O uso da internet para quase tudo, ainda
mais em tempos de isolamento social, acabou tornando mais comuns as incidências
de crimes cibernéticos, que variam desde invasão de e-mails e redes sociais ao
roubo de contas bancárias e outras informações pessoais. O Pará foi o primeiro
estado brasileiro a ter uma Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos
(DECCC), criada em abril deste ano, uma iniciativa considerada fundamental para
combater essa prática.
"Atualmente, são muitas as
plataformas que as pessoas usam para se comunicar e manter relacionamentos,
principalmente durante a pandemia. Criminosos se aproveitam disso para buscar
essas informações e, dependendo do alcance daquele usuário, para aplicar golpes
de vantagem econômica ou para prejudicar a imagem de alguém", explica a
delegada Vanessa Lee, que dirige a DECCC.
A metodologia é basicamente a criação de
discursos relacionados à mídia utilizada, como um setor de segurança
solicitando a atualização de dados pessoais e senhas. "É nesse momento que
o criminoso age e 'sequestra' a conta. As pessoas nunca leem, mas nos contratos
de uso dessas plataformas é informado que tipo de informação aquela rede pega
de você, bem como em quase todas é possível ativar a autenticação de dois
fatores, que é quando sua senha é solicitada com alguma frequência para que
você continue naquela rede, a exemplo do Instagram ou do próprio
WhatsApp", explica a delegada.
É importante saber que todo tipo de
aplicação, incluindo brincadeiras "como seria minha aparência se eu fosse
do sexo oposto", recolhe algum tipo de informação. "Vale a pena
priorizar somente instalar aquilo que está nas lojas dos dispositivos (app
stores), porque há uma maior segurança. E sempre refletir antes: eu realmente
preciso ter esse aplicativo instalado?", orienta Vanessa Lee.
Prevenção e repressão - A Diretoria
Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos, vinculada à Polícia Civil do Pará,
tem como principal objetivo a prevenção e repressão das ações delituosas de
natureza penal, cometidas por meios tecnológicos que utilizem computadores,
redes digitais, dispositivos de comunicação ou qualquer outro sistema
informatizado para atacar as liberdades individuais, subtrair ou danificar o
patrimônio e também atentar contra os direitos dos grupos vulneráveis definidos
em lei.
Mantém estreita relação operacional com
a Diretoria de Inteligência Policial e Diretoria Estadual de Combate à
Corrupção, também pioneira no País, para monitorar as atividades delituosas,
auxiliando na identificação de perfis criminosos e das pessoas que os utilizam,
produzindo provas para embasar o inquérito policial ou qualquer outro tipo de
procedimento da polícia judiciária.
A criação da DECCC, sediada em Belém, no
bairro de Nazaré, dentro da estrutura da Delegacia-Geral, tem uma importância
fundamental nos dias atuais pela infinidade de crimes ocorridos no ambiente
virtual, seja contra a honra ou o patrimônio, em que pessoas são iludidas com
links maliciosos e cadastros para conseguir os dados, que podem ser usados para
praticar golpes e disseminar fake news.
"Era preciso uma diretoria que
desse suporte a todas essas demandas. Existe uma tecnologia específica, e
também uma atuação específica, em que nós vamos especializar os melhores para
combater esse tipo de crime que, com certeza absoluta, é o futuro em nível criminal
no País. A Polícia Civil do Pará está preparada e terá suporte tecnológico para
enfrentar os crimes virtuais. Tenho total convicção de que esta Diretoria vai
ser de suma importância para toda a sociedade. Ganha o povo do Pará, ganha o
governo do Estado e toda a segurança pública", avalia o delegado-geral da
Polícia Civil, Alberto Teixeira.