Uma pesquisa
realizada na Universidade do Estado do Pará (Uepa) poderá beneficiar quem luta
contra o câncer. Os testes estão sendo realizados em camundongos, no biotério
do Centro de Ciências Biológicas, resultado da parceria entre a Uepa e a
Universidade Federal do Pará (UFPA). A substância, desenvolvida a partir de um
medicamento já utilizado no combate ao câncer, está sendo patenteada.
Segundo a
pesquisadora Simone Haru, que está à frente da pesquisa do antitumorígeno, a
substância funcionará como medicamento principal ou auxiliar nas terapias. Ela
informa que a motivação para o desenvolvimento da nova droga foi a observação
de que os medicamentos em uso nos tratamentos contra o câncer causam muitas
reações adversas. “Estamos desenvolvendo um fármaco que diminui esses efeitos”,
afirma a pesquisadora.
Devido ao
processo de busca da patente, os detalhes do novo medicamento não podem ser
revelados, mas a pesquisadora adianta que é derivado de um medicamento já
existente no mercado. “Os beneficiados serão os pacientes que lutam contra o
câncer e sofrem com reações adversas aos medicamentos utilizados em seus
tratamentos”, reitera Simone Haru.
Para um
medicamento ser liberado para uso por seres humanos deve passar por várias
fases. A primeira é a fase não clínica, em que os cientistas testam as
substâncias em laboratório e em animais de experimentação, sempre obedecendo à
normas de proteção aos animais. O objetivo principal desta fase é verificar
como a substância se comporta em um organismo.
“Primeiramente,
nós temos a fase in vitro, onde o medicamento é testado em células com câncer,
para somente depois ser aplicado aos camundongos. Tudo isso para diminuir os
óbitos entre os animais. Após os camundongos, os testes serão realizados com
animais maiores, até chegar aos testes com seres humanos voluntários”, informa
a pesquisadora. Todo esse processo leva aproximadamente 15 anos.
O biotério da
Uepa foi inaugurado em maio deste ano, em uma área de 285 metros quadrados,
para abrigar animais em condições adequadas à utilização em experimentos
científicos ou produção de vacinas e soros. O biotério visa atender às demandas
de pesquisadores da Uepa, mas também colabora com outras instituições.
Biotérios são
instalações para produzir e manter animais destinados a pesquisas em diferentes
áreas da ciência. Independentemente da espécie ou linhagem dos animais, o
manejo e a manutenção devem atender aos princípios éticos na experimentação
animal.
Ampliação -
“Hoje, o biotério da Uepa segue toda a legislação para o bem-estar dos animais
e para o desenvolvimento da pesquisa científica”, ressalta o veterinário Mário
Leal, responsável pelo biotério. Atualmente, o biotério mantém cerca de 80
animais, mas em 2018 esse número deverá chegar a 900, para atender à demanda de
novas pesquisas.
Mesmo sendo um
prédio novo, que atende às exigências da legislação, algumas adaptações foram
necessárias para receber os animais. Hoje, o biotério conta com alojamentos
específicos para cada espécie de animal, com temperatura e luminosidade
controladas, e acesso restrito, para facilitar a limpeza e o manuseio dos
animais, e garantir que fiquem livres de contaminação. “O biotério da Uepa se
encaixa em todos estes pré-requisitos”, informa o veterinário.
De acordo com a
Rede Nacional de Biotérios de Produção de Animais para Fins Científicos,
Didáticos e Tecnológicos (Rebioterio), mantido pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência do Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), as instituições de pesquisa
devem investir na construção e manutenção de biotérios de criação e
experimentação, com o objetivo de promover o desenvolvimento da ciência e
tecnologia, com reflexos diretos na saúde pública.