O Pará está pronto para enfrentar
um dos maiores desafios dos últimos 80 anos: ser o protagonista de uma
transformação efetiva nas relações do homem com o meio ambiente, revendo
modelos de produção, viabilizando a economia sustentável, preservando as
premissas da legalidade, acirrando o combate à pobreza e à desigualdade e
oferecendo ao mundo soluções efetivas para a manutenção da maior reserva de
biodiversidade do planeta, a Floresta Amazônica. A gênese desse projeto está
abrigada em um pequeno prédio de três andares, no Bairro do Umarizal, em Belém,
onde funciona o Centro Integrado de Monitoramento Ambiental (Cimam).
No final da manhã desta
quarta-feira (09), o governador Simão Jatene e o secretário de Estado de Meio
Ambiente e Sustentabilidade, Luiz Fernandes Rocha, apresentaram o Cimam ao
presidente da Fundação Roberto Marinho, José Roberto Marinho. O secretário
adjunto de Meio Ambiente, Tales Belo, fez uma exposição de quase 40 minutos,
para explicar as diversas possibilidades criadas com o uso da tecnologia como
aliada da gestão ambiental.
A Fundação já é uma das parceiras
do governo do Estado nesse projeto, sobre o qual o empresário fala com
entusiasmo. “O governo está de parabéns! O que foi construído aqui é mais do
que uma ferramenta de monitoramento. É uma nova lógica econômica para o
desenvolvimento da Amazônia”, afirmou José Roberto Marinho, ao final do
encontro.
“É aqui no Pará que o futuro da
Amazônia está sendo decidido”, ressaltou Adalberto Veríssimo, pesquisador do
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), também presente ao
encontro. “Se perdermos essa guerra, todo mundo perde”, observou.
Reversão de danos - Para o
governador Simão Jatene, o Pará tem agora a oportunidade de reverter os danos
de quase oito décadas em que o padrão de exploração da floresta e o modelo de
desenvolvimento imposto à região foram recheados de equívocos. “Em 1940, o Estado
mantinha a oitava posição no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Hoje,
estamos em 21º. Trocou-se um fantástico ativo, que é a Floresta Amazônica e sua
biodiversidade, por muito pouco”, disse Jatene. “É preciso mudar esse padrão,
para que a riqueza do Estado se transforme em benefício para a sociedade”,
acrescentou o governador, para quem “o Centro de Monitoramento abre a
possibilidade de transformação da informação de qualidade em aliada do nosso
projeto de crescimento sustentável, criando um ambiente de produção
responsável, para que a floresta também seja um bem disponível para as futuras
gerações”.
A informação de qualidade é o
vértice de todo o sistema de gestão ambiental. O monitoramento vai além da
observação de queimadas ou desmatamentos. A tecnologia de ponta, com uso de
satélites e total integração entre as diversas escalas da gestão ambiental,
permite que convirjam para o Cimam informações de uso estratégico, para
proteger a floresta, identificar crimes ambientais, monitorar empreendimentos,
detectar atividades degradadoras, subsidiar a fiscalização - auxiliando
inclusive a percepção de atividades econômicas ilegais -, corrigir dados
defasados em tempo real e facilitar a legalização de quem deseja estar no
estado de direito.
Perfil de investimentos - O
projeto "De Olho na Floresta", que integra este sistema, é uma
plataforma de análise que traça o perfil de investimentos, desde o
licenciamento até o monitoramento ambiental, além de um exemplo de
transparência, pois está acessível a qualquer cidadão. “Trata-se de um sistema
desenvolvido com atenção voltada aos recursos florestais, dotado de um sistema
automatizado que fornece alertas de alterações detectadas. A tecnologia
utilizada no projeto é do sistema de satélites chamado Planet, que fornece
imagens de biomassas com precisão de três metros de distância da área,
recebidas a cada 24 h”, explicou Tales Belo.
“A transparência na área
ambiental é uma marca do Estado do Pará. Por isso fazemos questão de
disponibilizar todos os dados das ferramentas na web e via mobile para consulta
pública”, enfatizou o secretário Luiz Fernandes Rocha, que também destacou a
descentralização, em que se preconiza a qualificação dos municípios para
exercer uma gestão compartilhada e eficiente.
O Cimam gerencia dados, mas a
coleta é ampliada, com a participação de outros órgãos estaduais, federais e
municipais, cujas informações são decisivas para controlar fatores que geram
impacto no meio ambiente. “É a informação, gerando conhecimento, para ser usado
com sabedoria. Uma ferramenta decisiva para a sobrevivência da floresta e o
combate à pobreza na nossa região, e que deverá servir de exemplo para outros
estados e até para outros países”, frisou o governador Simão Jatene, após
agradecer à Fundação Roberto Marinho e parabenizar a equipe do Centro.