Silenciosa, marcada pelo
preconceito, a hanseníase é uma doença que ainda preocupa as autoridades de
saúde, embora os números relativos a ela apresentem uma tendência decrescente.
No Brasil, segundo dados do último levantamento do Ministério da Saúde, o
número de novos casos da doença tiveram redução de 34% na última década, passando
de 43.652, em 2006, para 28.761 no ano de 2015. Ainda segundo o MS, o Pará é o
4º estado brasileiro com o maior número de casos - em média 35, para cada 100
mil habitantes.
No Pará, a Superintendência do
Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) vem somando esforços para reduzir o
número de infectados dentro dos centros de recuperação e para garantir a
assistência aos pacientes diagnosticados com a doença. Em 2016, os casos
registrados em casas penais somaram 35, já em 2017 foram apenas 20,
representando uma queda de 42%.
A unidade penitenciária do
interior que registrou maior incidência da doença no ano passado foi o Centro
de Recuperação Regional de Paragominas (CRRPA), com seis casos, e da região
metropolitana de Belém, o Centro de Recuperação Penitenciário do Pará I (CRPP
I), com quatro internos diagnosticados.
Por meio do Programa Nacional de
Controle da Hanseníase, do Ministério da Saúde (MS), todos os pacientes recebem
medicamentos para o tratamento, que costuma durar entre seis e doze meses,
dependendo do tipo de hanseníase manifestado. A doença é diagnosticada por meio
de exame clínico sintomático ou pela baciloscopia. O tratamento é feito com
antibióticos. A doença tem cura, mas pode deixar seqüelas, como a perda de
tecidos, membros e encurtamento dos nervos. A transmissão se dá pelas vias
aéreas.
A interna M.S.P, 25 anos, que
prefere não ser identificada, está custodiada no Centro de Recuperação Feminino
(CRF) de Ananindeua há seis anos. Ao ingressar na casa penal descobriu que
estava com a doença e logo deu início ao tratamento. “Começaram a aparecer
algumas manchas no meu rosto e nas minhas costas. Alguns médicos diziam que
eram fungos, mas no exame foi identificado que se tratava de hanseníase. E foi
aqui dentro que eu fiz o tratamento, de um ano. Agora quase não tenho
sequelas”, conta.
Hanseníase Virchowiana,
Indeterminada, Diforma e Tuberculóide são os quatro tipos da doença. O mais
comum nos presídios do Estado é a Indeterminada, que reúne sintomas das outras
três. De acordo com a coordenadora de Saúde Prisional da Diretoria de
Assistência Biopsicosocial (DAB) da Susipe, Adriana Diniz, no sistema prisional
a identificação precoce da doença é de extrema importância.
“É necessário identificar os
doentes e eliminar a hanseníase, pois se trata de um problema de saúde pública.
Recentemente, ainda durante no procedimento de entrada na casa penal, dois
casos foram confirmados. O cárcere é um meio muito favorável à proliferação da
doença por conta do confinamento e da superpopulação. Por isso é fundamental
reforçar o combate e o controle da doença. Quanto mais cedo ela for
diagnosticada, menores as sequelas”, pontua.
Conscientização - Para alertar e
conscientizar a população, o MS, juntamente com associações médicas, vem
promovendo a campanha Janeiro Roxo, com foco no combate à hanseníase. A última
semana do mês foi declarada a Semana Mundial de Luta Contra a Hanseníase. Nos
centros de recuperação, as campanhas, palestras e atendimentos para
diagnosticar precocemente a doença foram intensificados ao longo desta semana.