Uma roda de mulheres em volta de
outra mulher, que está grávida, dizendo para ela palavras de incentivo, de
estímulo e de confiança, para que o final da gravidez seja tranquilo. Este é o
"ritual de despedida da barriga", utilizado como parte das atividades
do projeto “TransformaDor: parir com amor, sem violência” e que estará na
exposição de resultados do Projeto, em Belém. Desenvolvido em 2016, na
Faculdade de Educação da Universidade Federal do Pará, a iniciativa visa ajudar
no combate à violência obstétrica em Belém. Nesta terça-feira, 16, o "TransformaDor"
monta exposição de fotos e apresenta o vídeo, no Instituto de Ciências da
Educação da UFPA, com os resultados do projeto, visando ampliar os debates
sobre o tema.
Uma em cada quatro mulheres
brasileiras sofre violência durante a gravidez, no parto, no pós-parto e em
situação de abortamento, revelou pesquisa da Fundação Perseu Abramo, divulgada
em 2010. Com o objetivo de combater esse tipo de violação de direitos contra o
corpo da mulher, nasceu o “TransformaDor: parir com amor, sem violência”,
projeto de extensão da UFPA. "O projeto tem como foco, ações de educação
em saúde, na perspectiva dos direitos humanos, visando o empoderamento de
mulheres em condição de vulnerabilidade social, para o enfrentamento à
violência obstétrica. A metodologia usada teve a educação popular como base,
buscando uma intervenção no mundo e o engajamento das mulheres na luta pelo fim
da violência obstétrica", explica Edna Barreto, idealizadora e
coordenadora do projeto.
No ano passado, foram realizados
10 encontros formativos com as mulheres atendidas na Unidade Municipal de Saúde
da Pratinha, quatro reuniões com estudantes da UFPA e duas reuniões com a
equipe técnica da UMS Pratinha. O projeto foi, ainda, apresentado a residentes
do Curso de enfermagem obstétrica da UFPA e durante o Fórum Perinatal da Região
Metropolitana de Belém. Cerca de 430 pessoas, entre mulheres grávidas e seus
acompanhantes, estudantes e profissionais foram beneficiadas pelo
"TransformaDor".
O projeto contou com uma equipe
multi e transdisciplinar de 21 voluntárias, como assistentes sociais,
enfermeiras obstetras, doulas, profissionais da educação e alunas de graduação
da UFPA e Faculdade da Amazônia (FAMAZ). Sete profissionais de diferentes áreas
e instituições foram convidados a participar da formação junto às mulheres. O
projeto foi novamente aprovado e terá continuidade em 2017. As ações vão
ocorrer na Estratégia Saúde da Família- ESF, da Condor, em parceria com a
Secretaria Municipal de Saúde e junto a estudantes da UFPA.
Para uma das mulheres atendidas
pelo projeto, na Pratinha, a formação “ajudou a entender o processo de trabalho
de parto (...) a não me desesperar porque é normal demorar horas para o bebê
nascer. Os exercícios me ajudaram na dilatação, a massagem na coluna na hora da
contração. Tudo isso me ajudou muito", relata Dara Soares, de 21 anos, que
teve parto normal hospitalar no SUS.
Uma estudante do curso de
Pedagogia da UFPA, atendida no projeto, contou que decidiu “parir normal, fiz
inúmeras pesquisas, tive uma enorme gratidão de conhecer o projeto (...)
respirei muito, meditei e coloquei minha ansiedade de lado. Foi tudo tão rápido
que quase nem senti dor”, disse Jennyfer, de 28 anos, que também teve parto
normal hospitalar no SUS.
As atividades do
"TransformaDor" estão registradas em fotografia e 25 imagens foram
selecionadas para a exposição. Um vídeo de 10 minutos também foi produzido e
conta com depoimentos de mulheres, técnico da UMS Pratinha e voluntárias.
Serviço
Lançamento da exposição de fotos
e vídeo do “TransformaDor: parir com amor, sem violência”
Data: Terça-feira, 16 de maio de
2017
Hora: 15h
Local: Auditório do Bloco B, do
Instituto de Ciências da Educação - ICED/UFPA (próximo ao portão do terminal de
ônibus)
Entrada Gratuita.