De 1º de janeiro a 20 de setembro
deste ano, 774 adultos e sete crianças foram diagnosticados com o vírus HIV no
Pará e iniciaram tratamento na rede mantida pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
disponível no Estado. No mesmo período, outras 330 pessoas manifestaram os
sintomas da Aids, caracterizada pelo desencadeamento de um quadro de
enfermidades ocasionadas pela perda das células de defesa do organismo. Esse
cenário preocupante estará na pauta de debates do workshop “HIV/Aids: Direito
pela vida e prevenção combinada”, que será realizado nesta sexta-feira, em
Belém.
O evento marcará o início das
mobilizações em torno do “Dezembro Vermelho”, mês que será inteiramente
dedicado ao combate à Aids, por meio de debates e estímulos a atitudes
preventivas. Realizado pelo Ministério Público do Pará (MPPA) em parceria com a
Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o workshop abordará questões
como “Assistência em HIV/Aids no Estado do Pará”, “Prevenção Combinada – Prep”
e “Processo Transsexualizador” nesta sexta-feira (01), de 8h às 17h, no
auditório do Ministério Público do Pará.
Entre os palestrantes e membros
de mesas de debates estarão representantes da Sespa, da Secretaria de Saúde de
Belém (Sesma), Ministério Público do Pará, Secretaria de Estado de Justiça e
Direitos Humanos (Sejudh), Conselho de Secretários Municipais de Saúde
(Cosems), Defensoria Pública e da sociedade civil. O médico psiquiatra do
Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da Universidade de São Paulo (USP),
apresentará, em palestra, conceitos de sexo, gênero, identidade sexual, papel e
identidade de gênero ao longo da história, com ênfase na visão médica.
Uma das palestrantes do workshop,
a coordenadora estadual do programa de DST/Aids, Deborah Crespo, ressalta a
importância de se discutir a manutenção das ações de prevenção e controle do
HIV/Aids no Pará, que tem sido realizadas pelos diferentes níveis de gestão,
para a redução da transmissão do HIV e a melhoria da qualidade de vida das
pessoas que vivem com o vírus.
Para ela, o momento também é de
reforçar, junto aos profissionais de saúde e sociedade civil, as orientações
para que a identificação da doença seja feita precocemente, juntamente com o
tratamento, para que o paciente tenha uma sobrevida inestimada, a fim de que
atinja uma carga viral mínima. Além disso, informa, as mães que vivem com HIV
têm 99% de chance de terem filhos sem o HIV se seguirem o tratamento
recomendado durante o pré-natal, parto e pós-parto.
De acordo com recomendações do
Ministério da Saúde, o indivíduo exposto a uma situação de risco (sexo
desprotegido, compartilhamento de seringas, etc) deve fazer o teste para
detecção do HIV, cujo diagnóstico se dá a partir da coleta de sangue ou por
fluido oral. No Brasil, os exames laboratoriais e os testes rápidos detectam os
anticorpos contra o HIV em cerca de 30 minutos. Esses testes são realizados
gratuitamente pelo SUS nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs), que são
vinculados às Secretarias Municipais de Saúde.
Os exames podem ser feitos de
forma anônima. Nesses centros, além da coleta e da execução dos testes, há um
processo de aconselhamento, para facilitar a correta interpretação do resultado
pelo (a) usuário (a). Também é possível saber onde fazer o teste pelo Disque
Saúde (136).
Além da rede de serviços de
saúde, é possível fazer os testes por intermédio de organizações da sociedade
civil, no âmbito do Programa Viva Melhor Sabendo. Em todos os casos, a infecção
pelo HIV pode ser detectada em, pelo menos, 30 dias a contar da exposição à
situação de risco. Isso porque o exame (seja o laboratorial ou o teste rápido)
busca por anticorpos contra o HIV no material coletado. Esse período é chamado
de janela imunológica.
Perfil de casos no Pará
Segundo Deborah Crespo, cerca de
10 mil pessoas, entre adultos e crianças, fazem tratamento para HIV/Aids no
Pará por meio de uma rede de serviço própria para o trabalho de prevenção e
para o monitoramento dos pacientes soropositivos. Ao todo, estão disponíveis no
Pará 74 CTAs. A ampliação desses
serviços depende das gestões municipais e, nesse caso, o governo estadual
trabalha como um articulador e um facilitador, além de discutir as estratégias que
serão usadas na prevenção da doença, por meio de treinamento de profissionais
das unidades municipais que atuarão diretamente com o paciente.
Os mais recentes levantamentos da
Coordenação Estadual de IST/Aids, disponíveis na seção “Epidemiologia” na
página (http://aids.saude.pa.gov.br/), indicam que, entre 2012 e 2016, um total
de 4.690 pessoas desenvolveram a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids)
no Pará e, no mesmo período, outras 4.393 foram diagnosticadas com HIV, das
quais 1.899 eram gestantes. Em igual espaço de tempo, 2.695 pessoas foram a
óbito, das quais 1.802 homens e 866 mulheres. Os municípios que registraram
mais mortes foram Belém, Ananindeua, Santarém, Marabá, Paragominas, Bragança,
Itaituba, Parauapebas, Redenção e Castanhal. Em relação às faixas etárias onde
predominam os índices de infecção estão as de 20-30 anos; 30-40 anos e de 50-60
anos.
O mais recente boletim
epidemiológico de HIV/Aids emitido pelo Ministério da Saúde, em dezembro do ano
passado, mostra que em 2015, pelo ranking das Unidades da Federação (UF) referente
às taxas de detecção de Aids, os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina apresentaram as maiores taxas, com valores de 34,7 e 31,9 casos por
cada 100 mil habitantes. Nesse relatório, o Pará configurou em quinto lugar com
valor de 25 casos por cada 100 mil habitantes, ocupando o segundo lugar na
região Norte, atrás apenas do Amazonas.
Workshop: HIV/ AIDS – Direito
pela vida “Prevenção combinada e adesão ao tratamento”
Data: 1 de dezembro (6ª) Hora: 8h as 17h
Local: Auditório Nathanael Farias
Leitão (Ed. Sede do Ministério Público)