Polícia Civil cumpre prisão de ex-vereador acusado de integrar organização criminosa em Mãe do Rio

Ex-vereador e ex-secretário municipal de saúde do município de Mãe do Rio, Francisco Gonzaga de Queiroga Sobrinho foi preso pela Polícia Civil - Foto Ascom

A Polícia Civil cumpriu mandado de prisão, nesta quarta-feira, 13, do ex-vereador e ex-secretário municipal de saúde do município de Mãe do Rio, nordeste do Pará, Francisco Gonzaga de Queiroga Sobrinho. Ele se entregou à Polícia Civil na sede da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), em Belém. Ele foi alvo da operação denominada Dilúvio realizada em 27 de abril deste ano, em Mãe do Rio, São Miguel do Guamá, Santa Maria do Pará e Aurora do Pará, na região nordeste do Pará. Na ocasião, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão, oito de Condução Coercitiva e 7 de prisão preventiva. Na época da operação, Francisco Queiroga não foi encontrado, pois não estava em sua casa e desde então estava como foragido da Justiça.

Ele se apresentou ao delegado Carlos Vieira, da Delegacia de Combate a Defraudações Públicas, na DRCO. Segundo o delegado, na época da operação, a residência do ex-vereador passou por busca e apreensão autorizada pela Justiça. Nesse local, os policiais apreenderam farta documentação que havia sido subtraída da Prefeitura de Mãe do Rio, onde o acusado atuou na função de secretário de Saúde até o final do ano de 2016. 

Além do cometimento do crime pela subtração de documentos públicos, o ex-secretário foi investigado pelo cometimento de crime de peculato e outros crimes afins. "Esses crimes se relacionam à prática de desvios de recursos públicos e corrupção, praticada por organização criminosa em coautoria ao prefeito à época, além de outros servidores públicos de Mãe do Rio e pessoas particulares. Estima-se que os valores subtraídos com a participação de Francisco Queiroga ultrapassem R$ 4 milhões", detalha o policial civil.

Ainda, conforme Vieira, a prática delituosa gerou danos significativos aos cofres públicos e à população de Mãe do Rio. "Vendo-se na iminência de ser preso pela Polícia, Queiroga, através de seus advogados, peticionaram ao juízo da Comarca de Mãe do Rio, previamente, abrindo mão de ser apresentado àquele juízo para audiência de custódia, por fundamentadamente temer que a população, que foi prejudicada pelo ex-secretário, tomada de ódio e revolta, atentasse contra sua integridade física, caso Queiroga estivesse em Mãe do Rio", ressalta. 

Após passar por exame de corpo de delito, no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, em Belém, o preso foi encaminhado a uma casa penal da Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe), na região metropolitana, para ficar recolhido à disposição da Justiça.

O ex-prefeito da cidade, José Ivaldo Martins Guimarães, mais conhecido por Badel, ainda está foragido da Justiça. Para garantir o ressarcimento ao erário público dos recursos desviados, os investigados na operação tiveram seu patrimônio judicialmente bloqueado. Ficaram indisponíveis veículos, imóveis e valores que existam em conta bancária até o total de R$ 1 milhão. Tanto o ex-secretário quanto o ex-prefeito tentaram revogar as ordens de prisão preventiva contra eles determinadas pelo juiz Cristiano Magalhães, mas o Tribunal de Justiça do Estado indeferiu. As investigações da Polícia Civil ficaram a cargo da Delegacia de Repressão a Defraudações Públicas vinculada à Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) em conjunto com a Promotoria de Justiça do Ministério Público em Mãe do Rio.

O CASO 

As investigações apuraram que houve desvio de mais de R$ 4 milhões pelos investigados. De acordo com o delegado Carlos Vieira, responsável pelas investigações, os desvios foram detectados durante a administração do ex-prefeito José Ivaldo Martins Guimarães, cujo mandado encerrou em dezembro de 2016. "Foram alvos de investigação diversos contratos de empresas dos mais variados ramos com o município. Desde fornecimento de serviço funerário, marmitas e transporte escolar, hospedagem e asfaltamento, além de outras irregularidades constatadas nas investigações", detalha. O delegado também informa que foi constatado o desaparecimento de documentos referentes aos contratos da Prefeitura. Além dessas irregularidades, as investigações mostraram a falta de prestação de contas aos órgãos de controle, fato que também configura crime apurado no inquérito policial.

Durante a operação, em Mãe do Rio, iniciada nas primeiras horas do dia, muitos documentos, que haviam sido subtraídos, foram encontrados. Cinco dos sete acusados que tiveram mandados de prisão foram presos no momento da deflagração da Operação Dilúvio foram o ex-secretário municipal de Finanças, João José Canuto de Moraes; a ex-secretária de Educação, Lana Regina Cordeiro de Oliveira; a ex-secretária de Assistência Social, Antônia Edilaura Tavares Lopes; o empresário Everaldo Manoel Rodrigues dos Reis, conhecido na região como Zé do Caixão, e o empresário João Paulo de Freitas Oliveira, ficando dois foragidos, entre eles, o ex-secretário. 

As ordens judiciais resultaram de solicitação conjunta realizada pela Promotoria de Justiça de Mãe do Rio, por meio da promotora Andressa Ávila, e do delegado Carlos Vieira, titular da DRDP, da DRCO. Os mandados judiciais foram expedidos pelo juiz de Direito, Cristiano Magalhães Gomes, da Comarca de Mãe do Rio.