Após a primeira etapa, que abrangeu os
municípios de Belém, Barcarena, Abaetetuba e Igarapé-Miri, o projeto “Letras
que Flutuam” exibe mais um documentário, desta vez da Etapa Marajó, filmado nos
municípios de Soure, Salvaterra, Curralinho, São Sebastião da Boa Vista, Breves
e Ponta de Pedras. Com o título de “Marajó das Letras - Os abridores de letras
da Amazônia Marajoara”, o documentário será exibido nos seis municípios
marajoaras.
Abrir letras em barco é um ofício
associado à pintura tradicional com pincel, técnica pela qual os nomes das
embarcações são pintados com letras coloridas decoradas. Detentores dessa técnica,
encontramos artistas que se destacam em todos os municípios, uns com
conhecimento prévio adquirido em cursos, outros cujo aprendizado se deu de
forma cotidiana. Um sintoma muito evidente no Marajó, no entanto, é a presença
da pintura com pistola - à qual chamam de “grafite” - muito marcante em
embarcações menores, as chamadas “rabetas”.
A pistola vem ganhando espaço no Marajó por causa da rapidez da entrega da pintura no lugar do pincel. Essa realidade vem imprimindo na paisagem marajoara uma outra atmosfera, influenciada pelos veículos de comunicação e, principalmente, pela internet. A presença de embarcações grafitadas vem crescendo, com suas artes aplicadas com pistola e stencil, simulando efeitos de luz, vento, fogo e texturas diversas. “O maior acesso a informação que as novas tecnologias proporcionam vai impactar a paisagem visual da Amazônia ribeirinha. A questão é como estas linguagens, as tradicionais e as inovadoras, podem coexistir de maneira construtiva. A educação e a valorização da cultura são chaves para essa relação”, explica a diretora do documentário Fernanda Martins.
A pistola vem ganhando espaço no Marajó por causa da rapidez da entrega da pintura no lugar do pincel. Essa realidade vem imprimindo na paisagem marajoara uma outra atmosfera, influenciada pelos veículos de comunicação e, principalmente, pela internet. A presença de embarcações grafitadas vem crescendo, com suas artes aplicadas com pistola e stencil, simulando efeitos de luz, vento, fogo e texturas diversas. “O maior acesso a informação que as novas tecnologias proporcionam vai impactar a paisagem visual da Amazônia ribeirinha. A questão é como estas linguagens, as tradicionais e as inovadoras, podem coexistir de maneira construtiva. A educação e a valorização da cultura são chaves para essa relação”, explica a diretora do documentário Fernanda Martins.
Esta é a segunda etapa do projeto, que pretende ainda mapear as regiões de Santarém, Salgado e Baixo Tocantins. Cada mapeamento é resultado de um edital de programas de incentivo cultural. A primeira etapa foi contemplada pelo prêmio Amazônia Cultural, enquanto a atual é fruto do Programa Rumos Itaú Cultural. Foram quatro expedições de filmagens da etapa Marajó, iniciadas em março no município de Soure, e finalizadas em abril em Ponta de Pedras. Além do mapeamento desses artistas populares, o projeto pretende ainda trabalhar com a educação de jovens e crianças através de oficinas voltadas para a valorização da comunicação visual local. Tem-se percebido ainda um grande interesse das secretarias de cultura locais, que já vêm dando apoio na mobilização das cidades para a etapa final de exibição do documentário. Os próximos passos serão tentar viabilizar esse mapeamento da gráfica popular como uma ferramenta de levantamento de iconografia cultural, através das secretarias municipais e de novos editais.
Além dos barcos, o trabalho das letras
decorativas desenvolvido pelos abridores também é comumente encontrado em
fachadas comerciais -a chamada “gráfica popular”. Esta pode ser definida como o uso de
elementos figurativos e letras pintados à mão em contextos urbanos e é
largamente utilizada na divulgação pequenos comerciantes, campanhas
institucionais e festas populares. Especialmente na Amazônia encontramos nestes
comércios diversas pinturas com alusão à paisagem natural, com florestas, rios
e o homem ribeirinho em seu cotidiano.
“O projeto Letras que Flutuam não
pretende julgar esteticamente as manifestações gráficas do Marajó, e sim
apresentar a cultura visual paraense para o Brasil e o mundo. As técnicas
gráficas tradicionais como a pintura com
pincel, sobrevivem ao tempo, mesmo diante de outras formas de comunicar como o
grafite e a impressão industrial”, explica a coordenadora do projeto Sâmia
Batista. Todas essas influências compõem a paisagem gráfica amazônica,
emoldurada pela exuberância natural das florestas, dos rios e da diversidade
humana característica da região.
Com isso, a equipe do Letras que Flutuam vem propondo às cidades visitadas um novo olhar sobre a paisagem comum aos olhos de seus moradores. As exibições do documentário têm essa proposta: de perceber o não percebido, de valorizar o que não é valorizado, e de mostrar a identidade marajoara através das modificações que o homem gera na paisagem com pincéis, cores e pistolas, construindo a visualidade das cidades amazônicas na pós-modernidade.
Com isso, a equipe do Letras que Flutuam vem propondo às cidades visitadas um novo olhar sobre a paisagem comum aos olhos de seus moradores. As exibições do documentário têm essa proposta: de perceber o não percebido, de valorizar o que não é valorizado, e de mostrar a identidade marajoara através das modificações que o homem gera na paisagem com pincéis, cores e pistolas, construindo a visualidade das cidades amazônicas na pós-modernidade.
EXIBIÇÕES:
6/7, Quinta-feira: BREVES - Pça do Operario,
20h
7/7- Sexta: CURRALINHO - Pça da
Bandeira, 19h
8/7 - Sábado: SÃO SEBASTIÃO DA BOA VISTA
- Orla da cidade, 21h
13/7 - Quinta: PONTA DE PEDRAS - Prç
Madre Ovidia Dias, 20h
15/7 - SALVATERRA - pça das
Comunicações, 19h
16/7 - SOURE - Pça da Independencia, 20h
22 e 25/7 - Sábado e terça-feira: BELÉM
- Sesc Boulevard. Sábado, 18h e terça, 16h. (com presença dos abridores de
letras)