De acordo com o Fundo das Nações Unidas
para a Infância (UNICEF), um em cada dez bebês nascidos vivos nasce
prematuramente, ou seja antes de completar 37 semanas de gestação. A cada ano,
são cerca de 15 milhões de prematuros no mundo.
O Brasil está entre os 10 países com o
maior número de nascimentos prematuros. Anualmente, cerca 360 mil crianças
nascem prematuramente no país, com base nos dados da Sociedade Brasileira de
Pediatria.
De acordo com a Dra. Salma Saraty,
pediatra e coordenadora da equipe médica da neonatologia no Hospital
Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan HMIB (HMIB), unidade gerenciada
pela Pró-Saúde no interior paraense, os bebês prematuros podem ser
classificados de acordo com a idade gestacional ao nascer. O hospital é
referência para gestantes de alto risco de 11 municípios da região do Baixo
Tocantins.
“Há o prematuro tardio, aquele nascido
até 36 semanas e 6 dias; o prematuro moderado, nascido entre 29 e 34 semanas; e
o prematuro extremo, com idade gestacional menor que 28 semanas”, destaca.
“Quanto ao peso de nascimento,
denomina-se os bebês com menos de 2.500g como baixo peso; os com menos de
1,5kg, muito baixo peso; e aqueles com peso menor que 1kg, extremo baixo peso”,
complementa Salma.
Principais causas e riscos para mãe e
bebê
Segundo dra. Salma, nem sempre um parto
prematuro dá sinais de que vai acontecer, mas há algumas causas que levam a
este desfecho, como por exemplo, as mulheres que já passaram por um parto
prematuro anteriormente, que estão grávidas de gêmeos ou múltiplos e com
histórico de problemas de colo do útero”, ressalta.
Ainda entre as principais causas estão,
“infecção do trato urinário, infecções uterinas e congênitas, síndrome
hipertensiva na gravidez e descolamento prematuro da placenta",
complementa a pediatra. Todas com possibilidade de detecção e cura no pré-natal.
De acordo com a profissional, a
prematuridade também se associa a estilo de vida e que podem ser previamente
controlados na mãe: hipertensão, diabetes, uso de álcool, drogas e cigarro. “O
cuidado vem antes. Por exemplo, uma paciente com diabetes mal compensado possui
dez vezes mais riscos de alterações na gestação que a diabética com quadro
estável”, compara Salma.
Para os bebês, as complicações também
são diversas, podendo ocorrer desconforto, problemas respiratórios e doenças
pulmonares. Dependendo da idade gestacional, é possível acontecer sangramento
pulmonar e/ou cerebral, infecções recorrentes por conta da baixa imunidade e
atraso no desenvolvimento neuromotor”, explica a médica.
Cuidados intensivos para os bebês
Nataliel Miranda, coordenador de enfermagem
do HMIB, ressalta que as possibilidades de sobrevida do prematuro estão
condicionadas pela idade gestacional, o peso ao nascer e pelas complicações que
o bebê prematuro apresenta. “De todos estes fatores, o mais importante é a
idade gestacional, uma vez que esta determina a maturidade dos órgãos”, pontua.
No HMIB, os pacientes prematuros são
atendidos em Unidade de Terapia Intensiva neonatal (UTIN) e de Cuidados
Intermediários (UCIN), de acordo com as suas especificidades. “A partir do
quadro clínico, iniciamos as condutas terapêuticas e o plano de cuidado,
garantindo o início da dieta precoce, com foco na prevenção de
complicações", explica o coordenador.
“Dentro do processo assistencial,
dispomos de protocolos, como o de manuseio mínimo, colostroterapia e oferta de
oxigênio alvo, de acordo com o projeto Coala, bem como, o controle térmico dos
neonatos extremos prematuros. Na UTI, esses tratamentos variam de acordo com a
necessidade de cada bebê”, complementa.
A importância do pré-natal durante a
gravidez
De acordo com a neonatologista Salma,
grande parte dos partos prematuros podem ser evitados com um acompanhamento
profissional durante a gestação, realizando todos os exames e consultas durante
o pré-natal, com acesso a uma assistência de qualidade e um acolhimento
humanizado.
“Por meio do acompanhamento, a mãe pode
ter mais segurança, pois o profissional vai entender o histórico dela,
identificar possíveis complicações, doenças, e atuar na prevenção da
prematuridade. Quanto antes o pré-natal for iniciado, melhor para a mãe e para
o desenvolvimento do bebê” afirma.
A dica da médica é simples: se preparar
com antecedência e buscar informações assim que descobrir a gravidez. “O
acompanhamento médico deve ser regular e com qualidade. Se a gestante não faz
exames laboratoriais, não vacina, não tem peso e pressão mensurados, o processo
fica comprometido”, exemplifica. Outras recomendações são evitar um estilo de
vida estressante e ganho excessivo de peso na gestação.
Com um atendimento 100% gratuito pelo
SUS (Sistema Único de Saúde), o Materno-Infantil de Barcarena já realizou mais
de 3,5 mil partos e cerca de 165 mil atendimentos em mais de dois anos de
funcionamento, entre consultas, internações, exames e cirurgias. Desde a sua
inauguração pelo Governo do Pará, a unidade é gerenciada pela Pró-Saúde, uma
das maiores instituições na gestão hospitalar do País.