Nessa época do ano, em
que o movimento nas praias aumenta consideravelmente, é comum ocorrerem
acidentes com animais marinhos, como arraias, bagres, caravelas e águas-vivas.
Segundo o Corpo de Bombeiros do Pará, no primeiro final de semana de julho,
entre os dias 6 e 7, foram registradas 29 ocorrências em praias paraenses,
contra 21 registros em 2018, aumento de 38%.
Embora nos dias
seguintes as estatísticas tenham apresentado uma pequena redução, em comparação
ao mesmo período do ano passado, (foram 84 ocorrências entre os dias 8 e 14 de
julho deste ano contra 89 em 2018), os cuidados precisam continuar, pois esse
tipo de acidente pode levar a complicações para os veranistas.
Segundo a veterinária e
coordenadora estadual de Zoonoses, Elke Abreu, esse tipo de acidente acontece,
geralmente, quando a maré está baixa e os animais ficam mais próximos da faixa
de areia à espera da maré subir novamente. "Nessa situação, os animais estão
circulando pelo seu habitat natural, nós é que invadimos o espaço deles",
explica a especialista.
No Pará, as ocorrências
são comuns em praias da lha de Mosqueiro, Icoaraci, Salinópolis e Marapanim. Ou
seja, podem ser registradas tanto em praias de água doce quanto de água
salgada. "Em geral, o banhista acaba pisando no animal e, como forma de
defesa, o bicho pode soltar o seu ferrão na vítima, como é o caso da arraia e
do bagre", detalha.
A própria veterinária
vivenciou uma situação assim com o filho Davi, hoje com 10 anos. Na época, ele
tinha seis anos e foi ferrado por um bagre, na praia do Maçarico, em
Salinópolis. "Não teve nada de mais grave, ainda bem. Fomos até os
bombeiros e eles passaram ácido acético no ferimento. Ele havia corrido para um
laguinho e pisou em cima do peixe, que o ferrou. Não arrastou o pé para entrar
na água, como o recomendado", lembra.
Cuidados - Esse, aliás,
é o principal cuidado, segundo a veterinária, para se evitar os problemas com
arraias e bagres: arrastar os pés ao entrar na água, para não pisar sobre os
peixes. No caso das caravelas e águas-vivas, a melhor coisa a se fazer é evitar
mesmo os locais onde esses animais são avistados, conforme explica o capitão do
Corpo de Bombeiros, Leandro Almeida. "É melhor não ficar nos locais onde
já foram registrados acidentes e se afastar caso visualize os animais na água,
pelo menos até o movimento da maré virar, porque, em geral, eles estão
esperando por isso para sair", pontua.
A promotora de vendas
Mayra Palheta, de 32 anos, conhece bem essa situação. A filha dela, a pequena
Luna, então com cinco anos de idade, sofreu uma queimadura por água viva em
dezembro do ano passado, na praia do Lambe, em Marudá. A família estava no
local para curtir os festejos do final do ano. A menina havia entrado na água
para brincar e um animal encostou de leve nela. O suficiente, no entanto, para
causar muita dor à criança.
"Na mesma hora,
ela deu um grito de terror, nós tiramos ela da água e vimos que tinha sido uma
água viva. Voltamos para a casa onde estávamos hospedados e não tivemos mais
lazer, pois ela chorava muito com dor. Por isso, no dia seguinte, primeiro dia
do ano, saímos de Marudá para trazê-la direto para o hospital", conta
Mayra.
Luna teve febre, mas
depois ficou bem. Hoje, no entanto, ainda fica apreensiva ao entrar na água.
"Ela entra sempre olhando muito para todos os lados, ficou assustada
mesmo", conclui.
De toda maneira,
conforme enfatiza o capitão Almeida, logo após o acidente, é importante
procurar o Corpo de Bombeiros para que os primeiros socorros sejam oferecidos.
Em caso de complicações, os bombeiros encaminharão a vítima para o hospital
mais próximo.