Médica Paula Sampaio dá dicas para se proteger do sol - Foto Divulgação |
Esprema limão, acrescente
cachaça, açúcar e gelo. Tão conhecida quanto a receita da bebida que é a cara
do país tropical onde vivemos são os cuidados que todos os brasileiros precisam
ter ao se expor ao sol. Mas, infelizmente, saber não é fazer. É o que revela
uma pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, sob coordenação da Sociedade
Brasileira de Dermatologia. A pesquisa, uma radiografia do hábito de exposição
solar do brasileiro, apresenta dados alarmantes:
70% da população acima de 16
anos, o que corresponde a 106 milhões de brasileiros, se expõem ao sol de forma
intencional. Mas 63% (95 milhões) não usam protetor solar no dia a dia. 6
milhões (mais de 4% da população) não se protegem de forma alguma quando estão
na praia, piscina, cachoeira, banho de rio ou lago. O resultado disso: 4,5
milhões de brasileiros já tiveram câncer da pele.
O Datafolha avaliou os hábitos de
fotoproteção de 2.069 brasileiros, em 130 municípios. “A pesquisa é importante
para que possamos tomar iniciativas mais efetivas de prevenção ao câncer da
pele. Ainda temos grande parcela da população que não se previne adequadamente.
Precisamos reverter este quadro”, alerta a oncologista clínica do Centro de
Tratamento Oncológico, Paula Sampaio.
O câncer da pele responde por 33%
de todos os diagnósticos da doença no Brasil. O Instituto Nacional do Câncer
(INCA) registra, a cada ano, cerca de 180 mil novos casos. O tipo mais comum, o
câncer da pele não melanoma, tem letalidade baixa, porém, seus números são
muito altos. Mais raro e letal é o melanoma, o tipo mais agressivo de câncer da
pele.
Antônio Casemiro Della Lastra, 78
anos, é técnico de máquinas, motores e veículos e está acostumado a trabalhar
ao ar livre, exposto ao sol. Por causa disso, ele briga com sinais no rosto há
mais de 20 anos. O primeiro sinal foi percebido pela esposa, que o levou ao
dermatologista. Na época, foram tiradas 4 lesões de câncer não melanoma. “Eram
lesões pequenas, quase não dava para perceber, mas a recomendação era a
retirada dos sinais”, lembra ele. De lá pra cá, sempre que aparecem sinais
estranhos, Antônio vai logo ao especialista e faz o procedimento.
O mais grave foi retirado há
cerca de 4 anos, uma lesão que atingia as duas bochechas e o nariz. “Demorei a
ir ao médico e esse sinal me deu mais trabalho, porque era uma área muito
grande para fazer a extração da lesão. Levei 60 pontos no rosto. Mas não
ficaram nem marcas depois”, garante. O último sinal foi eliminado no ano
passado. “Nem todas as lesões eram câncer. Depois do primeiro, você acaba
fazendo a extração de sinais de forma preventiva, para evitar que evolua para o
câncer de pele”, explica seu Antônio.
Hoje, ele vai ao dermatologista
regularmente, usa filtro solar e evita o sol.
A médica Paula Sampaio explica
que o câncer de pele resulta de um crescimento anormal e descontrolado de
células da pele. Existem vários tipos de câncer de pele e todos acabam tendo
uma ligação, em níveis diferentes, com a exposição aos raios solares. “A gravidade
do melanoma – o tipo mais grave - se dá quando acontece o diagnóstico tardio.
Se descoberto no início, há quase 100% de chances de cura”.
A prevenção é a grande aliada no
combate dessa doença. Pessoas com história familiar da doença, que possuem pele
e/ou olhos claros, cabelos loiros ou ruivos, que se expõem ao sol com
frequência ou a agentes químicos e que possuem muitas pintas pelo corpo
constituem a população de maior risco para desenvolver câncer de pele.
Filtro solar - Independentemente
da temperatura ou estação, é imprescindível utilizar o protetor todos os dias.
“O recomendado é usar filtro solar com fator de proteção (FPS) igual ou
superior a 30, espalhando bem pelo corpo todo, pelo menos 20 minutos antes da
exposição ao sol”, explica a oncologista Paula Sampaio.
Além disso, consultas regulares
com os médicos devem fazer parte da rotina de cuidados. “Atualmente, as pessoas
estão mais conscientes sobre o uso do protetor solar, mas ainda não é o ideal.
O câncer de pele pode demorar anos para se desenvolver. Portanto, prevenir hoje
é a chave para não sofrer as consequências no futuro”, conclui Paula Sampaio.
A regra do ABCDE - Significa
observar a Assimetria (se uma metade da pinta está semelhante à outra metade),
Borda (caso os contornos da lesão estejam irregulares, dentados, chanfrados ou
com sulcos, é recomendável procurar um especialista), Cor (observar se a
coloração é a mesma em toda a pinta e se não há diferentes tons de marrom,
preto e, às vezes, azul, vermelho e branco), Diâmetro (a pinta não pode ter
mais de 0,5 cm) e Evolução (que é um critério melhor avaliado pelos
especialistas, que observam a profundidade da lesão e se há metástase). Na
dúvida, procure um dermatologista.
Recomendações
* Faça um autoexame de pele
regularmente e observe se há alguma mancha, lesão, ferida, sinal ou pinta nova
ou que apresente alguma modificação. Não se esqueça de examinar também a palma
das mãos, os vãos entre os dedos, a sola dos pés e o couro cabeludo;
* Evite a exposição excessiva ao
sol, principalmente entre 10 e 16 horas. Use filtro solar com proteção adequada
ao seu tipo de pele, além de chapéu e roupas para se proteger;
* Evite as queimaduras de sol,
principalmente durante a infância e a adolescência, fase em que as pessoas
costumam expor-se mais ao sol;