MPPA, MPF e Defensoria pedem embargo de uma das bacias de rejeitos da Hydro


O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública anunciaram que pediram o embargo de uma das bacias de rejeitos da Hydro Alunorte. O anúncio ocorreu no final da manhã desta 6ª feira (23) durante entrevista coletiva de imprensa no prédio sede do MPPA, na Cidade Velha. A bacia de rejeitos em questão é a DRS2 que apresenta irregularidades no licenciamento ambiental. “A bacia não possui licença de operação e mesmo assim estava operando”, disse a Promotora de Justiça do MPPA, Eliane Moreira. De acordo com a Promotora a empresa também terá que apresentar uma análise comprovando que cumpriu o plano de contingenciamento no caso do vazamento ocorrido no fim de semana.

E ainda, terá que executar imediatamente o plano de contingenciamento, inclusive com o fornecimento de água potável e atendimento à saúde das comunidades afetadas. O pedido de embargo faz parte de uma série de recomendações - feitas a partir de uma ação conjunta entre MPPA, MPF e Defensoria - não apenas à Hydro, mas também à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e ao Governo do Pará.

Quanto às irregularidades detectadas no licenciamento, o Promotor de Justiça do MPPA, Laércio Abreu, disse que ficou claro que não houve um processo de licenciamento específico pela Semas.

A recomendação conjunta também cobra da Secretaria a exigência, como condicionante de qualquer licença referente à bacia de rejeitos DRS2, da instalação de alarmes sonoros para situações de emergência e de equipamento que monitorem, em tempo real, a qualidade dos efluentes lançados. E ainda, que a secretaria implante um sistema efetivo de coleta de denúncias oriundas das comunidades de Barcarena, para que sejam tomadas as providências imediatas de fiscalização e cobrança do acionamento dos planos de contingência das empresas instaladas no Distrito Industrial do município.  

Outra preocupação é com o atendimento das comunidades afetadas pelo vazamento. Para o Procurador da República Ricardo Negrini as pessoas afetadas precisam ter um esclarecimento imediato do que está ocorrendo. “Além disso, elas precisam do fornecimento de água, inclusive água potável uma vez que foi constatada a contaminação da água que está imprópria para consumo em alguns pontos. Então, essas são as nossas primeiras preocupações, e também que a empresa adote todas as medidas para garantir que não haverá um extravasamento”, complementou o Procurador do MPF. 

O Estado do Pará também está sendo cobrado pelo MPPA, MPF e Defensoria. Tanto o Estado do Pará quanto a Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e Instituto de Terras do Pará (Iterpa) deverão suspender imediatamente todos os licenciamentos em trâmite na Semas incidentes na área destinada ao Distrito Industrial e demais áreas de atividade industrial de Barcarena até que se efetive levantamento dos territórios tradicionais daquela região e até que a secretaria demonstre ter condições de monitorar e fiscalizar as empresas com eficiência, inclusive com o levantamento de dados técnicos em campo. 

De acordo com o Defensor Público Johny Giffoni, em 15 anos pelo menos 20 acidentes já foram contabilizados na Hydro Alunorte. Por conta disso existem hoje várias ações individuais e coletivas pedindo ressarcimento da empresa por conta desses danos. Mas para o Defensor é difícil quantificar a relação dessas pessoas com o meio ambiente. 

“O pescador não consegue quantificar de pronto o quanto ele deixou de ganhar. Então a gente precisa também repensar como quantificar o dano que essas populações têm. Estamos trabalhando ações, recomendaçõe e atuações preventivas nesse sentido”, alertou.