Audiência pública sobre garantia da vida dos moradores da Volta Grande




O Ministério Público Federal realiza nesta terça-feira, 21, uma audiência pública em Altamira (PA) com o objetivo de discutir um plano de vida para os moradores do trecho de vazão reduzida do rio Xingu. Os moradores sofrem impactos da hidrelétrica de Belo Monte. Eles correm o risco de também serem impactados por um projeto de mineração sem que existam estudos sobre as consequências da soma desses danos e sobre como minimizá-los. O evento será no Centro de Convenções de Altamira, das 9 às 18 horas. Podem assistir à audiência pública quaisquer cidadãos e instituições interessados, e o MPF convocará órgãos federais e estaduais responsáveis pelo monitoramento, fiscalização e autorização de empreendimentos na região da Volta Grande do Xingu.

Em reunião com o MPF, realizada em maio de 2016, órgãos públicos e empresas envolvidos nos dois projetos concordaram que era necessário ampliar o diálogo interinstitucional para a definição de soluções que pudessem garantir as condições de vida na Volta Grande. Essa ampliação do diálogo, no entanto, nunca ocorreu. Haviam concordado com o MPF o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), a empresa responsável pela hidrelétrica de Belo Monte - a Norte Energia -, e a empresa proponente do projeto de mineração, a Belo Sun.

Essas instituições haviam concordado que um diálogo mais intenso era necessário tendo em vista, especialmente, as mudanças ocorridas no Xingu a partir da emissão da licença de operação da hidrelétrica.

Abandono e medo - Com o objetivo de verificar as condições de vida na região após o início da operação de Belo Monte, o MPF visitou a Volta Grande em março de 2016 e constatou que as comunidades locais vivem em situação de abandono. Segundo o MPF, as famílias ribeirinhas estão em um ambiente modificado que retirou delas o acesso aos meios de vida, não têm compreensão sobre as mudanças ocorridas no rio e estão sem perspectiva de que possam permanecer em seus territórios tradicionais.

Em relação aos indígenas moradores das Terras Indígenas da Volta Grande do Xingu, o MPF constatou que essas famílias também desconhecem o que está acontecendo com o rio e que elas estão sendo conduzidas a mudar radicalmente seu modo de vida e vivem o temor de não conseguir permanecer no local.