O Instituto Evandro Chagas
(IEC/SVS/MS) detectou pela primeira vez no Brasil o vírus da Febre Amarela em
mosquitos da espécie Aedes albopictus. O estudo indica que esta espécie de
mosquito está suscetível ao vírus da Febre Amarela em ambientes silvestre ou
rural. “Esse achado é importante porque o Aedes albopictus pode vir a
estabelecer um ciclo intermediário (rural) da Febre Amarela nas Américas,
semelhante ao que ocorre na África”, afirma o diretor do Instituto Evandro
Chagas, Dr. Pedro Vasconcelos. Caso haja transporte dessa espécie de mosquito
para áreas urbanas, ele pode servir de vetor de ligação entre os dois ciclos
possíveis (urbano e silvestre), num ciclo rural. O Ae. albopictus é um mosquito
de transição que se adapta bem tanto a áreas de florestas como em áreas
periurbanas.
A descoberta foi feita a partir de mosquitos
coletados em áreas rurais nos municípios de Itueta e Alvarenga no estado de
Minas Gerais, capturados durante a epidemia de Febre Amarela de 2017. A
detecção foi possível depois que o Instituto Evandro Chagas, com sede em
Ananindeua no Pará, padronizou o diagnóstico molecular (RT-q PCR) para
mosquitos, técnica diagnóstica rápida e específica que já estava padronizada e
em uso em amostras de humanos e de macacos. A descoberta foi confirmada por
meio do sequenciamento completo do genoma do vírus.
“O Aedes albopictus tem sido
encontrado em vários estados da Amazônia, do Centro Oeste, Sudeste, em quase
todo o país, embora em menor quantidade do que o aegypti. Nós sabemos que há
uma competição sobre o nicho ecológico entre essas duas espécies de mosquitos.
Onde há uma predominância de Aedes aegypti, o albopictus não se instala, e
vice-versa.” Explica o Dr. Pedro.
É importante destacar que novos
estudos são necessários para confirmar a capacidade vetorial do Aedes
albopictus, pois o simples encontro do vírus no mosquito não significa
necessariamente que ele está desempenhando o papel de vetor da Febre Amarela,
para isso, é necessário que o vírus consiga se replicar intensamente nos
tecidos do mosquito para que ele possa servir de transmissor. Com o apoio do
Ministério da Saúde, o IEC vai aprofundar essas pesquisas sobre a capacidade
vetorial do Aedes albopictus nos estados do Brasil atualmente afetados pelos
casos de Febre Amarela: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.