Para que mantenha o status de livre de febre aftosa, o Pará precisa que pelo menos 90% do rebanho seja vacinado a cada ano, segundo a Adepará - Foto Agência Pará |
O rebanho bovino paraense
continua livre da febre aftosa. Essa é a conclusão do estudo de avaliação da
circulação do vírus no Estado, conduzido pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), em parceria com a Agência de Defesa Agropecuária
do Pará (Adepará) e divulgado agora, no início de fevereiro.
O relatório é referente ao ano de
2015, período em que foi coletado o material para análise. O estudo é feito
pelo ministério e agências de defesa estaduais a cada dois anos e tem como objetivo
verificar se o vírus da febre aftosa está presente nos Estados e se está sendo
transmitido de um animal para outro, ajudando a comprovar, assim, a ausência da
doença junto aos órgãos de saúde internacionais.
Para o diretor geral da Adepará,
Luciano Guedes, essa é uma importante conquista de todo o setor agropecuário,
pois confirma a sanidade da pecuária paraense, abrindo assim novos mercados
para a produção local. “É resultado de um grandioso trabalho conjunto, fruto do
esforço de produtores, de órgãos do governo e da sociedade civil. Ele mostra
que as ações desenvolvidas em defesa da agropecuária paraense estão no caminho
certo e comprova para o mundo todo que a pecuária do Pará é forte, é segura e
saudável”, afirma.
O estudo foi feito entre maio de
2014 e outubro de 2015. Nesse período, e com base no banco de dados fornecido
pela Adepará, o Mapa selecionou propriedades rurais em todo o Estado, seguindo
metodologia que relacionava a concentração de animais e a movimentação deles
tanto internamente quanto para outros Estados, e determinou a quantidade de
amostras e de quais regiões elas deveriam ser colhidas para análise. Além das
análises laboratoriais, também foram feitas visitas técnicas às propriedades
selecionadas, para verificação do estado de saúde dos animais.
“Durante o período em que os
laboratórios estavam analisando as amostras de sangue que enviamos, nossos
técnicos visitaram as propriedades para análise clínica dos animais
selecionados, para ver se apresentavam algum dos sintomas da febre aftosa.
Todos os casos foram descartados, inclusive nos animais reagentes, quando
depois foi observada a diminuição dos níveis de anticorpos e ausência de sinais
clínicos da doença, caracterizando imunidade vacinal. Sem dúvida, o resultado
obtido garante que, no Pará, não há transmissão do vírus da febre aftosa entre
os animais”, explica o gerente do Programa Estadual de Combate à Febre Aftosa,
George Santos.
Mercados – O Pará foi incluído,
em 2014, no rol dos Estados brasileiros livres da febre aftosa. Para que
mantenha esse status, precisa que pelo menos 90% do rebanho sejam vacinados a
cada ano, durante as duas etapas das campanhas da vacinação. Em 2016, o Estado
alcançou índice vacinal de mais de 98%, o maior desde a conquista do status
sanitário.
Essa certificação é importante,
principalmente, porque a população paraense consome apenas 30% da produção de
carne bovina do Estado e os outros 70% são destinados à exportação. "A
febre aftosa é uma das barreiras sanitárias mundiais, o que significa que países
que compram carne não vão adquirir produtos de regiões que não estejam livres
da doença. Se isso acontecesse, ficaríamos com excedente de produção que
prejudicaria fortemente os produtores, a economia e a geração de emprego no
Estado. Daí a importância dos certificados sanitários do Pará, como de zona
livre da febre aftosa, que garantem aos nossos produtores a abertura de
mercados em todo o mundo", afirma Luciano Guedes.
A notícia da comprovação da
ausência de circulação do vírus da febre aftosa também foi comemorada pelos
produtores rurais do Estado. Luís Antônio dos Santos é pecuarista de São Félix
do Xingu, município que tem o maior rebanho bovino do Brasil, com mais de dois
milhões de animais. Para ele, o resultado do estudo é a garantia de que a produção
paraense continuará tendo mercado. “Isso nos dá segurança para que possamos
continuar investindo, ampliando nosso negócio, porque sabemos que o produto
paraense não perderá mercado por conta de barreiras sanitárias”, observa.