O plano é uma das ações do grande
programa de limpeza desenvolvido pela Prefeitura, que ganhou o apoio do Governo
do Estado por meio do convênio que destinará R$ 35,2 milhões para ampliar a
capacidade na área da limpeza urbana, atuando dentro de todos os bairros e
distritos da capital paraense. A ação deve ter início no prazo de 30 dias.
“Com este incentivo financeiro
nós vamos ter mutirões em todos os bairros de Belém. Obviamente que nós
gostaríamos de estar destinando este investimento para a saúde, infraestrutura
da cidade, mas o problema do lixo tomou proporção e nós tivemos que agir. Vejam
que além do lixo que é jogado muitas vezes indevidamente nos canais e nas
valas, temos ainda a poluição visual que afeta a qualidade de vida, e o direito
de ir e vir nas ruas. São problemas sérios, e isso passa a ser responsabilidade
de todos nós”, declarou o prefeito Zenaldo Coutinho durante a reunião com
representantes do Ministério Público do Estado (MPE) e representantes de casas
de shows e aparelhagens nesta semana.
Belém é uma cidade festiva, e em
alguns bairros os eventos são realizados todos os dias da semana. Faixas e
cartazes presos em árvores, postes, além das pichações em muros são alguns dos
artifícios utilizados para divulgar determinadas festas, no entanto, a prática
só tem contribuído para a poluição visual e, consequentemente, para a sujeira
na cidade. Somente em 2017 foram retiradas mais de 4 mil faixas da via pública.
Em 2018, de janeiro à primeira quinzena de abril, já são 453 faixas.
“São caçambas cheias, é uma
poluição visual que precisa ser combatida se nós queremos uma Belém limpa. Os
envolvidos [promotores de festas] terão um mês para ir se adequando e retirando
de forma gradativa estes anúncios, após isso, as fiscalizações serão intensas
com apreensões e notificações”, declarou Elizete Cardoso, coordenadora da Ordem
Pública.
Registros - Os bairros com maior
incidência de poluição visual são: Guamá, Pedreira, Icoaraci, Outeiro, Jurunas
e Telégrafo, além das avenidas Augusto Montenegro, Gentil Bittencourt,
Almirante Tamandaré e rodovia Arthur Bernardes.
Para o estudante Rafael Augusto
Chaves, 32 anos, morador da travessa Lomas Valentinas, o combate à poluição só
tem resultado se todos se conscientizarem. “Eu moro aqui desde que nasci, e
olha só como é aqui na esquina, anúncio em cima e lixo no chão. Isso me
incomoda demais, não só pela questão do visual, mas pelos problemas que vêm em
decorrência dessa sujeira. Quando chove os bueiros entopem, e essas faixas, por
exemplo, caem e se juntam a esse monte de entulho. Conscientizar os
organizadores das festas é fundamental, mas toda a população precisa abraçar
esta causa”, disse.
O promotor de Justiça do Meio
Ambiente, José Godofredo Santos, acredita que a decisão da prefeitura em chamar
os segmentos envolvidos para discutir soluções é importante, pois são ideias
compartilhadas e não impostas. “Esse é um problema cultural, mas temos que resolver.
Não vamos ter em cada esquina um agente de limpeza, mas nem por isso vamos
jogar lixo na rua. Assim como não teremos um guarda de trânsito em cada
esquina, mas nem por isso precisamos desobedecer as leis de trânsito”,
ressaltou o promotor.
Para o Dj Edilson Santos, da
aparelhagem Príncipe Negro, a solução encontrada pela Prefeitura de Belém foi
correta, porque independente de ser uma prática comum entre os promotores de
festas, não é a correta. “Quando entramos nesse meio, a comunicação utilizada já
eram as faixas, mas isso não quer dizer que somos de acordo, pelo contrário, a
gente sabe que prejudica a cidade, deixa uma imagem negativa até para os
turistas que vêm para cá”, disse. “Nós temos outros meios para promover o
evento como as redes sociais, que alcançam o público correto. Sair desse
movimento de poluição de faixas seria também uma economia na nossa receita, sem
dúvida, então, meu desejo é que a gente possa contribuir com a nossa cidade,
deixá-la mais bonita e mais limpa, e servir de exemplo para os outros que
também têm melhores ferramentas de anúncio”, finalizou Edilson.