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A ação do homem no último século
está comprometendo a oferta de água do planeta em ritmo acelerado e
preocupante. O Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos
Recursos Hídricos (World Water Development Report – WWDR) de 2018 estima que
entre 64 e 71% das áreas alagadas naturais foram perdidas desde 1900. O
relatório traz outra projeção alarmante: hoje, cerca de 1,9 bilhão de pessoas
vivem em áreas com possibilidade de escassez severa de água. Em 2050, esse
valor pode aumentar para mais de 3 bilhões de pessoas.
Os números chamam a atenção para
a necessidade urgente de cuidar dos recursos hídricos e buscar alternativas
para a redução dos resíduos poluentes. Para discutir este problema, desde 1992
a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial da Água,
celebrado anualmente em 22 de março. Este ano, a discussão foca em soluções
naturais da água como resposta às demandas por distribuição dos recursos
hídricos.
As indústrias possuem um papel
fundamental na preservação dos recursos hídricos. No Pará, iniciativas do setor
produtivo já estão fazendo a diferença para reduzir o volume de água utilizado
e tratar adequadamente os efluentes que retornam para o rio.
A Imerys, mineradora que opera a
maior planta de beneficiamento de caulim do mundo no Estado do Pará, adota
diversas práticas para a sustentabilidade e preservação dos recursos hídricos
utilizados no processo produtivo.
A planta de beneficiamento da empresa
em Barcarena possui um sistema de reutilização onde 94% dos rejeitos que vão
para as bacias voltam como água recuperada para o processo industrial. Outro
projeto que tem dado resultados positivos é o reaproveitamento da água da chuva
que cai nas bacias de rejeitos inutilizadas. Desde o início da captação de
águas pluviais, em 2015, a Imerys economizou 585 mil metros cúbicos de água. Em
2018, a previsão é que mais 741 mil metros cúbicos de água deixem de ser
retirados dos lençóis freáticos pelos poços da empresa graças à captação de
água da chuva.
O técnico de ambiental da Imerys,
Jorge Almeida, explica que a otimização do uso de água é positiva tanto para a
diminuição dos custos da empresa quanto para a preservação dos recursos
hídricos do planeta. “Sabemos que a água é fundamental, é vida. Enquanto
pessoas morrem por escassez ou poluição da água, falamos em deixar de retirar
741 milhões de litros do meio ambiente só em 2018. Isso representa um passo à
frente para a Imerys na questão sustentabilidade”, relata o técnico, que é
responsável pelo projeto de reutilização da água da chuva no processo de
beneficiamento.
Também em Barcarena, a Alubar,
líder na América Latina na fabricação de cabos elétricos de alumínio e
produtora de condutores elétricos de cobre para média e baixa tensão, considera
que a qualidade na gestão da água vai além de uma obrigação. A empresa utiliza
cinco poços tanto para consumo humano quanto para uso no processo produtivo. O
Gerente do Controle de Qualidade e Meio Ambiente da Alubar, Raimundo Nonato,
explica que os recursos são tratados e analisados constantemente, de forma a
garantir a qualidade da água que será consumida pelos colaboradores. “Fazemos
análises da potabilidade da água regularmente, em todos os padrões exigidos pela
Organização Mundial da Saúde. Após captar a água que será destinada ao consumo
humano, ela é filtrada e clorada antes de ser distribuída aos colaboradores”,
explica o gestor.
Com relação à água utilizada no
processo produtivo dos condutores elétricos, Nonato ressalta que a Alubar é uma
empresa limpa. A água é utilizada para refrigeração dos equipamentos em um
sistema fechado. Apenas quando é necessário trocar a água nesse sistema,
durante manutenção preventiva dos equipamentos, a empresa encaminha o líquido
para a estação de tratamento. “Na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE),
retiramos os resíduos do processo produtivo, acrescentamos cloro e
neutralizamos o p.h antes de destinar a água ao esgoto industrial. Na ETE
também tratamos a água do esgoto sanitário da empresa”, conta Nonato.
Os poços utilizados pela Alubar
também já possuem capacidade para atender a futura demanda do processo
produtivo da empresa, que atualmente passa por obras de expansão. “Quando
implementamos a fábrica de cabos elétricos de cobre, nós já ampliamos o sistema
de fornecimento de água. Ou seja, mesmo com a expansão de produção que a
empresa vive, não teremos necessidade de abrir novos poços para suprir o
aumento de demanda da fábrica”, relata Raimundo Nonato.