“O respeito e a valorização do
patrimônio passa pelo conhecimento, não apenas de órgãos preservacionistas, mas
também de toda a população.”, é o que defende a professora de Arte e de
Arquitetura da Universidade da Amazônia - Unama, Paula Caluff Rodrigues, que é a
palestrante convidada dessa sexta-feira, 24, da programação em homenagem a
Belém realizada pelo Castanheira Shopping.
O tema da palestra é “O Patrimônio
Histórico e Integrado da Cidade de Belém”, com início marcado para às 17 horas,
no Espaço Criança, localizado no 3º piso do shopping. A entrada é franca. “Vou
apresentar muitas imagens de bens de natureza material e imaterial, que fazem
parte do dia a dia das pessoas. Vai ser um convite a olhar para nossa cidade
com mais atenção e carinho, demonstrando a importância da preservação.”,
pontua.
Apesar do tema ser denso, a professora
ressalta que o tratará de forma mais didática para que todos compreendam a
importância de conhecer sobre a história arquitetônica e cultural da cidade
para preservá-la. Ela destaca que muitas pessoas, por desconhecimento, têm
ideia errada sobre diversos assuntos relacionado ao patrimônio, como
acreditarem que o processo de tombamento cancela o direito de posse do bem, ou
que a responsabilidade de conservação do bem tombado (em caso de imóveis
particulares) passa para terceiros ou ainda que os órgãos preservacionistas
atrapalham o progresso das cidades.
“A constituição Federal de 1988 é clara
quando diz que há todo um conjunto de bens portadores de referências à
identidade e memória dos diversos grupos sociais, sejam esses bens de natureza
material ou imaterial, que devem ser protegidos para usufruto de futuras
gerações. E quando falo de patrimônio vejo algo relacionado a mim e à toda
população, e à maneira que nos relacionamos no ambiente que vivemos. É uma
relação entre o eu, o nós e nossa identidade como povo.”, ressalta a
professora.
Ela lamenta, porém, que Belém repita o
cenário de outras cidades do Brasil, onde o patrimônio histórico e cultural não
recebe o tratamento que merece. “A problemática é sempre a mesma: centros
históricos degradados, imóveis abandonados, problemas de segurança e de
infraestrutura, trânsito inadequado... É praticamente a mesma ladainha recitada
em todos os estados brasileiros, com raras exceções.”, observa.
A professora acredita que um dos
caminhos para enfrentar o problema é investir na educação patrimonial e, ainda
mais importante: fomentar o debate entre as instituições e a sociedade. “Ficou
para trás o tempo em que as decisões eram arbitrárias e tomadas de cima para
baixo. É preciso ouvir e dar voz àqueles que vivenciam a realidade do
patrimônio dentro dos centros históricos e em áreas de interesse à preservação.
A partir destes encontros e confrontos é que surgirão boas diretrizes e
políticas públicas que garantam melhores soluções preservacionistas e
conservativas do patrimônio.”, acredita.
Ela chama a atenção também para a
interpretação errônea que muitos fazem dos termos revitalização e restauração,
já que não são sinônimos. A professora explica que a revitalização é uma
estratégia de valorização de áreas de valor patrimonial, mas que se encontram
degradadas e sem uso. “Acho engraçado quando as pessoas falam em revitalização
do Ver-o-Peso, justamente de um local repleto de sociabilidades e atividades. A
revitalização está mais ligada a própria requalificação e refuncionalização do
bem.”, esclarece.
Ela cita como exemplo a Igreja de Santo
Alexandre, que ficou por muito tempo fechada e abandonada, mas que, depois da
restauração, pôde ser reaberta ao público. “Embora suas funções litúrgicas e
paroquiais não tenham sido mantidas, o lugar passou a integrar o Museu de Arte
Sacra. Neste caso, o bem foi revitalizado e requalificado.”, ensina.
Serviço: Palestra “O Patrimônio
Histórico e Integrado da Cidade de Belém” será apresentada nesta sexta-feira,
24, a partir das 17 horas, no Espaço Criança, localizado no 3º piso do
Castanheira Shopping (BR 316, Km 01, s/n). A entrada é franca. Contato: (91)
4008-8100.