Nesta quinta-feira, 21,
acontecerá, no Centro de Eventos Bendito Nunes da UFPA, o lançamento do Belém +
30, congresso nos moldes do Fórum Social Mundial, que reunirá participantes de
todo o planeta, incluindo povos indígenas de vários países, quilombolas e
demais integrantes de populações tradicionais. Cerca de 2 mil pessoas são
esperadas para o evento, a maioria vinda de estados brasileiros e países
participantes.
O lançamento será uma mostra da
grandiosidade do evento que reúne o XVI Congresso Internacional de
Etnobiologia, o XII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, a IX
Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e, também, a I Feira Mundial
da Sociobiodiversidade. O congresso mistura conhecimentos tradicionais e
científicos e terá a participação de várias instituições de ensino e pesquisa
da região, sob a coordenação da Universidade Federal do Pará e do Museu
Paraense Emílio Goeldi.
No lançamento, haverá
apresentação de grupos culturais quilombolas, música, dança, presença de
líderes indígenas e experimentos de ciência. Além de reitores e dirigentes de
instituições de ensino e pesquisa da região, estarão presentes representantes
da Sociedade Internacional de Etnobiologia, que tem sede nos EUA.
A programação de lançamento
também será marcada pela palestra "Belém, Biodiversidade, Direitos
Indígenas: 30 anos Depois", que será proferida pelo pesquisador Charles
Clement, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA. Ele participou
da primeira edição do Congresso Internacional de Etnobiologia, realizada na
capital paraense em 1988. Assim, ajudou na concepção e elaboração da Declaração
de Belém, pensada por pesquisadores das ciências sociais e naturais,
ambientalistas e representantes indígenas de 25 países que na época marcaram
presença no congresso. Hoje, a Declaração de Belém norteia o trabalho dos
pesquisadores em relação a garantia dos direitos de povos indígenas e
comunidades tradicionais.
"A Declaração de Belém,
inclusive, teve influência em alguns artigos da Convenção da Diversidade
Biológica, um documento, que muitos países assinaram, sobre essa questão dos
direitos dos povos tradicionais. Por tanto, a declaração é uma espécie de
regimento a ser seguido e a ser observado com afinco pelos pesquisadores. A
gente sabe que as leis, hoje, estão cada vez mais sendo reformatadas no sentido
de condicionar essas comunidades tradicionais que são detentoras desse
conhecimento sobre a biodiversidade", afirma o professor e pesquisador da
UFPA, Flávio Barros, da Comissão Organizadora do Belém+30.
O Belém+30 vai ser realizado no
período de 7 a 10 de agosto, no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, na
capital paraense. Mais de 40 países já confirmaram presença nesta edição do
congresso, incluindo China, Quênia, Hungria, Tailândia, Estados Unidos,
Holanda, México, Argentina, Portugal, Canadá, França, Equador, Tadjiquistão,
Reino Unido, Suriname, Japão, Angola, Argentina, Nova Zelândia, Guiana Francesa,
Finlândia, Chile, Peru, República Popular da China, Austrália, Paraguai,
Alemanha, Polônia, Índia, República Guiana, Colômbia, Quirquistão, Suécia,
Croácia, Republica da África do Sul, Espanha, Mocambique.
Com o tema central "Belém
+30: os direitos dos povos indígenas e as populações tradicionais e o uso
sustentável da biodiversidade, três décadas após a Declaração de Belém", o
principal objetivo do evento é refletir sobre as conquistas e os desafios da
carta de Belém, três décadas depois do primeiro encontro internacional de
Etnobiologia.
Para o professor Flávio Barros,
hoje a biodiversidade gera na geopolítica global muitos conflitos de interesse.
"Por um lado, tem o grande capital, o agronegócio ou as grandes empresas
querendo se apropriar de maneira capitalizada da biodiversidade, para uma
perspectiva de lucro. Por outro lado, temos as comunidades tradicionais, os
agricultores, os povos indígenas que mantém um outro tipo de relação com a
natureza. É uma biodiversidade que é útil a reprodução da vida, tanto no campo
material como simbólico. E essa biodiversidade tem o objetivo principal de
trazer o bem viver para essas pessoas".
Programação Belém+30 - Durante os
quatro dias oficiais do evento, em Belém, o público vai participar de
palestras, sessões acadêmicas, mesas de trabalho, sessão de pôsteres,
minicursos e uma extensa programação artístico-cultural com apresentações de
carimbó, lundu, marujada, guitarrada, capoeira, tambor de crioula, cordão de
pássaros, bois, entre várias outras manifestações. O objetivo é proporcionar o
intercâmbio e o fortalecimento da identidade cultural, a partir da diversidade
dos grupos étnicos de várias partes do planeta e que estarão presentes no
Belém+30. Entre as principais atrações do encontro, destaque ainda para a
primeira feira mundial só com produtos da sociobiodiversidade. A intenção é
promover a produção familiar e a forma como as comunidades se relacionam com a
floresta para a obtenção de seus patrimônios, sejam alimentares, material ou
imaterial.
O evento é promovido pela
Sociedade Internacional de Etnobiologia (ISE) e a Sociedade Brasileira de
Etnobiologia e Etnoecologia (SBEE). Em Belém, a organização é da Universidade
Federal do Pará (UFPA), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e Fundação de
Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), em parceria com diversas outras
instituições de ensino e pesquisa da região, incluindo a Secretaria Estadual de
Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet, a
Universidade Estadual do Pará (UEPA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia
(UFRA). Incrições e informações em www.ise2018belem.com.
Serviço:
Lançamento Belém+30
Data: 21 de junho de 2018
Hora: 9h
Local: Centro de Eventos Benedito
Nunes da UFPA.
Entrada franca e sem
necessidadade de inscrição.