Susipe reduz em 42% o número de casos de hanseníase nos presídios do Pará



Silenciosa, marcada pelo preconceito, a hanseníase é uma doença que ainda preocupa as autoridades de saúde, embora os números relativos a ela apresentem uma tendência decrescente. No Brasil, segundo dados do último levantamento do Ministério da Saúde, o número de novos casos da doença tiveram redução de 34% na última década, passando de 43.652, em 2006, para 28.761 no ano de 2015. Ainda segundo o MS, o Pará é o 4º estado brasileiro com o maior número de casos - em média 35, para cada 100 mil habitantes.

No Pará, a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) vem somando esforços para reduzir o número de infectados dentro dos centros de recuperação e para garantir a assistência aos pacientes diagnosticados com a doença. Em 2016, os casos registrados em casas penais somaram 35, já em 2017 foram apenas 20, representando uma queda de 42%.

A unidade penitenciária do interior que registrou maior incidência da doença no ano passado foi o Centro de Recuperação Regional de Paragominas (CRRPA), com seis casos, e da região metropolitana de Belém, o Centro de Recuperação Penitenciário do Pará I (CRPP I), com quatro internos diagnosticados.

Por meio do Programa Nacional de Controle da Hanseníase, do Ministério da Saúde (MS), todos os pacientes recebem medicamentos para o tratamento, que costuma durar entre seis e doze meses, dependendo do tipo de hanseníase manifestado. A doença é diagnosticada por meio de exame clínico sintomático ou pela baciloscopia. O tratamento é feito com antibióticos. A doença tem cura, mas pode deixar seqüelas, como a perda de tecidos, membros e encurtamento dos nervos. A transmissão se dá pelas vias aéreas.

A interna M.S.P, 25 anos, que prefere não ser identificada, está custodiada no Centro de Recuperação Feminino (CRF) de Ananindeua há seis anos. Ao ingressar na casa penal descobriu que estava com a doença e logo deu início ao tratamento. “Começaram a aparecer algumas manchas no meu rosto e nas minhas costas. Alguns médicos diziam que eram fungos, mas no exame foi identificado que se tratava de hanseníase. E foi aqui dentro que eu fiz o tratamento, de um ano. Agora quase não tenho sequelas”, conta.

Hanseníase Virchowiana, Indeterminada, Diforma e Tuberculóide são os quatro tipos da doença. O mais comum nos presídios do Estado é a Indeterminada, que reúne sintomas das outras três. De acordo com a coordenadora de Saúde Prisional da Diretoria de Assistência Biopsicosocial (DAB) da Susipe, Adriana Diniz, no sistema prisional a identificação precoce da doença é de extrema importância.

“É necessário identificar os doentes e eliminar a hanseníase, pois se trata de um problema de saúde pública. Recentemente, ainda durante no procedimento de entrada na casa penal, dois casos foram confirmados. O cárcere é um meio muito favorável à proliferação da doença por conta do confinamento e da superpopulação. Por isso é fundamental reforçar o combate e o controle da doença. Quanto mais cedo ela for diagnosticada, menores as sequelas”, pontua.

Conscientização - Para alertar e conscientizar a população, o MS, juntamente com associações médicas, vem promovendo a campanha Janeiro Roxo, com foco no combate à hanseníase. A última semana do mês foi declarada a Semana Mundial de Luta Contra a Hanseníase. Nos centros de recuperação, as campanhas, palestras e atendimentos para diagnosticar precocemente a doença foram intensificados ao longo desta semana.