Susipe e TJE irão atualizar controle prisional do Pará no Banco Nacional do CNJ



O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) implantará a partir de maio o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões 2 (BNMP 2.0), que vai manter atualizado o cadastro nacional de pessoas privadas de liberdade em todo o país.  O sistema BNMP 2.0 tem o objetivo de integrar todos os Tribunais de Justiça do país com os dados da pessoa presa. No Pará, a atualização será feita por servidores do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJE), em parceria com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe).

A iniciativa representa um desdobramento de uma decisão do Superior Tribunal Federal (STF), que em agosto de 2015 determinou que o CNJ tomasse providências em relação à crise do sistema carcerário. De acordo com o CNJ, o Banco Nacional de Mandados de Prisão foi integrado em 2011 e já possibilitava o registro e consulta de informações sobre mandados de prisão, mas com a atual crise no sistema carcerário brasileiro se viu a necessidade de dados mais amplos e informações confiáveis, para permitir o planejamento necessário para mudar essa realidade.

“A sigla não mudou, mas o BNMP 1.0 era uma lista dos mandados de prisões decretadas. Hoje, a sistemática mudou. Temos BNMP como Banco Nacional de Monitoramento de Presos. O centro deixou de ser o mandado e passou a ser o indivíduo. Assim, hoje, o que se faz em primeiro lugar ao ingressar no Banco é verificar se aquela pessoa já está cadastrada. Antes íamos simplesmente adicionando mandados ao banco. Agora sempre que um ato relacionado à prisão ou liberdade for praticado deverá ser utilizado, um mandado de prisão, um alvará de soltura, um contra mandado de prisão (cancelamento de mandado ainda não cumprido), uma certidão de cumprimento do mandado e assim por diante”, informou o Caio Marco Berardo, juiz Titular da Vara de Execuções Penais (VEP) de Marabá.

Segundo o CNJ, o cadastro vai trazer mais segurança para a sociedade e permitirá que o poder Judiciário tenha mais eficiência, já que todas as informações sobre pessoas procuradas pela Justiça ou presas em todo o Brasil estarão, agora, integradas. A partir da alimentação dos dados, o Poder Judiciário criará um banco de dados dinâmico e de abrangência nacional. Assim que inserido no sistema, o detento recebe um número único de identificação, que vai unificar informações como mandados de prisão, alvarás de soltura, pena e total do tempo já cumprido. Dessa forma, antes de um preso ser liberado, será mais fácil e rápido identificar se ele tem mais condenações, inclusive em estados diferentes.

“Cada Vara Criminal é responsável por inserir os seus  presos provisórios e mandados pendentes, da mesma forma cada VEP os seus presos em execução. Ocorre que as varas que têm competência de execução penal possuem um acervo desproporcional. Enquanto uma vara criminal de grande movimento tem, por exemplo, 100 presos provisórios e no máximo 150 mandados pendentes de cumprimento, a Vara de Execuções de Marabá tem mais de mil e a de Belém tem quase 10 mil, cada uma conta mais ou menos com um funcionário para 350 processos. Por isso aqui precisaremos de colaboração da Susipe que também se beneficiará com o cadastro”, explicou o juiz.

Segundo o juiz Auxiliar da presidência do CNJ, Alexandre Takashima, equipes de tecnologia de todos os Estados estão em contato com o CNJ para definir os parâmetros necessários para se criar um banco de dados geométrico. O banco é importante para que todas as autoridades de segurança pública fiquem cientes do número exato da população carcerária do Brasil, já que alguns órgãos têm divulgado dados diferentes sobre o contingente de presos, em números que variam de 621 mil a 654 mil. Até o momento, quatro estados já inseriram 100% das informações no novo sistema: Roraima, Goiás, Sergipe e Amapá.

A Susipe já utiliza desde 2015 o Sistema de Informações Penitenciárias do Pará (Infopen), anteriormente chamado de Sistema de Controle Prisional (Siscop). O sistema que reúne dados pessoais, jurídicos, atendimentos prestados aos custodiados pela Susipe, na área da saúde e educação e dados dos visitantes, contribuirá com o Tribunal de Justiça do Estado, repassando essas informações.  

“O Infopen já é utilizado por todos os órgãos de segurança pública do Estado e agora só estamos aguardando um posicionamento do Tribunal de Justiça do Estado para ver quais informações eles precisam que sejam repassadas e como essa comunicação será feita, que provavelmente será feita pelo Sistema Libra, que é a ferramenta de Gestão de Processos Judiciais do Poder Judiciário do Pará”, informou Renan Almeida da Silva, gerente de desenvolvimento de sistemas da Susipe.

Atualmente, o Infopen possui cerca de 160 mil cadastros de custodiados e egressos. A cada ano, a equipe de desenvolvedores de sistema do Núcleo de Tecnologia e Informação (NTI) da Susipe, trabalha para criar novas atualizações para o programa, com o objetivo de deixar a ferramenta mais eficiente e fazer com que a busca pela informação seja mais precisa.

“Desde quando o Infopen foi criado aqui no Estado, nós implantamos o módulo de visitante, de unidades prisionais e agora estamos trabalhando no módulo de trabalho e produção. Os dois primeiros disponibilizam dados da quantidade de visitantes e da movimentação na casa penal e o de trabalho e produção irá mostrar o trabalho de ressocialização que é feito dentro da casa penal, ou seja, quais atividades são desenvolvidas pelos detentas. Estamos em fase de testes e brevemente ele também será implantado no sistema”, relatou Renan.