A história do homem sedutor e que
se relaciona com várias mulheres é o grande tema da ópera “Don Giovanni”, do
compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, que tem libreto de Lorenzo da
Ponte. A primeira apresentação foi em Praga, no Teatro di Praga, especializado
em ópera italiana (atualmente chamado de Teatro dos Nobres), em 29 de outubro
de 1787, há exatos 230 anos. O espetáculo estreia nesta quarta-feira (13), às
20h, no Festival de Ópera do Theatro da Paz, com récitas dias 15, 17 e 19,
direção cênica de Mauro Wrona e direção musical e regência do maestro Silvio
Viegas. O evento é uma realização da Secretaria de Estado de Cultura (Secult),
com patrocínio do Banpará e da rede de supermercados Líder.
A obra foi classificada, à época,
como um dramma giocoso, termo em italiano que ilustra a junção de cenas
dramáticas e cômicas, em um só espetáculo, o que fez Mozart a definir como
"opera buffa" em seu catálogo. No palco do teatro, interpretam os
personagens principais os cantores Homero Velho (barítono), como o próprio Don
Giovanni; Marina Considera (soprano), como Donna Anna; Dhuly Contente (soprano)
como a camponesa Zerlina; Kézia Andrade (soprano) como a amante Donna Elvira; o
espanhol Silverio de La O (baixo barítono), como o criado Leporello; Aníbal
Mancinni e Antônio Wilson (tenores) como Don Ottavio; Anderson Barbosa (baixo)
como Commendatore, pai de donna Anna; e Idaías Souto (barítono) como Masetto.
“O teatro italiano de Mozart é
muito rico. Algumas óperas tiveram problemas com a censura. E esta é a primeira
vez que apresentaremos Don Giovanni em Belém. Nem mesmo durante a época de ouro
do Theatro da Paz, no final do século XIX e início do XX, as obras dele
entraram na programação da casa, só queriam saber de belcanto. Queremos trazer
de volta essa ópera, que é uma obra prima. Também queremos testar o público.
Nossa primeira preocupação foi apresentar as obras famosas e palatáveis e agora
arriscamos outros títulos mais ousados”, comenta o diretor artístico do
festival, Gilberto Chaves, lembrando que a primeira ópera trazida ao TP nesse
esquema foi “Salomé”, de Richard Strauss, em 2012, e que foi sucesso em Belém.
Mauro Wrona conta que desde que
atua como diretor artístico do festival, em 2011, tinha vontade de realizar uma
ópera de Mozart, pelo destaque estilístico e para a história do gênero. Esta é
a segunda obra do compositor no Festival, a primeira foi “A Flauta Mágica”, em
2003. Por isso, é grande a expectativa. “É muito importante trazer algo assim
até para mostrar o talento da orquestra e dos cantores, visto que, por sua
elegância, essa música exige uma técnica bastante refinada. Esses textos do
Lorenzo da Ponte são fantásticos, justapõem comédia e tragédia, anunciando um
preâmbulo do romantismo, não só pelas harmonias que ele encontrou, mas por essa
justaposição, que não era o que se usava no classicismo. Escolhemos por isso,
por ser uma ópera que tem essas características”, explica o diretor cênico.
Enredo
A ópera tem como enredo a vida de
Don Giovanni, um famoso um garanhão, e foi inspirada numa popular lenda
medieval que até hoje acompanha nosso imaginário, sendo até um arquétipo
social, do personagem Don Juan Tenório, uma espécie de anti-herói retratado em
1630 por Tirso de Molina, na obra El Burlador de Sevilla. Até hoje o termo “Don
Juan” serve como inspiração para diversas outras linguagens artísticas, como
aquele que tem todas as mulheres a seus pés.
Para Homero Velho, que canta o
personagem-título e já atua há 20 anos profissionalmente, levar este homem ao
palco é instigante. “Ele é um personagem não muito simpático, mas muito
carismático, que já teve várias mulheres, até a hora que ele comete um
assassinato - e essa pessoa que ele assassinou o pune por toda vida que de
mentiras e enganos que ele teve. Tem que ter muita alegria para interpretá-lo e
acho que isso é algo que consigo transportar bem. Gosto muito de cantar e o
faço com muito prazer. E Don Giovanni tem esse lado do prazer, que
transparece”, diz o barítono, em sua sexta participação no festival.
Para Marina Considera, que fará
Donna Anna, e terá o seu pai assassinado, é um desafio cantar como se estivesse
aos prantos. “Ela acaba passando a ópera inteira chorando por essa tragédia e
pedindo vingança. E há outra questão: ela é quase estuprada por Don Giovanni e,
na verdade, tem uma sugestão de que ela teria se sentido atraída por ele
naquele momento. Anna está noiva de Don Ottavio, porém, não é um relacionamento
muito firme, digamos assim. Ela acaba descobrindo que esse homem (Don Giovanni)
foi quem assassinou o seu pai. Então ao mesmo tempo em que lamenta a perda do
pai, ela também sente culpa por não amar seu noivo. Numa ópera que é
tragicômica, Donna Anna seria a representação maior do drama”, diz a cantora.
PROGRAMAÇÃO - XVI FESTIVAL DE ÓPERA DO THEATRO DA PAZ
Palestra sobre a ópera Don
Giovanni, dia 14/09, às 18h30, no Theatro da Paz
Ópera Don Giovanni, de Mozart –
Dias 13, 15, 17 e 19/09, às 20h
(ingressos esgotados)
Lançamento do livro “Carlos
Gomes, uma nova estrela: Sou e serei sempre Tonico de Campinas e Brasil”, de
Jorge Alves de Lima - Dia 19/09, às 20h, no Theatro da Paz
Concerto de encerramento - Dia
23/09, às 20h - Em frente ao Theatro da Paz
Informações: 4009-8750