Informação é a melhor maneira de prevenir o câncer de ovário

 Médica oncologista Paula Sampaio - Foto: divulgação



8 de maio é o Dia Mundial do Câncer de Ovário. Criada em 2013, a data é difundida por uma ONG sem fins lucrativos chamada Coalizão Mundial de Câncer de Ovário, que tem a parceria de mais de 130 organizações ligadas a essa doença. Em 2017, mais de 400 mil pessoas, em quase 50 países, foram impactadas por informações que podem salvar a vida de milhares de mulheres. O câncer de ovário é o sétimo câncer mais comum e a oitava causa mais comum de morte por câncer em mulheres no mundo. 230 mil novos casos são diagnosticados anualmente. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 6.150 casos novos em 2018. Dos 270 casos esperados para a região Norte, 110 serão no Pará – 60 em Belém. 

Embora o câncer de ovário não tenha uma incidência tão alta quanto o de mama e o de colo de útero, por exemplo, entre os chamados cânceres ginecológicos é o mais letal. São 150 mil mortes por ano. O fato de o câncer de ovário não estar entre os mais frequentes faz com que ele seja negligenciado e subfinanciado - no entanto, todas as mulheres correm o risco de desenvolver essa doença. A sobrevida do câncer de ovário, em 5 anos, varia entre 30% a 45%. Em comparação, as taxas de sobrevida do câncer de mama, também em 5 anos, variam de 80% a 90%.

“O problema é que, ao contrário de outros tumores, que podem ser rastreados, o câncer de ovário é uma doença silenciosa. A mamografia anual é indicada para as mulheres, a partir dos 40 anos, para detectar precocemente o câncer de mama. O Papanicolau, que é um exame simples e barato, é indicado para todas as mulheres, também anualmente, a partir do início da atividade sexual. Para o câncer de ovário não há indicação de exames de rastreamento”, lamenta a médica oncologista Paula Sampaio.

Se uma mulher experimenta um ou mais dos seguintes sintomas freqüentemente, é importante que ela os discuta com seu médico.

Aumento do tamanho abdominal / inchaço persistente (não inchaço que vem e vai)
Dificuldade em comer / sentir-se cheio rapidamente
Dor abdominal ou pélvica
Necessitando de urinar com mais urgência ou mais frequência

Embora esses sintomas sejam frequentemente associados a condições mais comuns e menos graves, é melhor examiná-los.

Ana Lúcia com o marido e a filha, Victoria Poliana e Raimundo Maurilho 
A falta de conhecimento sobre essa doença e seus sintomas faz com que cerca de 3/4 dos cânceres de ovário estejam em estágio avançado no momento do diagnóstico. Foi o caso da cabelereira Ana Lúcia Magalhães, de 44 anos. Ela não dava muita importância para os sintomas que tinha: inchaço abdômen e pelve, perda de apetite, cansaço constante. Foram meses acreditando que o mal estar era relacionado ao excesso de trabalho, até precisar de atendimento médico.

Em setembro de 2015, Ana Lúcia passou uma semana internada. Os exames confirmaram a existência de tumores no ovário direito e no estômago e havia indicação cirúrgica. Foi necessário fazer uma histerectomia total, com retirada de útero, ovários e trompas, seguida de quimioterapia.

Mesmo assim, a doença voltou nove meses depois. Na recidiva, foram afetados o fígado e o peritônio. “A metástase me fez descobrir que tenho uma mutação genética com mais de 95% de chances de ter esse tipo de câncer. Faço quimioterapia via oral sem prazo para concluir o tratamento. Minha vida agora é manter o controle do câncer”, conta Ana Lúcia. “A gente nunca imagina ter uma doença como essa, e sabe pouco a respeito. Mas não adianta ter arrependimento, precisamos aproveitar a lição e fazer diferente, cuidar da saúde e não se deixar entregar, porque o câncer se alimenta disso também”, conclui.

Prevenção primária - A médica Paula Sampaio orienta sobre prevenção. “Um maior número de ciclos ovulatórios aumenta o risco de câncer de ovário e, inversamente, um número menor de ciclos (por exemplo, durante a gravidez e a amamentação) reduz o risco. A pílula anticoncepcional pode reduzir quase pela metade o risco de câncer de ovário, se tomada por cinco anos ou mais”.

Prevenção secundária – “Quando o câncer de ovário é detectado em um estágio inicial - quando a doença permanece confinada no ovário - até 90% das mulheres são propensas a sobreviver por mais de cinco anos. Isso se compara a 17% sobrevivendo cinco ou mais anos quando o câncer se espalhou para outras partes do corpo. Uma mulher que tenha sintomas sugestivos de câncer de ovário deve ser encaminhada diretamente a um especialista para obter um diagnóstico preciso”, finaliza a médica.