Pianista paraense faz recital e lança em Belém livro


A pianista Maria Josephina Mignone, viúva do compositor e regente brasileiro Francisco Mignone, fará um recital e lançará o livro “Cartas de Amor” nesta quarta-feira (01), às 17h, na Sala Ettore Bosio, do Instituto Estadual Carlos Gomes. O Recital e o Lançamento do Livro fazem parte da programação do 33° Festival de Música Brasileira do IECG, evento anual que tem como prioridade destacar a obra de compositores brasileiros e que tem como homenageado Francisco Mignone, que em 2017 completaria 120 anos se estivesse vivo.

Paraense, nascida em Belém, Josephina Mignone é a artista convidada do Festival de Música Brasileira este ano. A pianista não esconde a emoção de retornar a Belém. “Foi uma grande emoção estar de volta aqui, ao lugar onde eu nasci, onde estudei e me preparei para seguir uma carreira que eu escolhi para minha vida, que é ser pianista”, disse emocionada.

Aos 94 anos, a artista que está em Belém desde segunda-feira acompanhou o recital de abertura do festival e falou sobre a emoção de assistir a uma apresentação com crianças e jovens alunos de música cujo programa incluiu composições do maestro Waldemar Henrique, que batizou a pianista com um nome artístico. “Ouvir as crianças e ouvir Waldemar Henrique, que escolheu meu nome artístico e que era meu amigo, foi uma grande emoção. Eu saio daqui do Carlos Gomes com a alma alimentada e feliz da vida”, contou, ao lembrar do maestro paraense.

O livro “Cartas de Amor”, que Josephina Mignone lança em Belém, tem 405 páginas e reúne, além da correspondência que trocou durante duas décadas com o marido, reproduções de originais, fotos e textos sobre o romance do casal, assim como as poesias que Francisco Mignone escreveu para homenagear a amada.

No recital desta quarta (1º), às 17h, na Sala Ettore Bosio, serão lidos trechos das 140 cartas que os dois trocaram durante os períodos em que o pianista precisava se ausentar por causa dos concertos. Enquanto as cartas vão sendo lidas, Maria Josephina Mignone tocará as famosas valsas escritas pelo marido. Será uma noite para lembrar e homenagear o grande artista que foi Francisco Mignone. “Eu quero que a humanidade conheça a alma desse grande gênio da música brasileira que foi Francisco Mignone. Ele tinha uma bondade, uma simplicidade, uma natureza excepcional como ser humano, essas cartas vão revelar o intimo dele”.

O recital e o lançamento do livro são gratuitos. Logo após os eventos a pianista fará uma sessão de autógrafos. O Festival de Música Brasileira do IECG prossegue até o dia 6 de novembro com recitais gratuitos na sala Ettore Bosio. A Programação completa está disponível em www.fcg.pa.gov.br

Francisco Mignone - Maestro, compositor e pianista brasileiro, Francisco de Paula Mignone nasceu em São Paulo no dia 3 de setembro de 1897.  Filho de pais italianos, aos 13 anos já se apresentava como flautista e pianista, em pequenas orquestras, bailes e festas.

Em 1913, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, conheceu Mário de Andrade, seu futuro colega de música, com quem se formou em 1919. Nesse período, compôs muitas peças populares com o pseudônimo de Chico Bororó.

Em 1920, recebeu a bolsa da Comissão do Pensionato Artístico de São Paulo e foi estudar em Milão. Durante essa época, compôs a ópera “O Contratador de Diamantes” (1921), da qual se destaca a célebre peça do 2.º ato, Congada, estreada no Rio de Janeiro em 1923, sob a direção de Richard Strauss e executada pela Orquestra Filarmônica de Viena.

Em 1926, ganhou o primeiro prêmio no concurso da Sociedade de Concertos Sinfônicos de São Paulo com o poema sinfônico “No sertão”. Entre 1927 e 1928, após morar na Espanha, regressou ao Brasil e em 1929 se estabeleceu em São Paulo e, em 1933, no Rio de Janeiro, onde lecionou Regência no Instituto Nacional de Música (atual Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil). Como Professor Catedrático lecionou até 1967.

Nas décadas de 30 e 40, influenciado pelo líder modernista Mário de Andrade, Mignone adota postulados nacionalistas musicais e compõe várias obras inspiradas nos ritmos folclóricos, brasileiros e africanos, como a série de peças intituladas “Fantasia Brasileira”, “Festa das Igrejas” (1940), “Quadros Amazônicos” (1942), “12 Valsas de Esquina” (1938-1942) e o “Ciclo Negro”, do qual se destaca o bailado afro-brasileiro Maracatu de Chico Rei.

Entre 1937 e 1938, regeu em Roma, Hamburgo e Berlim. Em 1942, a convite do Departamento de Estado dos EUA, visitou o país para dirigir concertos radiofônicos. Na década de 50, compôs música para o cinema nacional e tornou-se diretor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores e professor do Conservatório Brasileiro de Música e também membro e sucessor de Assis Republicano na cadeira n.º 33 da Academia Brasileira de Música.

Nas últimas décadas de sua carreira, dedicou-se à função de regente, conferencista, pianista e compositor. Foi considerado por Manuel Bandeira como o "Rei da valsa". Compôs cerca de 700 peças de música orquestral, vocal, dramática, de câmara e para piano. Recebeu vários prêmios, tais como o de Melhor Compositor de Música Brasileira do Ano, em 1968, o Prédio Moinho Santista para Maior Personalidade da Música Brasileira, em 1972, e o Prêmio Shell, no gênero erudito, em 1982.

Aos 83 anos, casou-se com a pianista Maria Josephina, com quem já tinha tocado em concertos a quatro mãos. Faleceu em 19 de fevereiro de 1986, no Rio de Janeiro.

Serviço: Recital e Lançamento do Livro ‘Cartas de Amor’. Dia 1º de novembro, sala Ettore Bosio. Entrada franca.
17h - Lançamento do Livro

18h – Recital de Josephina Mignone