Donos de aparelhagens apoiam Prefeitura de Belém no combate à poluição visual

“Fiquei horrorizado de ver o resultado desse trabalho em nossa cidade. São coisas que, por vezes, nem percebemos o quanto a gente tá fazendo mal para a cidade. Eu ajo assim. Até porque hoje essa é uma das formas mais baratas que nós temos de fazer propaganda, mas como proprietário de aparelhagem, é muito bom ter essa informação. Quero me adequar, me comprometer e apoiar a iniciativa da Prefeitura de Belém”, admitiu Antônio Lemos, proprietário da casa de shows Monte das Flores, no bairro do Telégrafo, ao apoiar o plano de ação do programa ‘Cidade Limpa, Cidade Linda’ da PMB.

O plano é uma das ações do grande programa de limpeza desenvolvido pela Prefeitura, que ganhou o apoio do Governo do Estado por meio do convênio que destinará R$ 35,2 milhões para ampliar a capacidade na área da limpeza urbana, atuando dentro de todos os bairros e distritos da capital paraense. A ação deve ter início no prazo de 30 dias.

“Com este incentivo financeiro nós vamos ter mutirões em todos os bairros de Belém. Obviamente que nós gostaríamos de estar destinando este investimento para a saúde, infraestrutura da cidade, mas o problema do lixo tomou proporção e nós tivemos que agir. Vejam que além do lixo que é jogado muitas vezes indevidamente nos canais e nas valas, temos ainda a poluição visual que afeta a qualidade de vida, e o direito de ir e vir nas ruas. São problemas sérios, e isso passa a ser responsabilidade de todos nós”, declarou o prefeito Zenaldo Coutinho durante a reunião com representantes do Ministério Público do Estado (MPE) e representantes de casas de shows e aparelhagens nesta semana.

Belém é uma cidade festiva, e em alguns bairros os eventos são realizados todos os dias da semana. Faixas e cartazes presos em árvores, postes, além das pichações em muros são alguns dos artifícios utilizados para divulgar determinadas festas, no entanto, a prática só tem contribuído para a poluição visual e, consequentemente, para a sujeira na cidade. Somente em 2017 foram retiradas mais de 4 mil faixas da via pública. Em 2018, de janeiro à primeira quinzena de abril, já são 453 faixas.

“São caçambas cheias, é uma poluição visual que precisa ser combatida se nós queremos uma Belém limpa. Os envolvidos [promotores de festas] terão um mês para ir se adequando e retirando de forma gradativa estes anúncios, após isso, as fiscalizações serão intensas com apreensões e notificações”, declarou Elizete Cardoso, coordenadora da Ordem Pública.

Registros - Os bairros com maior incidência de poluição visual são: Guamá, Pedreira, Icoaraci, Outeiro, Jurunas e Telégrafo, além das avenidas Augusto Montenegro, Gentil Bittencourt, Almirante Tamandaré e rodovia Arthur Bernardes.

Para o estudante Rafael Augusto Chaves, 32 anos, morador da travessa Lomas Valentinas, o combate à poluição só tem resultado se todos se conscientizarem. “Eu moro aqui desde que nasci, e olha só como é aqui na esquina, anúncio em cima e lixo no chão. Isso me incomoda demais, não só pela questão do visual, mas pelos problemas que vêm em decorrência dessa sujeira. Quando chove os bueiros entopem, e essas faixas, por exemplo, caem e se juntam a esse monte de entulho. Conscientizar os organizadores das festas é fundamental, mas toda a população precisa abraçar esta causa”, disse.

O promotor de Justiça do Meio Ambiente, José Godofredo Santos, acredita que a decisão da prefeitura em chamar os segmentos envolvidos para discutir soluções é importante, pois são ideias compartilhadas e não impostas. “Esse é um problema cultural, mas temos que resolver. Não vamos ter em cada esquina um agente de limpeza, mas nem por isso vamos jogar lixo na rua. Assim como não teremos um guarda de trânsito em cada esquina, mas nem por isso precisamos desobedecer as leis de trânsito”, ressaltou o promotor.

Para o Dj Edilson Santos, da aparelhagem Príncipe Negro, a solução encontrada pela Prefeitura de Belém foi correta, porque independente de ser uma prática comum entre os promotores de festas, não é a correta. “Quando entramos nesse meio, a comunicação utilizada já eram as faixas, mas isso não quer dizer que somos de acordo, pelo contrário, a gente sabe que prejudica a cidade, deixa uma imagem negativa até para os turistas que vêm para cá”, disse. “Nós temos outros meios para promover o evento como as redes sociais, que alcançam o público correto. Sair desse movimento de poluição de faixas seria também uma economia na nossa receita, sem dúvida, então, meu desejo é que a gente possa contribuir com a nossa cidade, deixá-la mais bonita e mais limpa, e servir de exemplo para os outros que também têm melhores ferramentas de anúncio”, finalizou Edilson.