Aumento da obesidade infantil preocupa especialistas




Crianças, novas tecnologias, violência urbana e o surgimento de um grande problema: a obesidade infantil.  Em uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, foi constatado que o número de obesos entre crianças e jovens cresceu mais de 60% em uma década. A especialista em endocrinologia do Hospital Jean Bitar (HJB), em Belém, Lena Stilianidi Garcia, aponta dois grandes vilões: a falta de uma dieta balanceada e o sedentarismo.

Segundo a médica, a obesidade infantil envolve não apenas as crianças, mas pais, escola e até as autoridades. "Comer com saúde, preenchendo os requisitos nutricionais do ser humano, deve ser uma meta para todas as idades. Então, eu não posso impor para a criança os padrões restritivos da alimentação saudável, quando os próprios pais se alimentam de forma errada. A principal forma de educação é dar bons exemplos", explica.

Lena ressalta que os pais são peça fundamental, tanto na prevenção quanto no tratamento de crianças obesas. As escolas e autoridades também têm suas responsabilidades no caso. "Muito dos recursos e da gestão em saúde pública, para lidar com o tratamento/prevenção da obesidade precisa vir do governo. Precisamos mostrar essa cadeia de preocupação. Às vezes, os pais não têm condições financeiras de manter uma dieta equilibrada para seus filhos. É preciso trabalhar em conjunto", afirma.

A médica alerta que o sedentarismo é um fator relevante para desencadear a obesidade nas crianças. "Vivemos hoje uma complicação enorme: o medo, a violência urbana. As crianças estão deixando de brincar nas ruas, para brincar dentro de casa em celulares, videogames. As novas tecnologias assumem o papel do pique esconde, do pega pega, entre outras velhas brincadeiras infantis".

De acordo com a especialista, vale a pena resgatar as atividades ao ar livre. Tirar a criança da frente da tela e levar a parques, jogos e afins. A atividade física não deve ser vista como prática esportiva, mas também como lazer. "Para combater a obesidade infantil é preciso um apoio psicológico também. A criança precisa ter consciência que está doente e que precisa melhorar sua saúde", explica a médica.

Tratando a obesidade

Para saber se a criança já está sofrendo com a obesidade são utilizados gráficos e tabelas que têm como base o Índice de Massa Corpórea (IMC), que é calculado fazendo a divisão do peso de um corpo pela sua altura ao quadrado. A médica lembra: "obesidade não é achometro. É baseada em tabelas específicas".

Quando se fala em tratamento, Lena garante que o melhor caminho é a criança compreender a doença. "Precisamos de uma equipe multiprofissional, com psicólogos também. Eu gosto da conversa, explicar a doença e que ela precisa se cuidar para sua saúde, e não por nenhuma questão estética", afirma. É nesse ponto que os pais são peças fundamentais, para disciplinar, ajudar e dizer não quando for preciso.

A obesidade pode desenvolver na criança o surgimento precoce de doenças crônicas, como as cardiovasculares, diabetes, hipertensão arterial, além de problemas ortopédicos. Para a médica "os pais precisam aprender que, às vezes, dizer não para alimentação errada e sedentarismo é dizer sim para a saúde dos seus filhos".

O HJB dispõe de 70 leitos e é referência estadual para endoscopia digestiva, endocrinologia, reumatologia, geriatria, pneumologia e clínica médica. A equipe  realiza cirurgias de parede abdominal e gástrica e ainda para cirurgias nas vias biliares e intestino. A assistência é prestada para usuários adultos.

O Hospital Jean Bitar funciona na Rua Cônego Jerônimo Pimentel, Bairro do Umarizal. Mais informações: (91) 3239-3800.


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