Com foco na saúde e sustentabilidade, indústrias valorizam gestão eficiente da água

Foto de Rafael Araújo


A ação do homem no último século está comprometendo a oferta de água do planeta em ritmo acelerado e preocupante. O Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (World Water Development Report – WWDR) de 2018 estima que entre 64 e 71% das áreas alagadas naturais foram perdidas desde 1900. O relatório traz outra projeção alarmante: hoje, cerca de 1,9 bilhão de pessoas vivem em áreas com possibilidade de escassez severa de água. Em 2050, esse valor pode aumentar para mais de 3 bilhões de pessoas.

Os números chamam a atenção para a necessidade urgente de cuidar dos recursos hídricos e buscar alternativas para a redução dos resíduos poluentes. Para discutir este problema, desde 1992 a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial da Água, celebrado anualmente em 22 de março. Este ano, a discussão foca em soluções naturais da água como resposta às demandas por distribuição dos recursos hídricos.

As indústrias possuem um papel fundamental na preservação dos recursos hídricos. No Pará, iniciativas do setor produtivo já estão fazendo a diferença para reduzir o volume de água utilizado e tratar adequadamente os efluentes que retornam para o rio.

A Imerys, mineradora que opera a maior planta de beneficiamento de caulim do mundo no Estado do Pará, adota diversas práticas para a sustentabilidade e preservação dos recursos hídricos utilizados no processo produtivo.


A planta de beneficiamento da empresa em Barcarena possui um sistema de reutilização onde 94% dos rejeitos que vão para as bacias voltam como água recuperada para o processo industrial. Outro projeto que tem dado resultados positivos é o reaproveitamento da água da chuva que cai nas bacias de rejeitos inutilizadas. Desde o início da captação de águas pluviais, em 2015, a Imerys economizou 585 mil metros cúbicos de água. Em 2018, a previsão é que mais 741 mil metros cúbicos de água deixem de ser retirados dos lençóis freáticos pelos poços da empresa graças à captação de água da chuva.



O técnico de ambiental da Imerys, Jorge Almeida, explica que a otimização do uso de água é positiva tanto para a diminuição dos custos da empresa quanto para a preservação dos recursos hídricos do planeta. “Sabemos que a água é fundamental, é vida. Enquanto pessoas morrem por escassez ou poluição da água, falamos em deixar de retirar 741 milhões de litros do meio ambiente só em 2018. Isso representa um passo à frente para a Imerys na questão sustentabilidade”, relata o técnico, que é responsável pelo projeto de reutilização da água da chuva no processo de beneficiamento.


Também em Barcarena, a Alubar, líder na América Latina na fabricação de cabos elétricos de alumínio e produtora de condutores elétricos de cobre para média e baixa tensão, considera que a qualidade na gestão da água vai além de uma obrigação. A empresa utiliza cinco poços tanto para consumo humano quanto para uso no processo produtivo. O Gerente do Controle de Qualidade e Meio Ambiente da Alubar, Raimundo Nonato, explica que os recursos são tratados e analisados constantemente, de forma a garantir a qualidade da água que será consumida pelos colaboradores. “Fazemos análises da potabilidade da água regularmente, em todos os padrões exigidos pela Organização Mundial da Saúde. Após captar a água que será destinada ao consumo humano, ela é filtrada e clorada antes de ser distribuída aos colaboradores”, explica o gestor.


Com relação à água utilizada no processo produtivo dos condutores elétricos, Nonato ressalta que a Alubar é uma empresa limpa. A água é utilizada para refrigeração dos equipamentos em um sistema fechado. Apenas quando é necessário trocar a água nesse sistema, durante manutenção preventiva dos equipamentos, a empresa encaminha o líquido para a estação de tratamento. “Na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), retiramos os resíduos do processo produtivo, acrescentamos cloro e neutralizamos o p.h antes de destinar a água ao esgoto industrial. Na ETE também tratamos a água do esgoto sanitário da empresa”, conta Nonato.


Os poços utilizados pela Alubar também já possuem capacidade para atender a futura demanda do processo produtivo da empresa, que atualmente passa por obras de expansão. “Quando implementamos a fábrica de cabos elétricos de cobre, nós já ampliamos o sistema de fornecimento de água. Ou seja, mesmo com a expansão de produção que a empresa vive, não teremos necessidade de abrir novos poços para suprir o aumento de demanda da fábrica”, relata Raimundo Nonato.