A máxima de que o "cão é o melhor
amigo do homem" nunca foi mais verdadeira. Para o grupamento de Ação
Tática com cães (ATAC), da Guarda Municipal de Belém, o dito popular é
confirmado cotidianamente, há uma década. Composto por um efetivo de 43 guardas
e 11 cães, o grupo é um dos mais requisitados a participar de operações do
Sistema de Segurança Pública deo Pará, em função dos altos índices de
resultados positivos - especialmente se a operação envolver busca de
entorpecentes e armas.
Completando dez anos nesta terça-feira,
27, o ATAC não combate a criminalidade apenas com ações repressivas. O
grupamento também atua em trabalhos sociais nas escolas, faculdades e eventos
nos quais há grande aglomeração de público.
Bons de faro - Há seis anos a cadela
Ieda começou a atuar nas abordagens, condução e revista de suspeitos realizadas
pela Guarda Municipal de Belém e, hoje, já é considerada especialista neste
tipo de ação. Da raça pastor belga, Ieda é um dos 11 cães que integram a Ação
Tática com Cães ( ATAC), grupamento dos mais requisitados para participar de
operações do Sistema de Segurança Pública do Pará pelos altos índices de
resultados positivos, principalmente na busca por entorpecentes e armas.
“Os cães farejadores otimizam e reduzem
o tempo de uma fiscalização. Por exemplo, o tempo em que um homem levaria cinco
horas para fazer uma fiscalização atrás de drogas, o cão pode reduzir isso em
apenas vinte minutos”, afirma a inspetora Marisol Teixeira, da Polícia
Rodoviária Federal, sobre a eficiência dos farejadores que já chegaram a
encontrar 60 quilos de drogas em um navio durante operação realizada em um
porto da capital e atuaram na operação Sentinela, da PRF, quando foram
apreendidos mais de 200 quilos de entorpecentes.
Entre os motivos atribuídos ao sucesso
da atuação dos cães está a relação de lealdade, cumplicidade e confiança aliada
a uma rotina de treinamentos intensos que fazem parte dos cuidados dispensados
pelo grupamente especializado da GMB aos animais. A cadela Ieda, por exemplo,
tem o sucesso dividido com a parceira guarda Pâmela Amaral. “Ela chegou aqui
com seis meses, uma cadela submissa, o que é ruim para um cão de guarda. Mas
com o passar do tempo se mostrou muito equilibrada, o que é primordial para o
trabalho que ela realiza”, relatou Pâmela. Juntas, as duas conquistaram o
primeiro lugar no curso de adestramento de cães da Policia Militar do Pará e do
Exército Brasileiro, entre outras premiações.
“Fui a primeira guarda municipal a
conseguir o primeiro lugar nesse curso, graças a Ieda”, conta Pâmela, que com
1,61 metros de altura carrega a cadela de 27 kg no colo como um bebê. “Não
tenho filhos, mas ganhei a Ieda. Tiveram momentos que eu tinha que ir para
casa, mas não ia. Chegamos até a dormir no mesmo lugar e dividir água nos
cursos”, afirma Pâmela.
Os 11 cães são examinados diariamente e
a alimentação é cuidadosamente preparada e acompanhada. “Eles se alimentam uma
vez ao dia com rações de proteína pura para poder fortalecer e encorpar.
Geralmente se alimentam quando chegam do serviço”, detalha a guarda Maranivia
Ferreira, veterinária do canil e também responsável pelo banho semanal, que
dura quinze minutos; pela escovação uma vez por semana, para prevenir o
surgimento de nós que podem incomodar ou mesmo ferir os animais. “Examinamos as fezes, a urina, os pelos e a
pele diariamente, se notarmos alguma coisa diferente solicitamos o exame
apropriado”, explica Maranivia.
Treinamento - O treinamento dos cães das
raças rottweiler, pastor belga, pastor alemão e labrador, começa quando animal
completa sete meses. Depois do estágio básico de adestramento, as habilidades
vão sendo aprimoradas com a ajuda da equipe de preparação e são usados bastões
de odores, caixas com entorpecentes ou armamentos escondidos. Após isso, os
cachorros passam a ser levados para patrulhas na cidade, abordagens e revistas
para localizar drogas e armas de fogo. Com um ano e dois meses o cão já está
preparado para ir para a rua.
Com tanto cuidado e treinamento não foi
à toa que a cadela Hanna, de seis anos, tornou-se a melhor farejadora de
entorpecentes da região Norte. Hoje ela é agente indispensável em operações das
polícias Civil, Federal e Rodoviária Federal, bem diferente de quando chegou à
Guarda Municipal, com oito meses, hiperativa e impaciente, doada depois de "destruir"
a casa dos donos. “Eu tive o privilégio de acompanhar a Hanna desde o início,
tudo para ela não passava de brincadeira, os cães de faro têm essa
peculiaridade. Introduzimos certos odores em bolas e bastões e assim, ela
assimila o odor com o brinquedo dela", relata Marcelo Lobo, guarda
municipal responsável pelo adestramento de Hanna. "É primordial esse amor
entre o guarda e seu cão. Todos esses requisitos fizeram dela uma exímia
farejadora”, reforça.
As crianças e os adolescentes são os
mais atraídos pelos animais e estão entre os principais alvos do trabalho
social desenvolvido pela Guarda Municipal, principalmente para orientação e
prevenção ao uso de drogas. “Também realizamos esse trabalho social visitando
escolas, com apresentação em eventos, aproximando a Guarda Municipal da
sociedade”, explica o subcoordenador do canil, subinspetor Ben Hamid Alhadef.
Numa dessas ações os irmãos Heitor e Rafael se aproximaram dos cães e
conheceram o melhor o trabalho da corporação. “As pessoas não conhecem bem a
atuação do canil da Guarda e esse tipo de apresentação aproxima as crianças dos
guardas e dos animais, além de dar a noção da importância do trabalho que eles
desenvolvem para a sociedade”, ressalta Antônio Rocha, pai dos meninos.