A tipologia arquitetônica que desenhou a
face do município de Afuá (PA), na região do Marajó, será o tema desta edição
do ciclo de palestras Conversa Pai d’Égua: falando sobre patrimônio, que ocorre
às 15h desta sexta-feira, 24 de janeiro, em Belém (PA). Com o título
Arquitetura vernacular ribeirinha, Patrimônio Cultural nas Amazônias: o caso de
Afuá, o evento busca abordar o processo de identificação e valoração do
Patrimônio Cultural na região. Realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan), a palestra é aberta ao público em geral.
O município, que possui 39 mil
habitantes, está situado na foz do rio Amazonas, fronteira entre os estados do
Pará e Amapá, a cerca de 79 km de Macapá (AP). No lugar de ruas convencionais,
se espalham pontes de madeira, formando um trapiche que se estende aos limites
da zona urbana. A cidade é marcada pela interação com o regime das águas: a
cheia e a vazante diárias, assim como a maré lançante, com maiores níveis nos
meses de março e abril, marcam o cotidiano dos moradores. Assim, Afuá é
apelidada de “Veneza Marajoara”, uma vez que as ruas foram construídas como
estivas sobre as águas.
A maior parte das casas é feita de
madeira, marca do extrativismo vegetal que por décadas foi o carro-chefe da economia
do Marajó. E são nessas casas que os mestres carpinteiros exercem sua
criatividade, desenvolvendo um estilo arquitetônico próprio. Ricamente
adornadas e pintadas, as residências afuaenses compõem um mosaico multicolorido
nas ruas da cidade. Sobre as estivas em madeira ou concreto, não é permitido
veículos automotores, o que confere mais uma característica marcante à cidade:
a circulação apenas de bicicletas e até do chamado bicitáxi – composto por duas
bicicletas adaptadas, emulando um carro. Esses saberes e práticas afuenses são
questões a serem debatidos na palestra.
“Da arquitetura ribeirinha, o único
exemplo tombado é a Casa de Chico Mendes [Xapuri, Acre]. É nesse sentido que
esses saberes ainda são uma frente para identificação de bens culturais”,
avalia o palestrante e técnico em Arquitetura e Urbanismo do Iphan-PA, Fernando
Mesquita, se referindo ao modo de construção praticado no Marajó e noutras
regiões amazônicas. “Por ser dotada de características distintas dos sítios já
protegidos no Pará, Afuá possibilita novas reflexões sobre bens passíveis de
valoração enquanto Patrimônio Cultural representativo do processo de ocupação
do território brasileiro”, completa Mesquita, que é mestre em Preservação do
Patrimônio Cultural.
Criado em 2012, o ciclo de palestras
Conversa Pai d’Égua: falando sobre patrimônio é uma ação da área de Educação
Patrimonial da superintendência do Iphan no Pará. O evento tem como objetivo
divulgar e refletir sobre as questões mais atuais relativas à identificação,
preservação e salvaguarda do Patrimônio Cultural, trazendo especialistas para
abordar diferentes aspectos a respeito desse tema. Haverá emissão de
certificado de participação ao público.
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*Fotos: Fernando Mesquita
Serviço:
Conversa Pai d’Égua: falando sobre
patrimônio
Data: 24 de janeiro de 2019, às 15h
Local: Superintendência do Iphan-PA
Avenida Governador José Malcher,
1131, entrada pela travessa Dom Romualdo de Seixas – Nazaré, Belém (PA)