A Polícia Civil e a Secretaria de
Estado de Educação se pronunciaram, nesta quinta-feira (5), em entrevista a
jornalistas, na sede da Delegacia-Geral, em Belém, sobre o caso da briga que
envolveu duas estudantes adolescentes de uma escola pública estadual, no mês
passado, no bairro da Pratinha II, em Belém. A confusão foi filmada e as
imagens divulgadas nas redes sociais. No vídeo, é possível ouvir a mãe de uma
delas incentivar a filha a agredir e a usar uma faca para ferir a rival. A
agressora e a vítima têm 14 anos. As investigações resultaram em dois
procedimentos policiais. Um deles foi o inquérito policial no qual a mãe da
menor agressora foi indiciada por tentativa de homicídio. A adolescente acusada
responde a outro procedimento apuratório que será encaminhado ao Ministério
Público, para adoção de medidas socioeducativas previstas no Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA).
Segundo o delegado Roberto Gomes,
diretor da Divisão de Atendimento ao Adolescente (Data), o caso chegou ao
conhecimento da Polícia Civil por meio do vídeo que "viralizou" nos
grupos de aplicativo via celular. As imagens foram fundamentais para a
conclusão das investigações. Segundo a mãe da vítima, que registrou boletim de ocorrência
em 6 de junho passado, o crime ocorreu no dia anterior, após as alunas
terminarem uma prova na escola e se encontrarem na rua. As investigações
mostraram que a briga foi motivada por desentendimentos anteriores entre as
garotas em um grupo de aplicativo de comunicação via celular. No dia do crime,
a vítima foi abordada pela acusada que estava ao lado de sua mãe.
Nas imagens divulgadas, é
possível perceber que a agressora já estava de posse de uma pequena faca, que
usa para tentar golpear a vítima na região do tórax e abdômen, mas não
consegue. No entanto, a vítima teve um corte no lado direito do rosto. Ao tomar
conhecimento do crime, a equipe de policiais civis da Data foi ao local do
crime, e esteve nas casas da vítima e da acusada. A mãe e a menor agressora não
foram encontradas na ocasião. Segundo o delegado, ao saberem que estão sendo
investigadas, mãe e filha viajaram para o interior do Estado com medo de
represálias. Um advogado contratado entrou em contato com a Data para
intermediar a apresentação das duas para prestarem esclarecimentos, o que
ocorreu cerca de uma semana após a briga.
Em depoimento, a adolescente
acusada confessou ter desferido os golpes de faca que, por pouco, não atingiram
a vítima em áreas vitais do corpo e que poderiam resultar na morte da aluna.
"Como não houve a apreensão em flagrante da menor, ela está respondendo em
liberdade", explica. A escola foi procurada pela Polícia Civil para
repassar informações de interesse à apuração do fato. A vítima recebeu
atendimento no setor social da Data, que é formado por assistentes sociais e
psicólogas, e também por exame pericial de corpo de delito. Testemunhas foram
ouvidas e confirmaram a versão apresentada pela vítima. O delegado Roberto
Gomes ressalta que a Polícia Civil e Data têm atuado de forma preventiva nas
escolas, por meio de orientações e palestras voltadas aos professores e alunos,
com objetivo de evitar casos de violência.
A psicóloga Rafaella Batista, da
Coordenadoria de Ações Educativas Complementares (Caec) da Secretaria de Estado
de Educação (Seduc), explicou que a Secretaria tem atuado, de forma preventiva
nas escolas públicas, para evitar casos de violência entre estudantes.
"Temos um projeto chamado Bem Conviver que tem sido levado às escolas para
trabalhar a cultura de paz. Através de uma parceria com a Fundação Cultural do
Pará para exibição de filmes utilizados na discussão sobre a temática",
detalha. O objetivo do trabalho é que os alunos sejam disseminadores da cultura
de paz. O projeto também atinge professores e coordenadores pedagógicos, que
são orientados sobre como atuar em casos de violência nas escolas. Segundo ela,
as meninas envolvidas na briga estão estudando em escolas diferentes
atualmente. Ela detalha ainda que não só as alunas, como as famílias delas
estão recebendo acompanhamento da escola.