Pouco mais de um mês da determinação do
governador Helder Barbalho em abrigar pessoas em situação de rua no Estádio
Olímpico, o Mangueirão, os resultados positivos da ação emergencial têm surgido
de forma significativa. Além dos atendimentos de saúde, das atividades de
esporte e lazer, das práticas de higiene e do acolhimento oferecido, o
incentivo ao distanciamento social como medida de prevenção ao novo coronavírus
tem contribuído no despertar de habilidades artísticas entre os acolhidos.
Pintura em azulejos, desenhos à mão,
caricaturas e bonecos de saco plástico tem sido alguns dos objetos
confeccionados. A produção, que é feita de forma caseira, tem contribuído no
processo de superação e abandono do mundo das drogas.
Eleonildo Barbosa, mais conhecido como
Léo, tem 44 anos, e está abrigado no local. Para ele, o desenho e a produção de
bonecos em E.V.A ajudam a distrair e acalmar. "Eu sempre quis viver da
arte do desenho, sempre gostei de desenhar, o que sempre me impediu foi a
bebida. Esse tempo que eu tenho ficado aqui, o desenho tem me ajudado a
distrair, a ficar mais calmo. Eu vou recolhendo as tampas de quentinhas e
aproveito pra reutilizar pintando", contou.
Waldemir Ferreira sempre gostou de
pintura e de arte, mas conta que desde criança teve os seus sonhos
interrompidos. Por conta da morte do pai e da rejeição que sentia por parte da
família, acabou se frustrando e se envolvendo com as drogas.
Alguns quadros chamam atenção pelas técnicas utilizadas e já despertam, entre os acolhidos, o interesse em aprender. "Eu faço quadro em artazuca, a arte em azulejo com cartão telefônico, e pretendo ensinar pessoas aqui, conseguir mais material e repassar esse conhecimento", destacou Leandro, que já trabalha com pintura há 13 anos.
Já Vanderson Ataíde, se identifica com o
desenho, em especial a caricatura. "Até os 15 anos eu desenhava por hobby,
depois comecei a trabalhar com isso, desenhava móveis para uma marcenaria, fiz
letreiros, esculturas. Sou do município de São João da Ponta e me mudei pra cá
pra tentar algo melhor. Eu costumo desenhar em praças, fico na feira do
Ver-o-Peso, mas o que eu queria mesmo era um lugarzinho fixo para morar e
vender meus quadros", disse o desenhista enquanto produzia mais um rosto.
Em Belém, a ação de
abrigamento a pessoas em situação de rua completa dois meses dia 23 de maio.
Além do acompanhamento e das ações diárias de saúde e lazer, os acolhidos têm
recebido documentação e atendimento paro o cadastro do auxílio emergencial.