Corais da Amazônia são seis vezes maior do que estimado


Um novo estudo, publicado hoje (23/4), pela revista científica Frontiers in Marine Science, confirma que os Corais da Amazônia são quase seis vezes maior do que inicialmente estimado, compreendendo uma área de 56.000 km2. Além disso, eles formam um corredor de biodiversidade entre o oceano Atlântico e o mar do Caribe, com espécies de fauna de ambas as regiões. As informações são resultado da expedição realizada no ano passado pelo Greenpeace e por cientistas.

CoraisDaAmazônia2018Conjunto de esponjas-do-mar, estrela cesto e um peixe mariquita (Holocentrus adscencionis) encontrados a 90 metros de profundidade, na área norte do recife dos Corais da Amazônia. ©Greenpeace

Já na expedição científica que está realizando neste ano, o Greenpeace captou imagens inéditas do setor norte dos Corais da Amazônia, a 135 quilômetros da costa do Oiapoque, no Amapá, e a 90 metros de profundidade. O mergulho de 1h30 de duração foi realizado na última sexta-feira (19) com um veículo remotamente operado (ROV, na sigla em inglês) e revelou uma boa amostra da biodiversidade que marca este ecossistema único: peixes, corais-negro, corais-mole e uma rica variedade de esponjas.

O setor norte do recife é o local que recebe a maior influência das águas repletas de sedimentos do rio Amazonas e o menos estudado pelos cientistas, devido às fortes correntes marinhas na região. Também é a área mais ameaçada, pois nas suas proximidades estão os blocos que as petrolíferas querem explorar.

"As imagens confirmam o que a ciência e nós vimos afirmando: os Corais da Amazônia são um ecossistema incrível, especial, que deve ser defendido da ganância das petrolíferas que querem perfurar na região", afirma Thiago Almeida, especialista em Energia do Greenpeace Brasil, a bordo do Esperanza.

Na semana passada, após a revelação pelo Greenpeace de que o recife de corais se estende até um dos blocos de exploração da empresa Total, o Ministério Público Federal no Amapá recomendou ao Ibama que negue a licença para a empresa. Em seu documento, o MPF alega que perfurar a área pode “resultar na destruição em larga escala do meio ambiente, configurando ecocídio – crime contra a humanidade sujeito à jurisdição do Tribunal Penal Internacional”.