Cada vez mais a fantasia sobre a
facilidade de ser dono do seu próprio negócio como facilidade e garantia de
lucro está desmistificada para os jovens desta geração: 44% deles não acreditam
que o empreendedorismo seja a melhor forma de ganhar dinheiro. Entre eles, 55%
acreditam que empreender é conseguir colocar em prática os seus sonhos e 64%
concordam que empreendedorismo é mais que ter um negócio, é ter atitude,
iniciativa e criatividade. Isso é o que mostra a recém-lançada edição especial
de empreendedorismo da pesquisa Juventude Conectada, realizada pela Fundação
Telefônica Vivo, em parceria com IBOPE Inteligência e Rede Conhecimento Social.
A pesquisa ouviu 400 jovens entre 15 e
29 anos das classes A, B e C, de todas as regiões do país, em pesquisa
qualitativa, além de especialistas e jovens empreendedores, expondo para a
sociedade o contexto do tema de empreendedorismo. Entre os entrevistados, o
paraense, Miguel das Mercês, de 22 anos, participou ativamente como respondente
à pesquisa e também como colaborador e analista dos dados da pesquisa. Miguel
mora em Ananinduea e gere e aplica programas de empreendedorismo em escolas e
universidades na Junior Achievement Pará.
Os resultados mostraram que, em geral, o
jovem acredita que empreender está associado à realização de propósito e
sonhos, contrapondo o retorno financeiro como premissa. Dentro deste cenário é
possível perceber uma juventude mais consciente sobre o caminho a ser
percorrido para idealização e construção de um negócio. Para os jovens, a
inovação também não é essencial, mas parte de uma atitude empreendedora com
originalidade.
A pesquisa ainda trouxe a consciência do
jovem de que empreendedor é diferente de empresário. Uma pessoa pode ser as
duas coisas ou só uma delas e isso não o invalida. “Um funcionário de uma
empresa pode encontrar soluções para algum problema. Ao se dispor a tornar
aquilo um objetivo a ser realizado pode estar empreendendo” foi uma afirmação
unânime nas discussões do workshop da pesquisa. Do total de jovens
entrevistados, 56% se consideram empreendedores. Entre eles, 70% preferem ter
um negócio próprio desafiando-se a criar produtos e serviços, e 30% preferem
ser empregados de uma empresa, associando o conceito de empreender ao contexto
empresarial partindo de uma atitude empreendedora que agrega aos negócios. 60%
dos jovens acreditam que empreender não é só fazer dinheiro, mas inovar e
transformar ao seu redor, seja com seu negócio ou dentro de empresas.
Neste contexto, o conceito de sucesso
para os jovens tem cruzamento pessoal e financeiro. 60% deles acreditam que
sucesso é ter um negócio de impacto com benefícios pessoais e para sociedade e
56% dos jovens entrevistados acreditam que sucesso é ter um bom lucro.
Outro dado relevante da pesquisa é sobre
os desafios que o jovem enfrenta ao empreender. 56% dos entrevistados discordam
que o jovem tem menos medo de empreender porque tem menos responsabilidade. O
contexto social neste quesito tem grande impacto sobre as possibilidades de se
empreender.
Classe C
Diferente das classes AB, em que 4 em
cada 10 jovens preferem ser empregados ou funcionários de uma empresa, a
juventude da classe C prefere ter o seu próprio negócio a trabalhar em ambiente
corporativo. São 8 em cada 10 pensando dessa forma, por acreditar que assim,
serão protagonistas de suas vidas. Esse aspecto está associado ao contexto
social, que os tornam mais criativos e corajosos justamente pelas dificuldades
de sua condição econômica e social. Esses jovens tendem a ser mais objetivos no
que buscam, procurando algo mais concreto, acreditando que, assim, podem evitar
incertezas do mercado de trabalho.
Na classe C, 57% dos jovens se
consideram empreendedores. Destes, 78% preferem ter o negócio próprio e 22%
preferem ser empregados de uma empresa.
Pense Grande
A Fundação Telefônica Vivo tem o
empreendedorismo como um dos eixos de atuação, junto à educação e cidadania.
Por meio do projeto Pense Grande, estimula o empreendedorismo social e atua com
o objetivo de incentivar o jovem a pensar no tema como uma possibilidade de
vida. O programa visa difundir a cultura do empreendedorismo de impacto social
com tecnologia digital a jovens brasileiros por meio de três estratégias:
Formar, que trabalha com jovens que queiram saber mais sobre o universo do
empreendedorismo, oferecendo ferramentas e estratégias para desenvolver
soluções em suas comunidades; Apoiar, que oferece formação e recursos para que
participantes estruturem suas ações; e Fortalecer, que apoia instituições e
iniciativas para fomentar o tema do empreendedorismo social para sociedade.
Neste contexto, o projeto fornece
ferramentas, estratégias e recursos para desenvolver soluções e estrutura
alguns temas destacados pelos jovens na pesquisa como atitude empreendedora,
habilidades para reconhecimento de contexto social para resolução de problemas
e desenvolvimento de projetos. Ao longo de cinco anos, já mobilizou mais de 50
mil jovens para o desenvolvimento de atitude empreendedora, apoiou 78
iniciativas e incubou 167 jovens.
Em parceria com o Centro Paula Souza,
desde 2016 aplica a metodologia Pense Grande em 47 ETECs e FATECs do estado de
São Paulo, o que permite que a Fundação esteja ainda mais próxima do contexto
educacional ligado ao empreendedorismo. Por estar presente neste cenário, a
Fundação percebe, na prática, a importância do estímulo ao empreendedorismo
ainda no cenário escolar. A pesquisa mostrou que, ainda que o jovem tenha maior
sensibilidade ao novo e predisposição ao aprendizado, por estar em processo de
formação, não se fala sobre empreendedorismo na escola. O foco das discussões
sobre esse tema ainda é restrito em como se inserir no mercado de trabalho.
Parte significativa do que aprende sobre o assunto vem das pesquisas e
formações que realiza por conta própria. De acordo com a pesquisa, 42% dos
jovens concordam que o empreendedor orienta e ensina pessoas ao seu redor.
Assim, fica claro que para além da disponibilidade para aprender, os jovens
veem um empreendedor como alguém que compartilha seu conhecimento.
“A Fundação estimula os jovens a olhar o
empreendedorismo como uma forma de mudança de vida e de perspectivas de futuro,
se tornando protagonistas de suas próprias vidas, realizando seus sonhos e
objetivos. Os resultados da pesquisa reforçam nosso posicionamento e
comprometimento com o tema”, afirma Americo Mattar, diretor-presidente da
Fundação Telefônica Vivo.