Dia Mundial de doenças raras leva discussão para Alepa


Uma Sessão Especial que trata do atendimento às pessoas com doenças raras no Pará será realizada nesta segunda-feira, 26/02, às 9 horas, no Auditório João Batista da Assembleia Legislativa do Pará, proposta pelo deputado estadual dr. Jaques Neves, presidente da Comissão de Saúde da ALEPA. O evento será realizado no Dia Mundial de Doenças Raras e vai reunir várias entidades ligadas ao assunto para debater numa audiência pública os problemas que envolvem os pacientes dessas enfermidades, principalmente as dificuldades encontradas no tratamento. Estarão presentes vários portadores de doenças raras e seus familiares e representantes de órgãos ligados ao tema.

INFORMAÇÕES

Doença rara só é pouco frequente se contabilizada de forma isolada. Levando-se em conta todas as patologias que recebem essa classificação, o número de brasileiros acometidos soma aproximadamente 13 milhões, segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma)—prevalência que praticamente se iguala à do diabetes no país. Isso corresponde a cerca de 3% a 5% dos nascidos vivos, ou seja, 1,3 indivíduos a cada dois mil. E considerando que 75% das Doenças Raras se manifestam na infância, sobretudo entre zero e cinco anos, elevam as estatísticas de mortalidade antes dos 18 anos de vida.

Ocorre que muitas dessas desordens são progressivas, degenerativas e sistêmicas, ou seja, afetam múltiplos órgãos. Por isso, quanto antes forem detectadas e tratadas, maiores as chances de barrar sua evolução e preservar a qualidade de vida do portador. Em bom português, é motivo suficiente para investir em rastreamento e diagnóstico precoce, além de assegurar o acesso a tratamento adequado.

No intuito de padronizar e otimizar a metodologia de atendimento aos pacientes de doenças raras nos estados e municípios, a rede pública de saúde conta, desde 2014, com um protocolo voltado especificamente a essa comunidade, a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, cujos preceitos estão especificados em um documento chamado “Diretrizes Para Atenção Integral às Pessoas Com Doenças Raras no Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Ele prevê um fluxograma de atendimento aos pacientes, a instituição de serviços de Atenção Especializada ou de Referência, o Aconselhamento Genético e a implementação de Centros Especializados em Reabilitação. No entanto, há um longo caminho a ser percorrido até que pacientes e familiares possa contar, de fato, com a infraestrutura e os serviços previstos. Por enquanto,são comuns os relatos de falta de atendimento especializado e a dificuldade em manter o tratamento correto.

 O Brasil tem cerca de 13 milhões de pacientes com alguma das 7.000 doenças catalogadas como raras, sendo 80% delas com origem genética. No mundo, são de 420 a 560 milhões de portadores destas doenças (6% a 8% da população). São doenças crônicas, progressivas, incapacitantes e geralmente fatais. Na lista, estão a neurofibromatose (afeta o sistema nervoso e a pele), mucopolissacaridose (falta das enzimas que digerem alguns açúcares), doença de Gaucher (acúmulo de gorduras no organismo), esclerose lateral amiotrófica (degeneração dos neurônios motores) e doença de Fabry (distúrbio de falta de enzimas).

Por serem raras, conseguir tratamento não é algo fácil. Levantamentos mostram ainda que apenas 2% podem se beneficiar de medicamentos específicos que interferem na evolução da doença. Por se destinarem a poucas pessoas, estes remédios têm um custo maior que outras drogas, por exemplo, R$ 50 mil uma dose.

O estudo revela ainda que 95% dos pacientes não possuem tratamento e demandam serviços especializados de reabilitação. Os outros 3% contam com tratamentos já estabelecidos para outras doenças, que ajudam a atenuar os sintomas. Os dados foram apresentados durante o seminário “Doenças Raras - a Situação Brasileira no Contexto Global e a Necessidade da Política Nacional”, realizado em São Paulo, em parceria com O GLOBO.

A maioria dessas doenças — 75% — se manifesta no início da vida e afeta, sobretudo, crianças de até 5 anos de idade. E muitos morrem antes de completar 18 anos de idade.

A discussão de uma política pública para as doenças raras foi o principal tema do seminário. Para os pacientes terem acesso ao tratamento com os medicamentos específicos depende que exista um protocolo clínico. Porém, a legislação brasileira estabelece que os medicamentos destinados a doenças de baixa prevalência sejam analisados, para efeitos de incorporação no SUS, pelos mesmos parâmetros usados para os de grande prevalência. Para conseguir medicamentos, alguns recorrem à Justiça para obter remédios pelo SUS. Em 2011, o Ministério da Saúde desembolsou R$ 167 milhões para atender a 433 ações judiciais que determinaram a compra de remédios. Estima-se que os pacientes levam, em média, de dois a quatro anos para ter o diagnóstico de uma doença rara.