal de “construir um mundo melhor”. A AIESEC, entidade sem fins lucrativos, formada por estudantes, vem fazendo a ponte entre organizações não governamentais que precisam de ajuda e universitários que querem ajudar. Algumas dessas experiências foram narradas pelos próprios participantes no encontro “Açaí com Intercâmbio”, realizado no espaço de convivência do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT), da Universidade do Estado do Pará. Com souvenires, fotos e lembranças da viagem, os estudantes compartilharam as experiências e a verdadeira natureza desse tipo de viagem.

Victor Catete, 20 anos, estudante de Engenharia Ambiental da Uepa, sempre se interessou por ações de desenvolvimento social e sustentabilidade. Quando soube da oportunidade de colocar os conhecimentos em prática em uma pequena comunidade carente na Colômbia, não pensou duas vezes. Dedicou todo o seu período de férias ao projeto, que acabou lhe ocupando por sete semanas. “A comunidade me conquistou; passaria ainda mais tempo se pudesse. As pessoas foram muito acolhedoras. Ver as pequenas melhoras que pudemos promover na rotina deles foi uma das experiências mais recompensadoras da minha vida”, descreveu o universitário.

Junto com outros estudantes de diversas nacionalidades, Victor auxiliou a comunidade na construção de uma nova ponte de acesso à escola – a ponte anterior ficava submersa com as cheias do rio -, de uma biblioteca e de um parque infantil. Todos os projetos utilizaram material reciclado, como restos de construção, pallets e pneus. Os estagiários chegaram a realizar no comércio local uma campanha de doação de livros para a recém-construída biblioteca.

Além de aplicar conhecimentos adquiridos durante seu curso, como  a educação ambiental para as crianças ou a metodologia para execução de projetos, o estudante acredita que encontrou sua vocação no empoderamento comunitário, e já planeja um novo estágio. “Pretendo ir para a Costa Rica, que tem um trabalho forte relacionado à sustentabilidade”, disse.

Planejamento - Diferente de Victor Catete, a estudante do oitavo semestre de Engenharia de Produção da Uepa, Gabriela Martins, 20 anos, escolheu participar de um projeto que não estava exatamente voltado para a escolha da carreira. Ela passou seis semanas trabalhando com um equatoriano e uma alemã em um plano de marketing para uma ONG em Córdoba, na Argentina. A entidade funciona como uma creche para 80 crianças de uma área carente da cidade. “A nossa meta principal era atender a maior vontade da senhora que comanda a creche: substituir o piso, que estava bem danificado”, contou Gabriela.

O hotel onde ela ficou hospedada estava lotado de estudantes de vários países, que também dedicavam seu tempo a projetos sem fins lucrativos. O contato com as mais diversas culturas foi um dos aspectos mais marcantes do trabalho. “Fiz amizade com um chileno, que atuava em uma fábrica de chocolates. Através dele, conseguimos uma grande doação de bombons, que transformamos em uma ação de venda para angariar fundos”, disse Gabriela.

Com essas e outras ações, o grupo conseguiu levantar o valor necessário para a reforma. “A experiência foi incrível. Além de conquistar a fluência em Espanhol, aprendi a ser mais independente. Percebi que na minha vida não quero acumular bens materiais; quero viver outras situações como esta”, afirmou.

Vítimas de violência - Já formada em Direito pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Laura Figueiredo, 25 anos, também fez questão de compartilhar com os estudantes que participaram do encontro a experiência adquirida no estágio de oito semanas em Lima, no Peru. “Trabalhei com empoderamento feminino de jovens de um abrigo para meninas vítimas de violência. Apesar de aquele espaço funcionar para fortalecê-las, a abordagem deles era muito machista, pensada para transformá-las em boas donas de casa”, informou.

As situações vividas no abrigo mudaram a perspectiva da jovem advogada, que pretende trabalhar com Direito Criminal, segmento ainda muito dominado por homens. “O que aprendi lá levarei para todos os aspectos da minha vida, seja em um escritório de advocacia ou em uma reunião de condomínio”, completou.

Critérios - Com atuação em 176 países e comandada por universitários, a AIESEC já chegou a Belém e possui uma sede dentro da Uepa. “O interesse por esse tipo de intercâmbio vem aumentando bastante. Normalmente, os estudantes querem participar dos projetos em países da América Latina, seja pelos custos reduzidos, seja pela vontade de ajudar os países vizinhos em seu desenvolvimento”, ressaltou a representante da entidade no encontro, Jhenifer Correa, 20 anos.

Para fazer um intercâmbio por intermédio da AIESEC, o estudante precisa ter entre 18 e 30 anos, e procurar a sede da entidade para verificar quais projetos estão recebendo intercambistas. Após selecionar o projeto, o interessado entrega sua documentação e, em alguns casos, o currículo. “Existem ONGs que pedem para analisar o currículo, pois querem candidatos com conhecimentos específicos”, explicou Jhenifer Correa.

Caso seja inicialmente aprovado, o candidato segue para uma entrevista com membros da AIESEC. Sendo aceito para a vaga, ele pagará uma taxa fixa de R$ 1.500,00 – R$ 1.300,00 para estudantes da Uepa –, que cobre todo o trâmite burocrático e a estadia no país escolhido, na casa de uma família voluntária, com direito a refeições. A duração do intecâmbio varia de seis a oito semanas.


Serviço: AIESEC Belém - Rua do Una, 156, Bairro do Telégrafo. Prédio da Reitoria, Setor AIESEC. Contato: (91) 98994-0766.