Foram
disponibilizadas 6 mil vacinas – administrada em quatro doses –, mil soros e
entregues 500 mosquiteiros para a população da região. As ações se concentram
em localidades ao longo do rio Laguna, cerca de 70 km da sede de Melgaço, onde
residem aproximadamente 3.000 pessoas.
Lucineia
Pinheiro, moradora da comunidade São José, foi uma das pessoas vacinadas. “A
gente tem que vacinar os filhos da gente para prevenir. Todas as pessoas da
minha família foram vacinadas. Falta só o meu marido, que só vai vacinar quando
voltar do trabalho”, explica.
Maria
Pantoja também foi vacinada e fala sobre a importância da ação. “Nunca tinha
acontecido isso e agora estamos sendo atendidos. Muitos da minha família ainda
não tomaram a vacina, mas muitos da comunidade já tomaram”, finaliza.
O
médico e diretor do Departamento de Controle de Endemias da Sespa, Bernardo
Cardoso, informou que as equipes só conseguiram chegar nesta quarta devido ao
mau tempo. Cerca de 30 pessoas estão trabalhando com a demanda no município,
entre servidores da Sespa e do quadro municipal.
As
equipes contam com a ajuda de quatro lanchas grandes e outras quatro pequenas
para chegar até as localidades de difícil acesso. “Além disso, temos dois
barcos grandes e outro barco maior do município de Melgaço, que está como ponto
de apoio. Isso vai durar pelo menos trinta dias”, prevê o diretor, que ainda
ressaltou que o trabalho será encerrado apenas quando as equipes confirmarem
que não há mais risco para a população.
Números
- A Sespa informa que, até esta quarta-feira, já foram confirmados
laboratorialmente, pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) e pelo Instituto
Pasteur, cinco casos de raiva humana entre os 14 casos notificados com a doença
em Melgaço. Dos cinco confirmados, três foram a óbito e dois permanecem
internados. No total, foram oito óbitos, dos quais quatro não tiveram material
coletado para exame.
Quatro
pacientes seguem internados, sendo três no Hospital da Santa Casa, em Belém, e
um no Hospital Regional de Breves. Todos estão em estado considerado grave.
Os
pacientes têm quadro semelhante, com sinais e sintomas como febre, dispneia,
cefaleia, dor abdominal e sinais neurológicos - paralisia flácida ascendente,
convulsão, disfagia (dificuldade de deglutir), desorientação, hidrofobia e
hiperacusia (sensibilidade a sons, principalmente agudos).
Parceria
entre Estado e Município
As
ações realizadas pela Sespa e em andamento são: investigação epidemiológica dos
casos suspeitos, com a revisão de prontuários dos pacientes e entrevista de
familiares nas localidades de residência; há também o apoio da Secretaria de
Saúde de Melgaço, no registro de informações e atualização dos sistemas de
informação, além da intensificação da vacina à população.
O
trabalho está sendo feito juntamente com a Agência de Defesa Agropecuária do
Estado do Pará (Adepará) e Ministério da Saúde. Entre as várias tarefas da
Adepará estão capturas de morcegos, deslocamento de técnicos para áreas com
foco e vacinação. A Agência também realiza ações de educação sanitária com
produtores rurais, moradores e servidores de órgãos públicos, como prefeituras
e secretariais municipais, alertando para a importância de informar à Agência e
à Vigilância Sanitária qualquer suspeita da doença e ataques de morcegos a
animais e seres humanos.