Acelino Popó de Freitas, um dos
maiores pugilistas do Brasil e tetracampeão mundial em duas categorias
diferentes do boxe, fará sua luta de despedida do boxe profissional em Belém,
no dia 11 de novembro, na Arena Olímpica Guilherme Paraense, o “Mangueirinho”.
Ao todo, a programação da noite terá mais de 10 lutas, encerrando com o desafio
de Popó contra o mexicano Gabriel “El Rey” Martinez, de 30 anos. A escolha de
Belém para receber o evento, segundo o próprio lutador, se deu por vários
motivos. Entre eles o fato de ser a terra natal de seu treinador, Ulisses
Pereira, mas, acima de tudo pelo amor do paraense ao esporte que faz de Belém
uma das principais capitais para o desenvolvimento do Boxe.
“Belém é uma cidade quem tem
muitos lutadores de boxe, os paraenses são apaixonados pelo esporte. Eu queria
realizar essa luta em um lugar onde eu me sentisse confortável, abraçado, como
se fosse um morador da cidade, e aqui é o lugar”, comentou. Ele comenta também
que o paraense é muito parecido com os baianos por causa do carinho e pela
forma de receber quem vem de fora. “Depois da minha terra, Belém foi a primeira
cidade a me acolher e onde eu me sinto muito bem”, disse.
Com 27 anos de uma carreira
brilhante, Acelino Popó Freitas nasceu em uma família pobre, da periferia da
capital baiana, Salvador. Recebeu da mãe o apelido com que tornou-se conhecido,
Popó, em referência ao barulho que fazia quando mamava. Seu pai era também
pugilista, assim como três dos seus irmãos.
Popó iniciou sua carreira aos 14
anos como amador. Foi campeão baiano aos 14, campeão Norte-Nordeste aos 15 e
Campeão Brasileiro aos 17 anos. Em 1995, foi convocado para a Seleção
Brasileira que disputaria os Jogos Pan-Americanos de 1995, em Mar Del Plata,
onde conquistaria o vice-campeonato do torneio. Com a conquista da medalha de
prata no Pan, Popó passou a lutar no boxe profissional.
O cuidado com a saúde foi um
fator determinante para que Popó decidisse encerrar sua participação no boxe
profissional, cujos golpes tem como objetivo a cabeça do lutador. ”Eu comecei a
lutar aos 14 anos e tem uma hora em que, ou o esporte para a gente, ou a gente para com o esporte. Todo saco de boxe
precisa ser trocado quando chega a hora, e esta é a minha hora de parar.
“Eu tive todos os meus sonhos
concretizados, tanto na vida profissional como pessoal e familiar. Essa
despedida será um agradecimento por tudo que o público fez por mim e pelo
esporte brasileiro”, destaca.
Popó também destaca a importância
do esporte como transformador da vida de jovens atendidos pelos projetos
sociais. “Eu comecei sem tênis e sem bandagem para treinar. Com força de
vontade a gente sempre encontra um meio para chegar onde quer e conseguir a
vitória. Dormi no chão até os 23 anos, passei fome e muitas dificuldades. O
esporte mudou minha vida e a vida de toda a minha família”, declara. E reitera:
"Foco, disciplina e fé. É disso que precisa quem quer mudar sua vida por
meio do esporte."
Carreira - Como profissional,
Popó fez sua primeira luta no dia 14 de julho de 1995, vencendo o adversário
por nocaute aos 34 segundos do primeiro round. Em sua sexta luta, Popó foi
campeão do Mundo Hispano pela WBC (Conselho Mundial de Boxe), e ainda conquistou
o título latino da IBF (Federação Internacional de Boxe).
Medindo 1,65 m e pesando cerca de
70kg, Popó teve uma carreira vitoriosa no Boxe. Como amador, foi medalhista de
prata nos Jogos Pan-Americanos de Mar del Plata, em 1995. Como profissional
(carreira iniciada em 1995), conquistou quatro títulos mundiais e, juntamente
com o mexicano Alfonso Zamora, detém o recorde de maior sequência de nocautes
até chegar a um título mundial.
Ulisses Pereira, treinador de
Acelino Popó, comenta que sempre teve como sonho trazer o atleta para realizar
uma luta em Belém. Ele destaca que dos quatro títulos conquistados com o
pugilista, três vieram após treinamentos coordenados por ele. Ele explica que
conheceu Popó em 1995, quando foi convocado para a Seleção Brasileira nos Jogos
Pan-Americanos em Mar Del Plata. “Quando cheguei em São Paulo para assumir a
Seleção, Popó tinha apenas 17 anos e já mostrava as qualidades que tinha”,
conta. “Em 2001, Popó me chamou para trabalhar e eu abandonei a seleção
olímpica e me dediquei exclusivamente para ele”, destaca.
Para a secretária de Estado de
Esporte e Lazer, Renilce Nicodemos, a despedida de Popó no Manguerinho valoriza
o esporte no Pará, especialmente pelo fato de que os títulos do pugilista foram
conquistados em conjunto com um filho da terra. “Popó foi um dos melhores
boxeadores do mundo e a escolha do Pará para se despedir do esporte
profissional garante a valorização do Pará e é uma forma de homenagear Ulisses
e o boxe profissional e amador do estado. Para a titular da Seel, a luta
servirá também para mostrar ao Brasil e ao mundo a qualidade do esporte
praticado no Pará. “Nós temos bons treinadores, bons professores e um grande
amor pelo esporte”, declara.
O adversário - O mexicano soma 29
vitórias (sendo 16 nocautes), 10 derrotas e um empate. Nos 11 últimos combates,
o pugilista da cidade de Empalme saiu derrotado nove vezes. “El Rey” teve uma
sequência invicta de 18 lutas. Perdeu pela primeira vez em 18 de abril de 2008,
ao ser superado por Saul Canelo Alvarez, um dos grandes astros do boxe atual. O
duelo foi paralisado aos 10 segundos do 12.º round, por causa de um corte no
supercílio esquerdo de Martinez.