No Dia Mundial de Luta contra a
Malária, que transcorre nesta quarta-feira, 25, Belém tem motivos para
festejar: há quatro anos não se registra ocorrência de casos de malária
originados no município. Segundo o parâmetro epidemiológico Incidência
Parasitária Anual (IPA), adotado pelo Ministério da Saúde para medir o risco de
transmissão de malária, Belém está classificada como área de baixo risco para
transmissão local de malária, com 0,01 casos a cada 1.000 habitantes/ano.
A data que celebra a luta contra
a malária, criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para reconhecer o
empenho, o controle mais eficaz da doença, o aproveitamento e o apoio às
experiências bem-sucedidas, tem um significado especial para os profissionais
da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), que investe em medidas para
identificação de doentes o mais precocemente possível e no combate ao mosquito
Anopheles, transmissor do vírus, que pode ser encontrado em alguns bairros e
ilhas da capital.
De acordo com Leila Flores,
diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devs) da Sesma, embora seja
considerada área de baixo risco, o trabalho em Belém é constante, visto que,
explica ela, “a cidade tem alto potencial malarígeno”, estando vulnerável à
ocorrência de surtos locais, pela presença do mosquito vetor em alguns bairros,
pelas condições ecológicas favoráveis (cercada de floresta, com temperatura e
umidade elevadas e chuvas frequentes) e pela intensa migração de pessoas de
áreas endêmicas para a capital, principal cidade polo da região, com maior
poder de resolutividade na assistência médica.
O Programa Municipal de Controle
da Malária de Belém segue todas as diretrizes da OMS, definidas em 1992 na
Conferência de Amsterdã, que mudou a estratégia de erradicação para o controle
da malária. “O foco principal deixou de ser o combate ao vetor com inseticidas
e passou a ser o doente. Hoje dispomos de 18 pontos de diagnóstico e
tratamentos instalados em unidades de saúde distribuídos estrategicamente em
todos os distritos do município para os exames parasitoscópicos”, destaca
Leila.
Há ainda o laboratório da Unidade
Municipal de Saúde da Marambaia, que funciona ininterruptamente, inclusive aos
sábados, domingos e feriados, para agilizar o diagnóstico. Atualmente, o tempo
entre o diagnóstico e o início do tratamento é menor que 24 horas. “A nossa
principal estratégia é focar no paciente. A Vigilância Epidemiológica faz a
busca domiciliar de febris nas áreas de maior risco de transmissão (presença do
vetor), busca de febris nas unidades de saúde, além do diagnóstico precoce e
tratamento imediato e assistido dos casos, com acompanhamento da verificação de
cura”, afirma a diretora.
Belém recebe casos de malária de
vários municípios, de outros estados, como Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima,
e de outros países, como Guiana Francesa, Suriname, República da Guiana,
Colômbia, Venezuela, Moçambique e Congo. Historicamente, as localidades onde há
registros de casos autóctones de malária em Belém são aquelas onde há a
presença do mosquito anofelino, vetor da doença, como as ilhas de Cotijuba,
Mosqueiro, Outeiro e Combu, e alguns bairros periféricos, como Barreiro,
Sacramenta, Val-de-Cans, Pratinha, Tapanã, Icoaraci, Águas Negras, Parque
Verde, Satélite, Cabanagem, Coqueiro, Curió-Utinga e Universitário.
Os principais sintomas da malária
são dor de cabeça e no corpo, calafrios, tremores intensos, febre alta, náusea
e vômitos. A prevenção inclui uso de repelentes e mosquiteiros. “Em casos
registrados em Belém, 93% foram causados pelo Plasmodium vivax, de baixa
gravidade, 6% pelo Plasmodium falciparum, com patogenia grave, evoluindo a
óbito se não for tratado precocemente, e 1% foram casos de malária mista (dois
plasmódios no mesmo paciente), igualmente grave. Não há óbitos por malária
autóctone em pessoas residentes em Belém há várias décadas. Na manifestação dos
sintomas, principalmente após viajar para uma área em que a malária é comum, é importante
procurar os serviços de saúde e relatar ao médico a viagem. Quanto antes o
diagnóstico, mais rápido inicia-se o tratamento e ampliam-se as chances de
cura”, ressalta Leila Flores.

