Durante o período de intensas
chuvas há o risco de aumento da incidência de leptospirose, doença infecciosa
transmitida pela urina de roedores, como rato, ratazana e catita. Só no ano
passado, 110 casos foram registrados no Pará, cinco a menos dos confirmados em
2016. O quadro mais grave foi em 2014, com 149 pessoas diagnosticadas com a
doença.
No intuito de amenizar esse
cenário em 2018, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da
Coordenação Estadual do Controle de Zoonoses, está treinando agentes de
zoonoses de diversos municípios na “Capacitação em Controle de Roedores Urbanos
para Vigilância em Leptospirose”, que prossegue até quinta-feira (10), na sala
Mário de Andrade, do hotel Grand Mercure, em Belém.
O curso, realizado em parceria
com a Coordenação-Geral de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, é
ministrado pelo biólogo Eduardo de Masi, analista em Saúde e membro da
Coordenação do Programa de Vigilância e Controle de Arboviroses da Secretaria
Municipal de Saúde de São Paulo (SP). Mais de 60 profissionais participam da
atividade.
De acordo com o médico
veterinário Fernando Esteves, coordenador de Zoonoses da Sespa, o objetivo é
capacitar agentes de zoonoses nas ações voltadas ao combate aos transmissores.
“Nosso objetivo é o controle dos roedores com foco em diminuir os casos de leptospirose,
doença transmitida pela urina desses animais”, explicou.
Temática - Entre os temas
abordados na capacitação estão áreas de riscos, biologia dos roedores urbanos,
técnicas de controle, inspeção domiciliar e em vias públicas, além de aplicação
do produto de combate aos roedores, incluindo atividade prática.
Segundo o protocolo do Ministério
da Saúde, a leptospirose é doença endêmica, tornando-se epidêmica em períodos
chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às enchentes
associadas à aglomeração populacional de baixa renda, às condições inadequadas
de saneamento e à alta infestação de roedores infectados. Algumas profissões
facilitam o contato com as leptospiras (bactérias causadoras da doença), como
trabalhadores em limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de
resíduos, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores,
militares e bombeiros. Contudo, a maior parte dos casos ainda ocorre entre
pessoas que habitam ou trabalham em locais com infraestrutura sanitária
inadequada, expostas à urina de roedores.
Há registros de leptospirose em
todas as unidades da Federação, com maior número de casos nas regiões sul e
sudeste. A doença apresenta uma letalidade média de 9%. No Pará, 13 pessoas
morreram em 2017 devido a complicações causadas pela doença. No ano anterior,
foram 10 óbitos, enquanto 26 morreram em 2015.
Entre os casos confirmados,
homens na faixa etária entre 20 e 49 anos estão entre os mais atingidos, embora
não haja uma predisposição de gênero ou de idade para contrair a doença. Quanto
às características do local provável de infecção (LPI), a maioria ocorre em
área urbana, e em ambientes domiciliares.