O Hospital Regional do Baixo Amazonas
(HRBA), localizado em Santarém, no oeste do Pará, é pioneiro na Região Norte em
dois procedimentos cardíacos. Os pacientes, com cardiopatia congênita, já
usufruem do sucesso das cirurgias, que lhes proporcionaram uma vida normal.
Bruna Silva, 19 anos, nasceu com um
problema cardíaco. "Chamamos de doença ou anomalia de Ebstein. É quando a
válvula está em um posicionamento patológico diferente do normal, o que impede
de exercer a sua função corretamente", explicou o cirurgião cardiovascular
Renê Augusto Gonçalves, chefe da equipe do HRBA.
Segundo ele, a Técnica do Cone, aplicada
na cirurgia de Bruna, é inovadora. "No Norte, ninguém tinha realizado essa
técnica antes. São poucos os casos que acontecem, porque a incidência dessa
doença não é muito grande. É uma cirurgia que não tem muita oportunidade para
se fazer", acrescentou o cirurgião. O procedimento realizado em Bruna é
denominado Plastia Valvar Tricúspide, e foi realizado em abril deste ano. Para
a paciente, o procedimento representou a correção de um problema que a
acompanhava desde o nascimento. "A cirurgia foi um sucesso. A minha
recuperação está indo muito bem, sem complicações. Só tenho a agradecer à
equipe de profissionais que realizou a cirurgia e ao Hospital Regional",
destacou Bruna Silva.
A aplicação da técnica foi importante para
evitar complicações. "Existem, basicamente, dois tipos de cirurgia para
tratar esse problema. E, com essa técnica, conseguimos evitar algumas
complicações. A mais grave seria o bloqueio do Iatricular total, que, nesse
caso, precisaria colocar um marca-passo e o paciente ficaria dependente",
informou Renê Augusto Gonçalves.
Valve-in‐valve - Em
junho, mais uma técnica rara foi aplicada durante um procedimento
cardiovascular. O autônomo Elias Lopes, 51 anos, era cardiopata crônico.
Morador do interior de Belterra - município da Região Metropolitana de Santarém
-, ele já havia passado por duas cirurgias cardíacas, realizadas em Belém, em
2001 e 2010.
O paciente havia trocado a válvula
mitral duas vezes, e teria de trocar novamente, mas devido à gravidade a
cirurgia oferecia um alto risco. A única opção encontrada foi realizar o
procedimento com uma técnica nunca utilizada no Norte do Brasil, o Implante
Valvar por Cateter. Esse implante pode ser feito pela artéria femoral, pela
virilha ou pelo pescoço, ou pela ponta do coração. "Tudo isso sem parar o
coração ou colocá-lo na máquina", destacou o cirurgião.
Elias Lopes reagiu bem à cirurgia. O
procedimento, por ser menos agressivo, possibilitou uma recuperação rápida.
"Eu passei uns dois meses para me recuperar da primeira cirurgia, e essa
aqui, após sete dias, eu já estava me sentindo muito bem. O coração está
batendo bem", afirmou o paciente.
Após a terceira cirurgia, o paciente
deseja apenas qualidade de vida. E isso ele já consegue ao realizar todo o tratamento
perto de casa. "Aqui na terra, o hospital foi 100%. De tudo que eu tenho
vivido, esse foi o melhor hospital pelo qual eu passei. Estou muito, muito
feliz com o atendimento aqui", garantiu Elias Lopes, acrescentando que só
tem "a agradecer. Que eles continuem neste mesmo nível. Sei que o
potencial do ser humano é limitado, mas Deus dá a condição para eles serem
bons".
A inovação da técnica Valve-in‐valve
(uma válvula dentro da outra) é oferecer tratamento a pacientes que não teriam
possibilidades terapêuticas. "Antes, ou a gente tentava uma ação heroica,
com grandes chances de o paciente não suportar, ou ele iria esperar um
transplante, que é muito difícil. Ou pior ainda, o paciente simplesmente morria
de insuficiência cardíaca. E agora conseguimos tratar pacientes graves ou
pacientes idosos", disse Renê Augusto.
Estrutura - O Hospital Regional do Baixo
Amazonas é gerenciado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência
Social e Hospitalar, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde
Pública (Sespa). A unidade atende casos de média e alta complexidade, e presta
serviço 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Norte do País, o hospital avança em
serviços de saúde, com a implantação de programas de transplantes renais,
cirurgias cardíacas e consolidação do tratamento oncológico. A unidade atende
uma população estimada em mais de 1,1 milhão de pessoas, residentes em 20
municípios do oeste do Pará.