A Organização Mundial da Saúde estima
que 7 milhões de pessoas morrem anualmente por causa do tabagismo. Destas, 900
mil são vítimas de fumo passivo. Ou seja, quase 13% das vítimas do tabaco não
colocam um cigarro na boca. O Brasil tem hoje cerca de 21 milhões de fumantes,
segundo dados do Ministério de Saúde.
Quem convive com fumantes também fica exposto aos componentes tóxicos
gerados pela queima do tabaco. Essa exposição pode acarretar problemas de saúde
em adultos que não fumam, mas foram expostos por longos períodos. Crianças e
bebês são ainda mais vulneráveis ao tabagismo passivo, com risco aumentado de
desenvolver doenças respiratórias.
Agora, com a pandemia, surgiu outra
preocupação: o tabagismo também é fator de risco para a COVID-19, porque deixa
o fumante mais vulnerável para desenvolver os sintomas mais graves à infecção
causada pelo novo coronavírus.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA)
emitiu uma nota técnica de alerta sobre o risco do hábito de fumar em relação
ao COVID-19, devido ao comprometimento da capacidade pulmonar. O tabagismo
causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do
organismo. Os fumantes são acometidos com maior frequência de infecções como
sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose e, por esses motivos,
têm maior risco de infecções por vírus, bactérias e fungos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde,
os fumantes têm um risco de duas a quatro vezes maior de contrair doença
pulmonar pneumocócica invasiva. O risco de influenza é duas vezes mais alto e
mais grave em fumantes, em comparação com não fumantes. No caso da tuberculose,
fumantes têm duas vezes mais risco de contrair a infecção e quatro vezes maior
para mortalidade por essa enfermidade.
A análise das mortes por coronavírus na
China, onde a pandemia começou, mostra que os homens têm maior probabilidade de
morrer do que as mulheres, o que pode estar relacionado ao fato de que os
homens chineses fumam mais do que as mulheres.
Entre os pacientes chineses
diagnosticados com pneumonia associada ao coronavírus (Covid–19), as chances de
progressão da doença (inclusive até a morte) foram 14 vezes maiores entre as
pessoas com histórico de tabagismo, em comparação com as que não fumavam. Esse
foi o fator de risco mais forte entre os examinados.
Além disso, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) lembra que, ao levar as mãos não higienizadas à boca para fumar,
pode-se contrair o vírus.
Câncer - Parar de fumar é uma das
principais recomendações para quem quer ter uma vida mais saudável e reduzir o
risco de doenças graves. “Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca
de 30% dos cânceres podem ser evitados se adotarmos hábitos saudáveis. Evitar a
obesidade, o sedentarismo e o álcool, ter uma boa alimentação e, especialmente,
não fumar são atitudes fundamentais para viver mais e com qualidade”, explica a
oncologista clínica Paula Sampaio, do Centro de Tratamento Oncológico.
Entre os chamados cânceres evitáveis, o
de pulmão é o mais comum. Está diretamente relacionado ao consumo de tabaco,
que está na origem de 90% dos casos, alerta a médica. “As pesquisas já
comprovaram que o fumo está relacionado a pelo menos 17 tipos diferentes de
câncer. Somente o abandono do hábito de fumar aumenta a proteção contra a
doença em cerca de 50%”, lembra a médica.
Os fumantes passivos têm praticamente os
mesmos riscos de desenvolver câncer. “Para aqueles que são tabagistas ativos,
que ainda não conseguiram parar de fumar, mas estão preocupados com sua saúde e
a de sua família, é importante saber que, quando fumam, outros também fumarão,
mesmo não querendo. Isso significa que todos que estão expostos à fumaça do
cigarro se transformam em tabagistas passivos, respiram as mesmas substâncias
tóxicas dos derivados do tabaco, que se espalham no ambiente”, lembra a
oncologista.
Estudos do Instituto Nacional de Câncer
(Inca) mostram que mais de 150 mil mortes poderiam ser evitadas por ano no
Brasil, caso o uso do tabaco fosse eliminado. Segundo o INCA, até o final de
2020 serão registrados 31.270 novos casos de câncer de traqueia, brônquio e
pulmão, em decorrência do tabagismo.

