Manejo de solos e alternativas para enfrentar doenças da soja são apresentadas no Amapá

Equipe da Embrapa e produtores de grãos no cerrado - foto Dulcivania Freitas - Embrapa

Produtores de soja do Amapá, técnicos de extensão rural e pesquisadores participaram de uma reunião técnica sobre alternativas de manejo de solos para enfrentar doenças que afetam o cultivo desta cultura no estado, como Soja Louca II, Ferrugem e Antracnose. O pesquisador engenheiro agrônomo José Salvador Foloni, da Embrapa Soja (Londrina-PR) apresentou as características dos solos de Cerrados da Amazônia e as tecnologias Sistema Plantio Direto (SPD) e Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), recomendadas para prevenção e combate a doenças que afetam a cultura da soja e que contribuem para a manutenção produtiva do solo. O pesquisador Maurício Meyer, fitopatologista também da Embrapa Soja, abordou as características, sintomas e outros aspectos das principais doenças que afetam a cultura da soja.


Produtores no experimento da Embrapa_foto Dulcivania Freitas
O chefe de Transferência de Tecnologias da Embrapa Amapá, Nagib Melém, explicou que a cultura da soja está se consolidando como uma realidade de investimentos na produção agrícola do Amapá, e a Embrapa cumpre seu papel de desenvolver pesquisas e estudos voltados ao fortalecimento da produção agropecuária do estado, desde a produção da agricultura familiar até à escala comercial. Esta reunião remonta a um encontro realizado no final de 2016, em Macapá, entre equipes da Embrapa Amapá, Embrapa Soja e produtores locais, quando foram apontados os problemas fitossanitários e de clima com impacto direto na produtividade local. “Na ocasião, levantamentos problemas sérios como a ocorrência das doenças Soja Louca II e Antracnose, além da questão do manejo de solos. No decorrer do planejamento, conseguimos o apoio da Embrapa Soja que disponibilizou os dois pesquisadores para estarem aqui junto com os produtores, ampliando nosso conhecimento e captando a situação vivida pelos produtores”, acrescentou Nagib Melém. A Soja Louca II causa danos severos e pode inviabilizar a sojicultura, dependendo do nível de ataque. “Nosso desafio é saber como essa doença se comporta e desenvolver mecanismos de resistência e controle, sejam por meio de estudos de melhoramento genético para desenvolver cultivares resistentes, ou outras formas de manejo”, afirmou o pesquisador José Salvador Foloni.  


O presidente da Associação dos Produtores de Soja do Amapá (Aprosoja), Daniel Sebben, presente na reunião, confirmou que a Soja Louca II já chegou a comprometer a produção local em até 50% nas áreas que vem sendo cultivadas há cerca de 8 anos. Trata-se de uma doença cuja identificação da causa vem sendo pesquisada há 10 anos pela Embrapa. No ano passado, foi reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) como uma doença causada pelo nematoide Aphelenchoidessp, direcionando assim as atividades de pesquisa para a definição de métodos de manejo. O pesquisador Maurício Meyer explicou que os principais sintomas da Soja Louca II são plantas com haste verde, retenção foliar e abortamento de vagens antes de finalizar seu ciclo. “As plantas afetadas permanecem com a folha verde no momento de finalizar o ciclo da soja, quando deveriam ficar secas. Isso gera uma perda direta para o produtor, seja na produtividade dos grãos de qualidade ou em quantidade suficiente por planta”, acrescentou o pesquisador fitopatologista.

A produção de soja no Amapá foi elevada a uma escala de 1,6 mil hectares em 2012 a 16 mil hectares em 2014. Projeções para daqui a 20 anos mostram que a área deve atingir o potencial máximo, com 200 mil hectares. Em 2015 o Amapá produziu cerca de 40 mil toneladas de grãos de soja. A entidade dos produtores esperava pelo menos 50 mil toneladas. Para 2017, a estimativa é de atingir até 55 mil toneladas, até porque a área cultivada cresceu em torno de 30%, de 14 mil para 18 mil e 800 hectares.

* Embrapa Amapá