Reunião entre representantes de
órgãos do governo na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico,
Mineração e Energia (Sedeme), realizada nesta quinta-feira, 3, tratou sobre a
viabilidade econômica e social da proposta apresentada na semana passada pelo
consórcio Norte Energia, que construiu Belo Monte, que ofertou ao Estado uma
área contendo 2.600 casas e um porto que custou R$ 120 milhões, localizados a
50 quilômetros de Altamira e a 80 quilômetros de Vitória do Xingu.
Participaram o titular da Sedeme,
Eduardo Leão; Fábio Lúcio Costa, presidente da Companhia de Desenvolvimento
Econômico (Codec); Haroldo Bezerra, presidente da Companhia de Portos e
Hidrovias do Pará (CPH); Rubens Cardoso, da Universidade do Estado do Pará
(Uepa); Maria Amélia Henriquez, secretária-adjunta da Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet) e técnicos de todos
estes órgãos.
O secretário Eduardo Leão abriu a
reunião informando que o encontro era justamente para se avaliar as informações
preliminares, encaminhar estudos de viabilidade e consultas a agentes
econômicos e administrativos, para então, em algumas semanas, se tomar uma
decisão definitiva.
As casas, de dois, três e quatro
quartos, são de material pré-moldado, com durabilidade mínima de 25 anos. A
área já tem ampla infraestrutura, como asfalto, água, energia, supermercados,
linha de ônibus e saneamento. “É maior que Carajás”, informou Eduardo Leão.
Uma das ideias já consideradas é
desmontar as casas e locar ou vender para novos empreendimentos na região, como
o projeto de exploração de ouro pela empresa canadense Belo Sun. O projeto está
parado, buscando resolver entraves ambientais, mas é dado como viável nos
próximos anos.
Outra ideia a ser aprofundada é a
destinação das casas para projetos públicos de habitação ou até de um campus
universitário, após se resolverem as dificuldades geradas pelas distâncias para
Altamira e Vitoria do Xingu.
Já há empresas interessadas em
parte da área. Uma delas avalia a construção de um complexo envolvendo campi
universitários e a construção de um resort para turismo de natureza (a pesca em
Altamira atrai aficionados de todo o mundo).
Outros dois projetos avaliados, e
que seriam viabilizados diretamente com a interveniência do governo do Estado,
em forma de política pública, seria a construção de um Distrito Industrial
aproveitando a infraestrutura da área e também a construção de uma Estação de
Transbordo de Cargas (ETC), que encurtaria distâncias rodoviárias entre a
região e os portos de Vila do Conde, em Barcarena, e de Santana, no Amapá.
De acordo com Maria Amélia, da
Sectet, já foi feito um estudo preliminar da viabilidade econômica da região e
mapeadas oito cadeias econômicas prioritárias, entre elas a do cacau, pecuária
(corte e leite), fruticultura e produção de alimentos em geral. O Distrito
Industrial abrigaria empresas nestas áreas, além de pesquisas e fabricação de
fármacos. A Associação Comercial de Altamira é um dos parceiros nos estudos e
na possível implementação do DI.
Quanto à Estação de Transbordo de
Cargas (utilizando o porto como plataforma logística), o segmento-âncora seria
o de commodities, com destaque também para alimentos e grãos, especialmente a
soja. O porto, com uma rampa de mais de 100 metros e calado de 2,8 metros, atenderia
diretamente à economia e ao desenvolvimento de 12 municípios do entorno.
Maria Amélia lembrou que uma das
questões essenciais será o modelo de gestão dos projetos, caso se decida pela
implantação, com a provável criação de uma Organização Social para administrar.
Ao final, o secretário Eduardo
Leão marcou nova reunião para o dia 6 de junho, com a participação de agentes
empresariais e administrativos de Altamira e região, e pediu aos participantes
que aprofundassem os estudos e a viabilidade econômica das propostas, para
então se tomar uma decisão definitiva em relação à oferta da Norte Energia e
quais as condições aceitáveis para que o repasse dessas estruturas sejam
viáveis para o Estado.