Estimular o espírito empreendedor
é o objetivo da Associação Júnior Achievement Pará no trabalho desenvolvido com
as detentas que integram a Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina
Empreendedora (Coostafe). A cooperativa existe há quase quatro anos e funciona
no Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua, município da Região
Metropolitana de Belém. Mais de 250 internas custodiadas pela Superintendência
do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) já foram beneficiadas pela
cooperativa.
A Associação Junior Achievement é
a maior e mais antiga organização de educação prática em economia e negócios,
criada nos Estados Unidos em 1919. No Pará, a associação começou a funcionar em
outubro de 2005. “Nós fazemos um trabalho totalmente voluntário e queremos dar
uma visão do que é a educação empreendedora. Estamos aqui uma vez por semana e
o objetivo é ensiná-las a fazer um planejamento de negócio, como administrar o
empreendimento delas e também como irão divulgar através do marketing o produto
que estão vendendo. É uma conscientização que elas ainda não têm”, explicou
Ocirema Figueredo, instrutora da entidade no Pará.
Gesielem Lopes Mamede, 48 anos,
entrou na Coostafe há um ano. A possibilidade de ter o próprio negócio
despertou nela a vontade de aprender a fazer os produtos comercializados pela
cooperativa. “Quando entrei aqui ainda estava sem rumo e sem saber o que fazer
da minha vida. Ficar na cela sem fazer nada é ruim. Eu cheguei a quase entrar
em depressão. Foi quando uma colega de cela me falou da Coostafe e comecei a me
interessar. No começo eu ia só observar, ajudando em uma coisa ou outra, para
só depois aprender a fazer os produtos. Hoje, já faço quase tudo e me
especializei em pelúcias. Adoro esse trabalho. Ele vai me dar uma nova vida”,
contou, emocionada, a detenta.
Avanço
A diretora do CRF, Carmem
Botelho, informou que no final do ano a cooperativa passará por mudanças. A fim
de estimular a geração de emprego e renda para as detentas do Centro, as
egressas também terão a oportunidade de continuar como cooperadas. “A
cooperativa está passando por um processo de nova diretoria, nova presidência e
um novo estatuto, porque no anterior havia uma condição que determinava que
para permanecer na cooperativa a cooperada deveria estar no cárcere. Agora, as
detentas que saírem de benefício, com alvará, de condicional ou se tornarem
egressas também poderão permanecer na Coostafe. Esse é um avanço muito
positivo, porque quando elas saem o mercado não é tão fácil, ainda faltam
oportunidades. Então, na cooperativa elas têm a chance de continuar no mercado
de trabalho até conseguirem uma garantia formal de emprego e renda”, destacou a
diretora.
A detenta Leilane Sales, 33 anos,
está na cooperativa desde 2016 e vê nas aulas de empreendedorismo uma chance de
aprimorar os conhecimentos recebidos diariamente na cooperativa. “Todo dia nós
aprendemos um pouco mais e a prática nós temos bastante. Já sabemos fazer
bastante coisa, mas ainda não temos o conhecimento necessário para abrir nosso
próprio negócio e mantê-lo no mercado. A concorrência lá fora ainda é muito
grande, se comparado ao que a gente tem de conhecimento. Por isso, acho tão
importante a gente ter essas aulas”, afirmou Leilane Sales.