Oscilações, quedas de tensão e
blecautes. Santarém, no oeste do Pará, voltou a apresentar sérios problemas na
estrutura de energia elétrica fornecida pelo governo federal via Eletronorte. O
sistema que abastece a região vem do linhão do Tramoeste que não está
conseguindo suprir as necessidades de energia locais.
Atento, o Governo do Pará provocou uma
audiência nesta terça-feira (12), no Ministério de Minas e Energia, em
Brasília. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Mineração e
Energia, Adnan Demachki – acompanhado do senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA) e do deputado
federal Joaquim Passarinho (PSD/PA) – reuniu com o secretário-executivo do
Ministério, Paulo Pedrosa. Com eles, estavam diretores da Celpa, da Equatorial
Energia e o presidente da Associação Comercial de Santarém, José Roberto
Branco.
A comitiva paraense cobrou do Ministério
a imediata entrada em operação de UTEs (Usinas Termoelétricas) para suprir de
forma emergencial a demanda da população local. As usinas funcionariam até a
construção e operacionalização de uma segunda rede de transmissão composta por
436 km de linhas e uma subestação de 300 MVA de potência. Trata-se de uma linha
exclusiva, garantindo, assim, maior oferta de energia. A linha atual sai de
Tucuruí, passa por Altamira, Rurópolis e só depois chega a Santarém. Segundo
informações da Celpa, o linhão Tramoeste está em fase de esgotamento há alguns
anos.
Em abril deste ano, o Ministério de
Minas e Energia realizou um leilão para a construção de um novo linhão que
aumentará a oferta de energia em Santarém e nos municípios do oeste do Pará. A
Equatorial Energia, uma holding que controla a Cemar, no Maranhão, e a Celpa,
no Pará, e tem importante participação no capital da Termoelétrica
Geranorte, arrematou o lote 31 das
Linhas de transmissão do Tramoeste. Com o leilão, a previsão é de melhorias
para o fornecimento de energia em toda a região oeste e os empreendimentos
terão prazo de 36 a 60 meses para entrar em operação.
Mas os problemas são urgentes e a região
não pode esperar. A classe empresarial reclama da baixa qualidade da energia na
região, dificultando o crescimento econômico e a geração de empregos. De acordo
com José Roberto Branco, presidente da Associação Comercial e Empresarial de
Santarém (ACES), “todos os dias, no período entre 14h e 16h, acontece o
‘afundamento de tensão’, que resulta em frequentes danos a equipamentos no
comércio local e também em clínicas de saúde”. Segundo Branco, “empresas já
perderam equipamentos caríssimos, como tomógrafos e aparelhos de ar
condicionado, por conta dessa falha”. Para o presidente da ACES, “a intervenção
do governo do Estado é importante porque o governo tem a força para reunir
todos os segmentos interessados na solução desse problema”.
O secretário-executivo do Ministério de
Minas e Energia, Paulo Pedrosa, descartou a entrada imediata em operação das
UTEs. Segundo ele, medições feitas anteriormente “demonstraram que não há
necessidade urgente desse tipo de ação e que a ligação das UTEs representaria
um custo desnecessário”. O senador Flexa Ribeiro contestou, dizendo que “as
medições de demanda de energia foram feitas num momento bem anterior, de recuo
da economia”. “Hoje a economia da região já esta reaquecida, é outro momento e
a população, o comércio e a indústria estão necessitando de mais energia para
crescer e desenvolver”.
Para o secretário Adnan Demachki,
Santarém vive um momento de desenvolvimento, e “sem energia elétrica esse
crescimento tende a estagnar”. “Não podemos voltar aos tempos anteriores ao
Tramoeste, com apagões e blecautes, principalmente agora com o Pará gerando
ainda mais energia para o Brasil, pois além de Tucuruí, temos a hidrelétrica de
Belo Monte”, disse o secretário. “Precisamos de medidas, de soluções urgentes
para que um dos maiores e mais importantes municípios paraenses, bem como sua
população, não sejam ainda mais penalizados”, defendeu.
O secretário-executivo anunciou que no
dia 4 de janeiro, já na primeira reunião do Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico (CMSE), o problema de Santarém será objeto de pauta, inclusive com a
proposta de entrada em operação das UTEs no menor espaço de tempo possível.