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Crédito: Divulgação |
A escola é um potente instrumento para
combater doenças infecciosas como a Covid-19. É o que defende a professora
Dinar Vasconcelos, que desenvolveu um programa voltado para alunos de uma
unidade de ensino da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em Altamira, na
região Xingu. A partir de informações sobre saúde pública, os adolescentes
podem contar com orientações disponíveis em um livro digital.
A obra, pensada inicialmente para ser
uma cartilha, traz dados sobre o novo coronavírus abordando atividade física e
prevenção, considerando a saúde única do ponto de vida humano, animal e
ambiental. Com pouco mais de 30 páginas, a publicação foi registrada na Câmara
Brasileira do Livro e está disponível para uso livre, desde que citada a fonte.
Dinar é professora de educação física na
Escola Polivalente de Altamira, que está há oito meses com as atividades
presenciais suspensas. "O objetivo foi criar uma fonte de informação
segura que pudesse orientar os alunos que estavam longe da escola, na grande
maioria, sem fazer atividade física. Sabemos que a escola faz parte da rede de
suporte social e segurança alimentar, do seu papel de formação que vai além do
ensino e é também cidadã", ponderou Dinar.
Além da educação básica, a professora
leciona no campus de Altamira da Universidade do Estado do Pará (Uepa),
instituição onde também cursa doutorado no Programa de Pós-Graduação em
Biologia Parasitária na Amazônia. O livro é um recorte da tese de Dinar e foi
produzido em colaboração com o orientador Juarez Quaresma e pesquisadores de
outras instituições do Pará e de Minas Gerais.
Saúde na Escola - A interseção entre as
áreas de educação e saúde a fizeram investigar o comportamento de doenças
crônicas e infecciosas em pessoas em idade escolar. "Percebemos que
atividade física é importante em casos de HIV, câncer, diabetes, hipertensão. E
agora estamos vivendo esse processo de doença zoonótica, o que tornou evidente
fazer este trabalho com mais afinco", comentou a doutoranda.
Geralmente, os adolescentes são um grupo
assintomático de Covid-19, mas podem ser vetores e levar a doença para casa,
compartilhando com grupos de risco. "A solução é a educação. A escola pode
ser uma ferramenta de combate à pandemia e outras doenças infecciosas, pois
também vivemos um quadro de bactérias multirresistentes", afirmou Dinar.
Para a pesquisadora, o ambiente escolar
pode ser melhor aproveitado desde que sejam pensadas estratégias
interdisciplinares que possam ser colocadas em prática sem comprometer a rotina
pedagógica. "Precisamos escutar os alunos, nos aproximar deles e
proporcionar informações para que eles possam compreender o momento vivido. O
jovem de hoje em dia está muito conectado, principalmente em redes sociais que
tem muita informação distorcida, as chamadas fake news", analisou a
professora.
A proposta foi reunir informações de
fontes seguras e atualizadas que explicam a origem, os impactos da doença e a
responsabilidade individual e coletiva no novo normal imposto pela pandemia. O
material pedagógico possui linguagem fácil e pode também ser utilizado por
outros professores como instrumento didático multidisciplinar, como nas áreas
de biologia, química e língua portuguesa, por exemplo.
Experiência - Esta é a segunda vez que a
professora Dinar Vasconcelos empreende em ações de saúde pública na educação.
Há dois anos, uma outra pesquisa levou para o ambiente escolar profissionais de
Enfermagem; Educação Física; Serviço Social; Psicologia; Nutrição; e
Odontologia.
"Montamos um esquema para atender
os alunos e manter a rotina das aulas. O resultado foi a confirmação de que é
possível fazer saúde na escola desde que tenha uma estratégia definida. Na
ocasião, identificamos casos de anorexia, bulimia, processos ansiosos. O aluno
já saía do processo para orientação nutricional e atendimento na rede básica de
saúde", comentou a professora.